LIVRO PUBLICADO

LIVRO: BIOTECNOLOGIA DE PLANTAS

OPEN ACCESS PEER-REVIEWED BOOK 

BIOTECNOLOGIA DE PLANTAS

PLANT BIOTECHNOLOGY

 2022 Editora Science / Brazil Science Publisher

SUMÁRIO

CAPÍTULO 1 Pág.1
PHYSIOLOGICAL RESPONSES INDUCED BY ENDOPLASMIC RETICULUM STRESS IN PLANTS EXPOSED TUNICAMYCIN AND DITHIOTHREITOL
RESPOSTAS FISIOLÓGICAS INDUZIDAS PELO ESTRESSE DO RETÍCULO ENDOPLASMÁTICO EM PLANTAS EXPOSTAS À TUNICAMICINA E DITIOTREITOL
DOI: https://doi.org/10.56001/22.9786500495669.01
Francisco Lucas Pacheco Cavalcante
Karollyny Roger Pereira Lima
Igor Rafael Sousa Costa
Francisco Dalton Barreto de Oliveira
Sávio Justino da Silva
Isabelle Mary Costa Pereira
Enéas Gomes Filho
Humberto Henrique de Carvalho

CAPÍTULO 2 Pág.24
ATIVIDADE ANTI-INFLAMATÓRIA E INDICAÇÃO TERAPÊUTICA DO ÓLEO DE BABAÇU (ATTALEA SP.) E ÓLEOS DE PALMEIRAS DO GÊNERO SYAGRUS SP.: UMA REVISÃO DO POTENCIAL BIOTECNOLÓGICO E CIENTÍFICO.
ANTI-INFLAMMATORY ACTIVITY AND THERAPEUTIC INDICATION OF BABASSU (ATTALEA SPECIOSA) AND OILS OF PALM TREES OF THE GENUS SYAGRUS: A REVIEW OF THE BIOTECHNOLOGICAL AND SCIENTIFIC POTENTIAL.
DOI: https://doi.org/10.56001/22.9786500495669.02
Fabiana Frazão Frazão
Ricardo Henrique Nascimento Frazão
Olga Oliveira dos Anjos
Cristina Gomes Soares da Silva
Cáritas de Jesus Silva Mendonça
Adeilton Pereira Maciel

CAPÍTULO 3 Pág.40
RESGATE E CARACTERIZAÇÃO MOLECULAR DE ACESSOS DE MILHO CRIOULO PROSPECTADOS NO SEMIÁRIDO MINEIRO
RESCUE AND MOLECULAR CHARACTERIZATION OF CREOULE CORN ACCESSORIES PROSPECTED IN THE SEMI-ARID MINEIRO
DOI: https://doi.org/10.56001/22.9786500495669.03
Ana Carolina Ataide Silveira
Matheus Henrique Teixeira
Demerson Arruda Sanglard
Luan Souza de Paula Gomes
Jefferson Joe Moreira Alves
Phelipe Souza Amorim
Flávia Échila Ribeiro Batista

CAPÍTULO 4 Pág.59
FIBRAS VEGETAIS UTILIZADAS COMO PLÁSTICOS DE BASE BIOLÓGICA PARA VEÍCULOS AUTOMOTIVOS: UMA REVISÃO
VEGETABLE FIVERS USED AS BIOLOGICALLY-BASED PLASTICS FOR AUTOMOTIVE VEHICLES: A REVIEW
DOI: https://doi.org/10.56001/22.9786500495669.04
Jomar Berton Junior
Milena do Prado Ferreira
Felipe Augusto Gorla
Sharise Beatriz Roberto Berton

CAPÍTULO 5 Pág.68
CARACTERIZAÇÃO QUÍMICA DO ÓLEO ESSENCIAL EXTRAÍDO DE CASCAS DE SCHINUS TEREBINTHIFOLIUS RADDI NO MUNICÍPIO DE PETROLINA-PE
ESSENCIAL OIL CHEMICAL CHARACTERIZATION EXTRACTED FROM THE BARK OF SCHINUS TEREBINTHIFOLIUS RADDI IN THE PETROLINA-PE COUNTY
DOI: https://doi.org/10.56001/22.9786500495669.05
Michele Sousa Travassos Torres
Rita de Cássia Rodrigues Gonçalves Gervásio
Yury Jansen Soares Siqueira Torres

CAPÍTULO 6 Pág.80
DESENVOLVIMENTO E CARACTERIZAÇÃO DE BEBIDA LIOFILIZADA A BASE DE SEMENTES DE GIRASSOL
DEVELOPMENT AND CHARACTERIZATION OF FREEZE-DRIED BEVERAGE BASED SUNFLOWER SEEDS
DOI: https://doi.org/10.56001/22.9786500495669.06
Veridiana de Almeida Flores de Oliveira
Caroline Wolf Trentini Schipfer
Elienae da Silva Gomes
Fernanda Francielle de Castro
Tayane Siqueira Garcia Alves
Natallya Marques da Silva
Carmen Torres Guedes
Amanda Tatiane Correa pereira dos santos
Naeli Cristina Lavareno
Ketlyn Duarte Costa

CAPÍTULO 7 Pág.94
OMISSÃO DE MACRONUTRIENTES SECUNDÁRIOS EM PLANTAS DE SORGO
OMISSION OF SECONDARY MACRONUTRIENTS IN SORGHUM PLANTS
DOI: https://doi.org/10.56001/22.9786500495669.07
Sandra Morais dos Reis
Stella Cristiani Gonçalves Matoso
Evellyn Danyla Guilherme Barbosa
Rafael Horbuch Neto

CAPÍTULO 8 Pág.104
SEMENTES SINTÉTICAS: CULTIVANDO O FUTURO COM BIOTECNOLOGIA
SYNTHETIC SEEDS: CULTIVATING THE FUTURE WITH BIOTECHNOLOGY
DOI: https://doi.org/10.56001/22.9786500495669.08
Jordana Caroline Nagel

CAPÍTULO 9 Pág.119
TRAJETÓRIA DOS MARCADORES MOLECULARES APLICADOS AO MELHORAMENTO VEGETAL: MODALIDADES E PERSPECTIVAS
TRAJECTORY OF MOLECULAR MARKERS APPLIED TO PLANT IMPROVEMENT: TYPES AND PERSPECTIVES
DOI: https://doi.org/10.56001/22.9786500495669.09
Demerson Arruda Sanglard
Ana Carolina Ataíde Silveira
Leandro Silva de Oliveira
Claudinéia Ferreira Nunes
Flávia Echila Ribeiro Batista
Maria Betânia Fonseca
Leonardo Máximo da Silva
Ariane da Silva Nogueira
Andressa Layane Ferreira Linhares
Carlos Juliano Brant Albuquerque

CAPÍTULO 10 Pág.140
PARÂMETROS GENÉTICOS E PREDIÇÃO DE VALORES GENOTÍPICOS DE LINHAGENS DE ARROZ IRRIGADO EM CAMPOS DOS GOYTACAZES
GENETIC PARAMETERS AND PREDICTION OF GENOTYPIC VALUES OF IRRIGATED RICE IMBRED LINES IN CAMPOS DOS GOYTACAZES
DOI: https://doi.org/10.56001/22.9786500495669.10
Maxwel Rodrigues Nascimento
Rogério Figueiredo Daher
Ana Kesia Faria Vidal
Josefa Grasiela Silva Santana
Moisés Ambrósio
Rafael Souza Freitas
André Filipe Diniz de Souza
Genival Ferreira dos Santos Junior
Josilene Vargas Xavier
Silvino Amorim Neto

CAPÍTULO 11 Pág.156
PERFORMANCE GENOTÍPICA DE LINHAGENS DE ARROZ IRRIGADO EM CAMPOS DOS GOYTACAZES VIA MODELOS MISTOS
GENOTYPIC PERFORMANCE OF IRRIGATED RICE IMBRED LINES IN CAMPOS DOS GOYTACAZES VIA MIXED MODELS
DOI: https://doi.org/10.56001/22.9786500495669.11
Maxwel Rodrigues Nascimento
Rogério Figueiredo Daher
Josefa Grasiela Silva Santana
Moisés Ambrósio
Ana Kesia Faria Vidal
Rafael Souza Freitas
Genival Ferreira dos Santos Junior
André Filipe Diniz de Souza
Josilene Vargas Xavier
Silvino Amorim Neto

CAPÍTULO 12 Pág.172
APLICAÇÃO DE MICROALGAS E LEVEDURAS COMO BIOSSORVENTES DE CROMO HEXAVALENTE E CORANTES DE SOLUÇÕES MONOCOMPONENTES
APPLICATION OF MICROALGAE AND YEAST AS BIOSORBENTS OF HEXAVALENT CHROMIUM AND DYES OF MONOCOMPONENT SOLUTIONS
DOI: https://doi.org/10.56001/22.9786500495669.12
Luiza de Oliveira Figueiredo
Victor Mateus Juchem Salerno
Allan Valcareggi Morcelli

CAPÍTULO 13 Pág.189
USO DO EXTRATO DA PSIDIUM GUAJAVA L. (LINEU) COMO ALTERNATIVA AOS ANTIBIÓTICOS TRADICIONAIS
USE OF PSIDIUM GUAJAVA L. (LINEU) EXTRACT AS AN ALTERNATIVE TO TRADITIONAL ANTIBIOTICS
DOI: https://doi.org/10.56001/22.9786500495669.13
Fábio Dantas Oliveira
Silvânia Narielly Araújo Lima
Carliane Rebeca Coelho da Silva
Igor Luiz Vieira de Lima Santos

CAPÍTULO 14 Pág.215
PUBLIQUE COM A SCIENCE EM FLUXO CONTÍNUO
PUBLISH WITH SCIENCE IN CONTINUOUS FLOW
DOI: https://doi.org/10.56001/22.9786500495669.14
AUTORES
AUTORES
AUTORES

SOBRE OS ORGANIZADORES DO LIVRO DADOS CNPQ: Pág.217

PREFÁCIO À 1ª EDIÇÃO

 

De acordo com a ONU (1992) biotecnologia é qualquer aplicação tecnológica que utilize sistemas biológicos, organismos vivos, ou seus derivados, para fabricar ou modificar produtos ou processos para utilização específica.

Nesse contexto, as plantas são utilizadas há séculos para fins medicinais, e atualmente apresentam-se como fontes potenciais de moléculas que exibem atividades biológicas interessantes.

Essas moléculas estão sendo analisadas para fins biotecnológicos em várias áreas de estudo e vêm apresentando resultados satisfatórios principalmente para as indústrias farmacêutica e alimentícia.

Este livro objetiva reunir pesquisas científicas que avaliaram atividades biotecnológicas de moléculas extraídas de plantas. Serão aceitas pesquisas experimentais e revisões que tratem da temática.

HOW CITE THIS BOOK:

NLM Citation

Santos ILVL, Andrade FM, Silva CRC, editor. Biotecnologia de Plantas. 1st ed. Campina Grande (PB): Editora Science; 2022.

APA Citation

Santos, I. L. V. L.; Andrade, F. M. & Silva, C. R. C. (Eds.). (2022). Biotecnologia de Plantas (1st ed.). Editora Science.

ABNT Brazilian Citation NBR 6023:2018

SANTOS, I. L. V. L.; ANDRADE, F. M.; SILVA, C. R. C. Biotecnologia de Plantas. 1. ed. Campina Grande: Editora Science, 2022.

WHERE ACCESS THIS BOOK:

https://editorascience.com.br/livros/

Prof. Dr. Igor Luiz Vieira de Lima Santos

Profa. Dra. Fernanda Miguel de Andrade

Pós-Dra. Carliane Rebeca Coelho da Silva

CBL: Câmara Brasileira do Livro

ISBN: 978-65-00-49566-9

CROSSREF

DOI: https://doi.org/10.56001/22.9786500495669

CAPÍTULOS PUBLICADOS

CAPÍTULO 1

PHYSIOLOGICAL RESPONSES INDUCED BY ENDOPLASMIC RETICULUM STRESS IN PLANTS EXPOSED TUNICAMYCIN AND DITHIOTHREITOL

RESPOSTAS FISIOLÓGICAS INDUZIDAS PELO ESTRESSE DO RETÍCULO ENDOPLASMÁTICO EM PLANTAS EXPOSTAS À TUNICAMICINA E DITIOTREITOL

DOI: https://doi.org/10.56001/22.9786500495669.01

Submetido em: 21/07/2022

Revisado em: 12/08/2022

Publicado em: 23/08/2022

Francisco Lucas Pacheco Cavalcante

Universidade Federal do Ceará, Departamento de Bioquímica e Biologia Molecular

Fortaleza-CE

http://lattes.cnpq.br/2451083922584036

Karollyny Roger Pereira Lima

Universidade Federal do Ceará, Departamento de Bioquímica e Biologia Molecular

Fortaleza-CE

http://lattes.cnpq.br/9941973574791470

Igor Rafael Sousa Costa

Universidade Federal do Ceará, Departamento de Bioquímica e Biologia Molecular

Fortaleza-CE

http://lattes.cnpq.br/8318254403467249

Francisco Dalton Barreto de Oliveira

Universidade Federal do Ceará, Departamento de Bioquímica e Biologia Molecular

Fortaleza-CE

http://lattes.cnpq.br/9202185779475453

Sávio Justino da Silva

Universidade Federal do Ceará, Departamento de Bioquímica e Biologia Molecular

Fortaleza-CE

http://lattes.cnpq.br/5167039290853323

Isabelle Mary Costa Pereira

Universidade Federal do Ceará, Departamento de Bioquímica e Biologia Molecular

Fortaleza-CE

http://lattes.cnpq.br/4165227605454388

Enéas Gomes Filho

Universidade Federal do Ceará, Departamento de Bioquímica e Biologia Molecular

Fortaleza-CE

http://lattes.cnpq.br/3716378739140249

Humberto Henrique de Carvalho

Universidade Federal do Ceará, Departamento de Bioquímica e Biologia Molecular

Fortaleza-CE

http://lattes.cnpq.br/4403320449355006

 

Abstract

Endoplasmic reticulum (ER) stress is characterized by an accumulation of unfolded proteins induced by several adverse conditions, such as drought, salinity, and pathogens. Both tunicamycin (TM) and dithiothreitol (DTT) are applied to study the ER stress in plants. Although there is not a consensus of the concentration and chemicals used as well as physiological markers, it triggers the unfolded protein response (UPR) composed by sensors into the ER membrane, which start a signaling process to restore homeostasis or induce cell death. In this way, this review includes the advances in the knowledge of ER response induced by TM and DTT treatments, especially their downstream physiological effects. From low TM (≤ 0.5 µg ml-1) and DTT (0.5 to 1.0 mM) concentrations, the chlorophyll loss is linked to reactive oxygen species (ROS), and SA and JA signaling that result in growth impairment associated with UPR genes unbalance. Above 0.5 μg.ml-1 of TM or 1.0 mM DTT, a ROS cytoprotective role is crucial to stress acclimation or cell death. From 1.0 to 10 μg.ml-1 TM or 2.0 to 10 mM DTT, necrotic lesions are linked to electrolyte leakage, and fatty acid oxidation, which was more aggravated/intense at high concentration (50 and 200 μg.ml-1). Overall, this work associates crescent concentrations of two ER stressors and its downstream physiological responses, which helps to elucidate possible mechanisms to adjust to environmental stresses starting the mechanisms of adaptation to survival or death.

Keywords: homeostasis, molecular chaperones, plant ER-stress, plant unfolding protein response.

Resumo

O estresse do retículo endoplasmático (RE) é caracterizado pelo acúmulo de proteínas mal dobradas induzidas por fatores abióticos e bióticos. Tanto a tunicamicina (TM) quanto o ditiotreitol (DTT) são aplicados para estudar o estresse do RE em plantas. Embora não haja um consenso sobre a concentração e as substâncias químicas utilizadas, bem como os marcadores fisiológicos, ela desencadeia a Unfolded Protein Response (UPR) que inicia um processo de sinalização para restaurar a homeostase ou induzir a morte celular. Esta revisão inclui os avanços no conhecimento da resposta do RE induzida pelos tratamentos de TM e DTT, especialmente seus efeitos fisiológicos a jusante. Em baixas concentrações de TM (≤ 0,5 µg ml-1) e DTT (0,5 a 1,0 mM), a perda de clorofila está ligada a espécies reativas de oxigênio (ROS) e sinalização de AS e AJ que resultam em déficit de crescimento associado ao desequilíbrio dos genes UPR. Acima de 0,5 μg.ml-1 de TM ou 1,0 mM de DTT, um papel citoprotetor de ROS é crucial para a aclimatação ao estresse ou morte celular. De 1,0 a 10 μg.ml-1 TM ou 2,0 a 10 mM DTT, as lesões necróticas estão ligadas ao extravasamento de eletrólitos e peroxidação lipídica, sendo mais intensa em alta concentração (50 e 200 μg.ml-1). No geral, este trabalho associa concentrações crescentes de dois estressores do RE e suas respostas fisiológicas a jusante, o que ajuda a elucidar possíveis mecanismos de ajuste aos estresses ambientais iniciando os mecanismos de adaptação à sobrevivência ou morte.

Palavras-chave: homeostase, chaperonas moleculares, estresse do ER em plantas, Unfolded Protein Response de plantas.

 

Introduction

The endoplasmic reticulum (ER) is composed of a dynamic phospholipid bilayer membrane through a cytoplasm journey. It connects two morphologically distinct domains, the nuclear envelope and peripheral ER, to the plasma membrane, which amplifies the endomembrane system (VOELTZ; PRINZ, 2007; WESTRATE et al., 2015). Inside the plant cell, ER resembles a highly polygonal three-dimensional network, organized by interconnected sheets and tubules that regulate alterations in its dynamics (PAIN; KRIECHBAUMER, 2020). ER is well-known as the most extensive cellular organelle that forms the first compartment in the secretory pathway, and its biological significance has been updated over the last decades, from the advances of electron microscopy to multi-dimension fluorescence microscopy images and quantitative measurements of dynamics by computational software (PAIN; KRIECHBAUMER, 2020; SCHULDINER; SCHWAPPACH, 2013; WESTRATE et al., 2015).

The ER has been showing to play multiple roles in eukaryotic cells growth and differentiation, including calcium storage regulation, synthesis of steroid and lipid, control of folding, processing, assembly, and transport of nascent peptides to their target locations (BANERJEE et al., 2007; KWIATEK; HAN; CARMAN, 2020; SCHÄFFER et al., 2020). Remarkably, it mediates organellar architecture, retrograde and anterograde communication by the assembling and trafficking of molecules through the Golgi apparatus, lytic vacuole, and plasma membrane (RAOTE; MALHOTRA, 2021; STEFANO; HAWES; BRANDIZZI, 2014). If the effects caused by the stresses are not solved, plants will have reduced growth and development (BURKE et al., 2020; TUTEJA et al., 2011). ER also works in stress responses integrating those signals generated by both extracellular biotic and abiotic stimuli in plants. It requires a complex crosstalk among secondary metabolites, reactive oxygen species, soluble sugars, and phytohormones, including auxin, ethylene, abscisic acid, jasmonic, and salicylic acid (DEPAEPE et al., 2021; PARK; PARK, 2019; ZHANG et al., 2017).

Moreover, several external factors can disturb the ER homeostasis favoring the accumulation of misfolded or unfolded proteins, a natural state known as ER stress (PARK; PARK, 2019). Then, it triggers a cytoprotective pathway called unfolded protein response (UPR) composed of sensors into the ER membrane, which starts an intracellular signaling process to restore homeostasis (VERCHOT; PAJEROWSKA-MUKHTAR, 2021; ZHANG et al., 2017). UPR helps to repair the protein folding capacity. It acts enhancing the levels of a large number of molecular chaperones and reducing the protein load by intensifying ER-associated protein degradation (ERAD) by a ubiquitination complex in a proteasome‐dependent manner to keep the ER quality control (ZANG et al., 2020). Conversely, if the stresses are prolonged or severe, the accumulation and aggregation of unfolded proteins might lead to oxidative stress, autophagy, and programmed death of the plant cell in a dependent UPR mechanism (HU et al., 2020; WILLIAMS; VERCHOT; DICKMAN, 2014), although the other physiological responses of ER stress and UPR leading to survival or death are barely described and remain to be explored.

Under experimental conditions, some chemical agents have been applied to the growth media or sprayed in shoots and leaves in different dosages to study the molecular effects of ER stress (ANGELOS; BRANDIZZI, 2018). These agents interfere with post-translational protein modifications and promote the disturbance of ER homeostasis, resulting in the activation of the UPR pathway and physiological responses in Arabidopsis (NAWKAR et al., 2018; RUBERTI; LAI; BRANDIZZI, 2018) and other species such as corn, tobacco, tomato, and soybean (REIS et al., 2011; SRIVASTAVA et al., 2018). For instance, dithiothreitol (DTT) blocks the formation of disulfide bonds, tunicamycin (TM) inhibits the N-glycosylation, and azetidine-2-carboxylic acid (AZC) interferes in the formation of native protein structure. Conversely, tauroursodeoxycholic acid (TUDCA) prevents protein aggregation promoting the inactivation of UPR (YU et al., 2019).

Thus, the broad extension and gene diversity related to ER stresses are mostly revealed by the transcriptome profiling of plants under abiotic, biotic, and TM and DTT chemical agents. Although plant cells integrate their responses to ER functioning as adaptative and survival mechanisms, there is not a consensus of the concentration and chemicals used as well as physiological markers to evaluate. Further, it is common to evaluate the use of chemical agents in plants but not common to describe it. In this way, this current review includes the recent advances concerning the knowledge of ER response induced by crescent concentrations of TM and DTT treatments, and especially metabolic and physiologic responses and their molecular mechanisms involving in the increasing of the ER stress in plants. We believe that the gathered data may help raise new insights into the plant UPR adjustments between survival and death in front of ER stress.

Endoplasmic reticulum stress response in Arabidopsis.

UPR is well established multiple signaling process in mammalian cells. The universal response is a highly conserved mechanism in eukaryotes, which protects against the harmful cytotoxic effects of misfolded and unfolded proteins accumulation in ER. First, the cell initiates an adaptative state to survive, then a cell death process starts, although this transition is not thoroughly explored (SRIVASTAVA et al., 2018). The key components of UPR are composed of three conserved sensors embedded within the ER membrane: IRE1 (inositol requiring enzyme 1), ATF6 (activating transcription factor 6), and PERK (protein kinase RNA-like endoplasmic reticulum kinase), which regulate hundreds of genes expression (FUN; THIBAULT, 2020).

Even though in a conserved UPR, there are some variations across species. In plants, there is not analogous PERK activity reported but similar branches have been described in Arabidopsis: the first one is similar to ATF6, and it involves the proteolytic cleavage and release of the transcription factors bZIP17/28 (basic leucine zipper 17/28) located in the ER membrane. Likely IRE1 pathway of yeast and mammals, the second arm works via IRE1 sensors, which catalyze the alternative splicing of the transcription factor bZIP60 to positively regulate UPR related genes, especially ER-resident chaperones to increase protein folding, and promotes selective degradation of cytosolic mRNAs in a regulated IRE1-dependent decay (RIDD) to reduce the translation of new proteins (ANGELOS; BRANDIZZI, 2018; HOWELL, 2013; WANG et al., 2019). Additionally, biotic stresses induce the GCN2 kinase (General Control Non-repressible 2) pathway. It promotes the phosphorylation of the orthologue eukaryotic translation initiation factor 2a (elF2a) that acts in ABA response and activation of ER genes, similarly to yeast and mammalian models indicating a functional arm of the UPR pathway (LI et al., 2018; LIU et al., 2015; VERCHOT; PAJEROWSKA-MUKHTAR, 2021).  Moreover, there are diverse influences of UPR in Arabidopsis during vegetative and root development, maturing, germinating pollen, fertility, and thermotolerance (BAO; BASSHAM; HOWELL, 2019; FRAGKOSTEFANAKIS et al., 2016; KIM; YAMAGUCHI-SHINOZAKI; SHINOZAKI, 2018; WIESE et al., 2021).

Under unstressed conditions, transmembrane IRE1 and bZIP28 are linked to the luminal binding protein (BiP) by their N-terminal domains into ER to remain in their inactive forms, while the interacting proteins that retain bZIP17 inactive in the membrane are unknown (PASTOR-CANTIZANO et al., 2020). Once the accumulation of misfolded proteins in the ER lumen occurs due to stresses, the interaction between transmembrane each sensor bZIP28 and BiP is broken. Then, the UPR pathway is activated, the bZIP28 is transported by coat protein complex II (COPII) from ER to the Golgi apparatus (MARTI et al., 2010), and subsequently cleaved by regulated intramembrane proteolysis (RIP), which acts mediated by proteases not yet identified in the C-terminal region inside Golgi, and the site-2-protease (S2P) at its cytosolic end (IWATA et al., 2017; SUN et al., 2013). Although three isoforms, IRE1a, IRE1b, and IRE1c, have been described in Arabidopsis, after the release of BiP, only IRE1a and IRE1b proteins can form oligomers that autophosphorylate each other and catalyze the unconventional cutting of the bZIP60 mRNA in the cytosol (NAWKAR et al., 2018; OZGUR et al., 2015; PU et al., 2019). Both bZIP28 and spliced bZIP60 mRNA’s translate into a functional transcription factor that is transferred to the nucleus (ALCÂNTARA et al., 2020; BEAUGELIN et al., 2020; HAYASHI et al., 2012). These transcription factors bind to specific ER stress elements I (ERSE-I) and unfolded protein response element I (UPRE-I) in the promoter regions of several genes to induce the positive regulation of responsive genes (HOWELL, 2013; LIU; HOWELL, 2010). For instance, those ER-responsive genes are specially chaperones, such as BiPs, calnexin, calreticulin, disulfide protein isomerase (PDI), and other Arabidopsis genes that have cis-regulatory elements which bind bZIP28 and bZIP60 with the assistance of nuclear factors Y (NF-Y) subunits to assemble and initiate the transcription complex (LIU; HOWELL, 2010; SUN et al., 2013). Overall, it will work as a support for the correct folding of these proteins in order to restore temporary and chronic ER stress (BEAUGELIN et al., 2020). ERdj3B is another UPR biomarker gene influenced by bZIP28 and bZIP60 (just like BiP) that can act as a chaperone for the protein folding processor.  Moreover, the diversification of downstream pathways overlapped by UPR signaling amplifies the spectrum of other physiological responses that plants can use it as a strategy to survive (RUBERTI; LAI; BRANDIZZI, 2018). Indeed, a functional UPR is required to support a regular vegetative development including bZIP17 (BAO; BASSHAM; HOWELL, 2019; DENG; SRIVASTAVA; HOWELL, 2013). Although the downstream mechanism of bZIP17 was not detailed, it was cleaved similarly bZIP28 by the S1P under salt stress, inducing salt-stressed responsive genes (LIU et al., 2007), as well as it was related to root elongation (KIM; YAMAGUCHI-SHINOZAKI; SHINOZAKI, 2018).

Thus, the UPR can be considered as a bifunctional route, since in situations of temporary stress, it is able to regulate these adaptive responses, as described before, to restore ER homeostasis. However, in conditions of chronic or severe stress, the UPR is not capable of dealing with the unfavorable situations. Due to the loss of IRE1 function or the simultaneous exclusion of bZIP28 and bZIP60 transcription factors, programmed cell death (PCD) is induced (BEAUGELIN et al., 2020; RUBERTI; LAI; BRANDIZZI, 2018). Indeed, bZIP28 and bZIP60 generate pro-survival signals, but pro-death signals are also generated. For instance, the membrane transcription factor ANAC089 is control by these sensors and activated by severe ER stress inducing programmed cell death (YANG et al., 2014). In plants, to understand the performance of UPR promoting survival or cell death under either temporary or chronic ER stress both TM and DTT are employed, even though go beyond transcriptional modulation is a challenge. Arabidopsis thaliana was widely the most used study model, but a few reports involving other species as Zea mays and Glycine max have also cleared up exciting aspects and it brings up new insights into crop breeding by improving ER folding capacity.

Physiological responses induced by tunicamycin in plants

Tunicamycin (TM) is a well-known antibiotic synthesized from Streptomyces lysosuperificus (SCHÖNTHAL, 2012). It has been widely used in several biotic and abiotic studies, including animals and plants, to trigger ER stress by inhibiting N-acetylglucosamine phosphotransferases, thus avoiding the N-glycosylation of the newly synthesized proteins in the ER lumen (HIRATA et al., 2019; REN et al., 2018; RUBERTI; BRANDIZZI, 2018). In this section, we gather some of the main downstream physiological effects described in previous reports using different concentrations of tunicamycin as an ER stress inducer in plants (Table 1).

 

 

Table 1: Main physiological responses induced by crescent concentrations of Tunicamycin as an endoplasmic reticulum stressor in plants.

Main physiological responses

Dose (μg.ml-1)

Specie

Reference

Decreasing of seedling and shoot growth

0.025

Arabidopsis thaliana

(HIRATA et al., 2019)

 

0.04

 

(LAI et al., 2018)

Impairment leaves development

0.02, 0.04 and 0.06

Arabidopsis thaliana

(SUN et al., 2013)

 

0.02, 0.04, 0.06, and 0.08

 

(YANG et al., 2014)

Chlorophyll loss

0.02, 0.04, 0.06, and 0.08

Arabidopsis thaliana

(YANG et al., 2014)

 

0.05, 0.1, and 0.25

 

(ANGELOS; BRANDIZZI, 2018)

 

0.3

 

(UZILDAY et al., 2018)

 

2.5

Glycine max

(REIS et al., 2011)

 

3.0, 5.0 and 10

Arabidopsis thaliana

(CHAKRABORTY et al., 2017)

Inhibition of root growth

0.01, 0.02 and 0.03

Arabidopsis thaliana

(NAWKAR et al., 2017)

 

0.02 and 0.04

 

(LAI et al., 2018)

 

0.3

 

(HONG et al., 2019)

 

0.02, 0.04 and 0.06

 

(SUN et al., 2013)

 

0.5

 

(RUBERTI; LAI; BRANDIZZI, 2018)

Decrease seedlings fresh weight

0.01, 0.02 and 0.03

Arabidopsis thaliana

(NAWKAR et al., 2017)

 

0.05

 

(NGUYEN; NAKAMURA; KANEHARA, 2019)

Decrease shoot fresh weight

0.5

 

(RUBERTI; LAI; BRANDIZZI, 2018)

Cell death

0.2

Nicotiana tabacum

(XU et al., 2013)

 

0.5

Zea mays

(SRIVASTAVA et al., 2018)

 

2.0

Nicotiana tabacum

(IWATA; KOIZUMI, 2005)

 

2.5

Glycine max

(REIS et al., 2011)

 

5.0

Arabidopsis thaliana

(YANG et al., 2014)

 

50 and 200

Acer pseudoplatanus

(MALERBA; CERANA; CROSTI, 2004)

Accumulation of PR1

1.0

Arabidopsis thaliana

(CHAKRABORTY et al., 2017)

ROS induction: H2O2 and O2.–

0.5

Arabidopsis thaliana

(OZGUR et al., 2015)

 

1.0

 

(ANGELOS; BRANDIZZI, 2018)

Fatty acid oxidation

10

Arabidopsis thaliana

(BEAUGELIN et al., 2020)

Increase ion leakage

0.01, 0.02 and 0.03

Arabidopsis thaliana

(NAWKAR et al., 2017)

 

0.15

 

(UZILDAY et al., 2018)

Increasing of electrolyte releasing from dead cells

10

 

(CHAKRABORTY et al., 2017)

Callose deposition

20

Arabidopsis thaliana

(CHAKRABORTY et al., 2017)

Antioxidante system induction

0.15, 0.3 and 0.45

Arabidopsis thaliana

(UZILDAY et al., 2018)

Senescence induction

2.5

Glycine max

(REIS et al., 2011)

Necrotic lesions

2.5

Glycine max

(REIS et al., 2011)

 

10

Lycopersicon esculentum

(ZHAO et al., 2007)

Cleavage of nuclear DNA

2.5

Glycine max

(REIS et al., 2011)

 

50 and 200

Acer pseudoplatanus

(MALERBA; CERANA; CROSTI, 2004)

Membrane lipid polyunsaturation

5.0

Arabidopsis thaliana

(NGUYEN; NAKAMURA; KANEHARA, 2019)

Phototolerance

1.0

Arabidopsis thaliana

(BEAUGELIN et al., 2020)

Font: Authors, 2022.

Low TM concentrations in the growth medium (0.02, 0.04, and 0.06 μg.ml-1), already induce ER stress in plant tissues by promoting the movement of bZIP28 to Golgi and its proteolysis. It displayed some physiological responses such as a progressive reduction of germination rate, aerial parts, root growth accompanied by an increase of concentration or after ten days of treatment, or became worse in the bzip28bzip60 loss of function (SUN et al., 2013). Certainly, seedling size decreasing occurred after ten or twelve days of growth in the MS medium (HIRATA et al., 2019). After 12 days, these TM concentrations decreased the emergence rate of leaves and total chlorophyll content. However, Knock-down NAC089 RNAi plants promoted ER stress tolerance reversing these phenotypes (YANG et al., 2014). Even mediums supplemented with lower concentrations of TM (0.01, 0.02, and 0.03 μg.ml-1) or more exposure (14 days) promoted a decrease in seedlings’ weight that became more intensified by light treatment. It suggests significant crosstalk between ER and light signal, mediated by ELONGATED HYPOCOTYL 5 (HY5) proteins, which negatively regulates UPR genes, impairing protein folding capacity. Thus, the low light intensity may regulate the abundance of HY5 and alleviate ER stress keeping seedling growth (NAWKAR et al., 2017). Then, slight increases of TM (0.05, 0.1, and 0.25 μg.ml-1) in the medium promoted significant reductions of chlorophyll content and increases in electrolyte leakage. However, H2O2 increases linked the reactive oxygen species (ROS) signaling during UPR as a dual mechanism to survive or leading to cell death under short- and long-term ER stress, respectively (ANGELOS; BRANDIZZI, 2018). Further, 0.5 μg.ml-1 of TM applied in growth medium for eight hours highlighted these physiological responses previously described, including shoot degreening, shoot fresh weight decreasing, and root growth inhibition. Interestingly, the common adaptive ER stress pathways into the regulation of target genes BiP3 and ERdj3B expression were induced by bZIP28, and bZIP60 in a tissue-specific independence associated with the upregulation of Bax Inhibitor 1 (BI-1) by IRE1/bZIP60 to promote the recovering from these conditions (RUBERTI; LAI; BRANDIZZI, 2018). Under the same TM concentration in a time course evaluation running to adaptation, ER marker genes CRT2, BiP2, CNX, PDI, BI-1, and the UPR sensors bZIP60 and sliced bZIP60 were progressively induced in Zea mays seedlings immersed in the solution. Conversely, several peroxidases genes had their expression decreased from the very first TM contact by a RIDD activity of ZmIRE1. Over time, it results in root epidermal cell death evaluated by vital dye Evans blue staining and autophagy assessed by ATG8 lipidation (SRIVASTAVA et al., 2018).

The relationship among ER and other organelles is another subject barely explored. As discussed earlier, it may start by the oxidative stress involving the ER luminal oxidoreductase 1 (ERO1) enzymes in the ROS generation, and low concentrations of ROS originated from chloroplast and mitochondria to induce UPR (ANGELOS; BRANDIZZI, 2018; OZGUR et al., 2015). It may be regulated by salicylic acid (SA) via BI-1 proteins in the ER membrane. Once the role of SA in adaptation or cell death may depend on its high or low levels (KOVÁCS et al., 2016; POÓR et al., 2019), it still needs to be explored. Indeed, ROS production induced by ER stress is also related to the activity of NADPH Oxidase, an enzyme complex that plays a role in the SA signaling and survival of plants under stress (SUMIMOTO, 2008). On this hand, seedlings transferred to medium supplemented with 1.0 μg.ml-1 of TM induced two Arabidopsis respiratory burst oxidase homologs (RBOHD and RBOHF). It supports a fundamental cytoprotective role for ROS in the defense against proteotoxic effects of temporary or chronic stress (ANGELOS; BRANDIZZI, 2018). Another example of crosstalk involves the singlet oxygen (1O2) generated in the chloroplast by an excess of light energy, as a product of photosynthesis. It triggers at least two signaling pathways leading to stress acclimation or cell death at low and high concentrations, respectively (MIGNOLET-SPRUYT et al., 2016). Recently it has been shown that 1O2 signaling pathway involves ER-mediated UPR, since moderate UPR induction by 1.0 μg.ml-1 of TM sprayed in the leaves promoted 1O2 acclimation in Arabidopsis, which exhibited phototolerance and selective induction of BiP3 gene upregulating the bZIP28-dependent branch compared with the bZIP60/IRE1 branch. By contrast, the intense UPR activation (induced by 10 μg.ml-1) was associated with high light-induced cell death (BEAUGELIN et al., 2020). In fact, ER stress is accentuated in high light conditions mediated by HY5 proteins (NAWKAR et al., 2017) as described above.

The most pronounced physiological injuries are perceived in essays that used higher concentrations of TM, including 2.0, 2.5, 5.0, and 10 μg.ml-1 in the hydroponic or solid medium. As TM increases, the cleavage of nuclear DNA starts, consequently the induction of necrotic lesions, cell death, and senescence processes became visible in leaves and cotyledons of Glycine max, Arabidopsis thaliana, and Lycopersicon esculentum (REIS et al., 2011; YANG et al., 2014; ZHAO et al., 2007). As well as cultured Nicotiana tabacum cells (IWATA; KOIZUMI, 2005), even ER stress–cell death signaling pathway in BY-2 tobacco cells is detected yet at 0.2 μg.ml-1 (XU et al., 2013). Furthermore, in seedlings of Zea mays under persistent ER, UPR acts from 0.5 μg.ml-1 in the transition from activities that confer adaptation inducing the expression of survival genes, such as ZmIRE1, BI-1 and Bcl-2 associated anthanogene7 (BAG7) to those that promote cell death by a cysteine protease (SRIVASTAVA et al., 2018). Additionally, 5.0 μg.ml-1 of TM in the liquid medium severely interferes with the lipid unsaturation rate of endoplasmic reticulum and plastid membranes. Interestingly, the conversion of monounsaturated fatty acids to polyunsaturated fatty acids by FATTY ACID DESATURASE 2 (FAD2) -mediated lipid unsaturation, leading to the inference that this may be an important factor that is involved in the stress tolerance of ER in Arabidopsis overexpressing FAD2 (NGUYEN; NAKAMURA; KANEHARA, 2019). Indeed, the increasing electrolyte leaking from damaged cells of leaves infiltrated with TM (CHAKRABORTY et al., 2017) and fatty acid oxidation processes in leaves sprayed with 10μg.ml-1 (BEAUGELIN et al., 2020) may be associated with the appearance of PCD in plants. It brings up new insights into lipid polyunsaturation as an alternative strategy for molecular breeding following stress tolerance. Conversely, extremely high concentrations (50 and 200 μg.ml-1) also induced such harmful effects. It linked mitochondria by H2O2 overproduction and the leakage of cytochrome c to changes at the ER level, such as accumulation of BiP and modifications in the organelle architecture, in which the collective metabolic and physiological responses resulted in programmed cell death (MALERBA; CERANA; CROSTI, 2004).

Crescent concentrations of tunicamycin (1.0, 3.0, 5.0, and 10 μg.ml-1) also assessed a relationship between ER stress and plant immunity showing that a functional UPR machinery is necessary for host defenses. For instance, IRE1 induced plant immunity against virulent, and avirulent bacterial and fungal pathogens (CHAKRABORTY et al., 2020; SAMPERNA et al., 2021). Plants infiltered with TM solution lead to the accumulation of PR1 (PATHOGENESIS-RELATED PROTEIN 1) followed by callose in leaves, which are markers for PAMP-triggered immunity (PTI) activation, independent of FLS2-mediated PTI. However, under 3.0, 5.0 and 10 μg.ml-1 TM, plant leaves displayed a yellow color and a variation in texture at days 3 and 4 resulting in cell death (CHAKRABORTY et al., 2017). The suppressive effect of ER stress was also responsible to increase bacterial growth in Arabidopsis (5.0 μg.ml-1). Thus, ER quality control (ERQC) is an essential component of plant immune system, thus, a chronic disturbance in this process is one of the causes for pathogens to achieve host cell infection (KOENIG; PLOEGH, 2014).  Indeed, it has been suggested that exogenous salicylic acid (SA) promotes changes in the composition of ER membrane phospholipids and induces UPR in plants, including its bZIP28 and bZIP60 and pathogens gene markers (NAGASHIMA et al., 2014) acting in signaling and oxidative stress, as discussed before (POÓR et al., 2019). Moreover, jasmonic acid (JA), which also plays a crucial role in the plant-pathogen interactions was recently involved in ER stress (5.0 μg.ml-1) and UPR signaling in tomato plants inducing SlBiP, SlbZIP60, and SlBI1. Whereas nitric oxide failed to induce UPR. Moreover, there are evidences indicating the potential of JA to regulate H2O2 content, proteasomal activity, and lipid peroxidation during TM treatments (CZÉKUS et al., 2020). Although the molecular mechanism of JA and other hormones in response to ER stress still need to be detailed, it is decisive for plants a regular operation of ER functions and ERQC.

 

Downstream physiological responses of dithiothreitol in plants

Dithiothreitol (DTT) is an alternative chemical agent commonly used under laboratory conditions to induce ER stress supporting TM, abiotic and biotic experiments. DTT provokes ER stress by reducing protein disulfide bond formation, impairing the protein folding capacity (BRAAKMAN; HELENIUS; HELENIUS, 1992; HOWELL, 2013). Although fewer papers describe physiological responses for DTT, in this section, we bring together some of the main downstream effects noted by studies that used DTT different concentrations to induce ER stress in plants (Table 2), as we did for TM.

Table 2: Main physiological effects induced by crescent concentrations of Dithiothreitol as an endoplasmic reticulum stressor in plants.

Main physiological responses

Dose (mM)

Specie

Reference

Impairment of true leaves

2.0, 2.5, and 3,0

A. thaliana

(SUN et al., 2013)

Decreasing of root growth

0.5 and 1.0

A. thaliana

(NAWKAR et al., 2017)

 

1.5

A. thaliana

(DENG; SRIVASTAVA; HOWELL, 2013)

 

2.5

A. thaliana

(HUMBERT et al., 2012)

 

2.5

Sorghum bicolor

(QUEIROZ et al., 2020)

 

2.0, 2.5 and 3.0

A. thaliana

(SUN et al., 2013)

 

4.0

Eleusine coracana

(BABITHA et al., 2015)

 

7.5

Triticum aestivum

(YU et al., 2019)

Decreasing of shoot growth

2.0, 2.5 and 3.0

A. thaliana

(SUN et al., 2013)

 

2.5

Sorghum bicolor

(QUEIROZ et al., 2020)

 

4.0

Eleusine coracana

(BABITHA et al., 2015)

 

7.5

Triticum aestivum

(YU et al., 2019)

Cell death

2.0

A. thaliana

(LIU et al., 2012; YANG et al., 2016, 2014)

 

7.5

Triticum aestivum

(YU et al., 2019)

Termotolerance

5.0

A. thaliana

(MA et al., 2015)

Decrease of chlorophyll content

7.5

Triticum aestivum

(YU et al., 2019)

Reduction plant biomass

2.5

Sorghum bicolor

(QUEIROZ et al., 2020)

 

7.5

Triticum aestivum

(YU et al., 2019)

Increase of electrolyte leakage

7.5

Triticum aestivum

(YU et al., 2019)

Increase of K+/Na+ íons

5.0

Sorghum bicolor

(QUEIROZ et al., 2020)

Increase of lipid peroxidation

2.5 and 5.0

Sorghum bicolor

(QUEIROZ et al., 2020)

Antioxidant system induction

5.0 and 10

Sorghum bicolor

(QUEIROZ et al., 2020)

 

7.5

Triticum aestivum

(YU et al., 2019)

Font: Authors, 2022.

The concentration and time of exposure of this chemical also diverge a lot among the works, as we see in TM treatments. In general, the DTT concentration utilized ranged from 0.5 to 10 mM (Table 2). Although physiological parameters need to be more detailed, the essays described ER response since DTT induced UPR sensors and upregulated ER-resident chaperones being more severe and pro-apoptotic than TM in mammalian cells (LABUNSKYY et al., 2009). Even lower concentrations of DTT triggered physiological modulation via ER stress. The plant model Arabidopsis grown under 0.5 and 1.0 mM of DTT presented severe primary root growth inhibition by this agent. Interestingly, it was more accentuated as long as light was intensified. It corroborates the UPR and light signal crosstalk described by low concentrations of TM treatment mediated by HY5 proteins, which negatively regulates UPR genes in competitive mechanism between HY5 and bZIP28 to bind BiP3 promoter (NAWKAR et al., 2017). Furthermore, genes encoding UPR components play fundamental roles in plant development under both stressed and unstressed conditions, and the different accumulation of BiP and other ER-resident chaperones depend on the level of activation of the pathway (CHE et al., 2010; KIM; YAMAGUCHI-SHINOZAKI; SHINOZAKI, 2018; NAWKAR et al., 2017). Indeed, impacts on root growth are also sensed in crescent concentrations of DTT as reported by plants exposed to 1.5 mM (DENG; SRIVASTAVA; HOWELL, 2013), 2.0 to 3.0 mM (HUMBERT et al., 2012; QUEIROZ et al., 2020; SUN et al., 2013), 4.0 mM (BABITHA et al., 2015) and 7.5 mM (YU et al., 2019). Moreover, mutant approaches help to provide the link among the functional RNase and protein kinase domains of IRE1 to endoplasmic reticulum stress tolerance, vegetative growth, and development of Arabidopsis, which were impaired by the loss of function in the ire1a ire1b double mutant and became lethal in the ire1a ire1b bzip28 triple mutant (DENG; SRIVASTAVA; HOWELL, 2013).

When imposing 2.0 mM DTT in Arabdopisis plants, besides the primary root growth impairment, other symptoms as shoot decrease (SUN et al., 2013), and cell death were reported increasing caspase-like activity (LIU et al., 2012; YANG et al., 2016, 2014). Sorghum bicolor exposed to 2.5 mM DTT was related to a reduction in the biomass of both shoots and roots, also fresh and dry mass, and an impact on the degradation of membrane lipids, demonstrated by the increase of thiobarbituric acid reactive substances (TBARS) content, a by-product of lipid peroxidation (QUEIROZ et al., 2020). This concentration is further responsible to cause an impairment in the emergence of the first leaves pair in Arabidopsis (SUN et al., 2013). On the other hand, the induction of antioxidant system is an effect sensed under 5.0 mM evidenced by the diminishment of H2O2 content, in both shoots and roots (also observed in 10 mM of DTT); yet, increased K+/Na+ ions rate in roots was observed as well (QUEIROZ et al., 2020). Furthermore, thermotolerance is an effect also detected under 5.0 mM DTT treatment, occasioned by the THERMOSENSITIVE MALE STERILE 1 (TMS1), which may be functionally different from ERdj3B, but it interacts with BiP1 and BiP3, promoting such thermotolerance in a bZIP28 and bZIP60 upstream activities dependent manner (MA et al., 2015).

Under higher concentrations, such as 7.5 mM DTT in wheat (Triticum aestivum), several biochemical changes also were induced; for example, catalase and superoxide dismutase activities significantly increased related to control treatment (YU et al., 2019), which are a result of higher ROS induction. Furthermore, it promoted a huge impact, decreasing chlorophyll content (one of the main pigments in plant photosynthesis for absorption and transmission of light energy) and an increase in the leakage of electrolytes by augmenting permeability of the cytomembrane. As a response mechanism, several photosynthesis-related genes, antioxidant enzyme genes, plant hormone-related genes, and transcription factors (TFs) were positively modulated. Collectively, they play essential role in the integration of plant metabolism and upregulation of ER stress, including ER resident proteins like BiP, CNX/CRT and, PDIs. Additionally, Sorghum seedlings treated with 10 mM of DTT also showed impairments on morphophysiological traits described for lower concentrations already, although under such concentration the decrease of toxic Na+ ion occurred via increasing the expression of transporters SbNHX1 and SbSOS1 genes associated with an increased expression of ER related genes SbPDI and SbbZIP60, which might trigger the unfolded protein response pathway (QUEIROZ et al., 2020). Although low or high concentrations of DTT can induce ER stress, the mechanisms that trigger the survival or death are not clear. Nevertheless, they both use the UPR to generate signals that are spread from the ER to cell, much probably by ROS and uncountable downstream physiological responses.

Concluding Remarks

In this current review, we gathered previous reports regarding the use of crescent concentrations of tunicamycin and dithiothreitol, two chemical agents of ER stress in plants. We addressed some downstream effects of UPR signaling following some physiological responses employed as a marker for weak or strong ER stress and its relationship with plant development.  In general, all studies reported the upregulation of UPR and ER-resident genes under both TM and DTT associated with several injuries, similar to biotic and abiotic stresses that use ER to deal with stress (Fig. 1). From low TM concentrations (≤ 0.5 µg.ml-1) and DTT (0.5 to 1.0 mM) the reduced chlorophyll content was linked to diminished reactive oxygen species (ROS) signaling, PTI to SA and JA activation, while the growth impairment was associated with an unbalance of UPR genes. Interestingly, there is an inverse relationship between light and UPR resulting in an alleviation of stress effects by low light or the overexpression of HY5 which may be controlled by SA. Conversely, there is a positive relationship among BI-1 and bZIP28, and bZIP60 to induce BiP3 and ERdj3B to deal with injuries. Above 0.5 μg.ml-1 TM and 1.0 μg.ml-1 DTT, a ROS cytoprotective role stress seems to be crucial to promote stress acclimation or cell death. From 2.0 to 10 μg.ml-1 TM and 2.0 to 10 mM DTT, necrotic lesions, cell death, and senescence processes are linked to the increase of electrolyte leakage, and fatty acid oxidation, which were more aggravated at extremely high concentrations (50 and 200 μg.ml-1), H2O2 overproduction and leakage of cytochrome c leading to mitochondria cross talking. Moreover, there is evidence indicating the potential of JA and SA to regulate H2O2 content, proteasomal activity, and lipid peroxidation, although the molecular mechanism of hormones in response to ER stress still needs to be detailed. Overall, this work should provide a foundation for extended research on crop plants to elucidate possible mechanisms to adjust to environmental stresses, particularly in the mechanisms that use the ER and may help raise new insights into the plant UPR adjustments between survival and death in front of ER stress.

 

Figure 1: Endoplasmic reticulum stress (ER) is induced by an accumulation of misfolded or unfolded proteins, particularly under abiotic stress and biotic stress. Previous papers reported that the exposition to the crescent concentration of both chemical agents tunicamycin (TM) and dithiothreitol (DTT) also induced the accumulation of those proteins in the ER resulting in harmful effects in the plant cell (Table 1 and 2). ER stress promoted by TM induces the antioxidant system activity from 0.01 μg.ml-1, as well as ion leakage and the decrease of fresh weight and root growth. Plastids start to lose chlorophyll content, and aerial parts decrease their growth from 0.02 μg.ml-1. From 0.5 μg.ml-1 on, high levels of reactive oxygen species (ROS) are detected, such as H2O2 or O2.–. Fatty acid oxidation and PATHOGENESIS-RELATED PROTEIN 1 (PR1) accumulation are reported from 1 μg.ml-1 and callose deposition from 20 μg μg.ml-1. Then DNA cleavage, necrotic lesions, and senescence are induced from 2.5 μg.ml-1. Under DTT, root length decrease is induced from 0.5 mM, while impairment of leaves emergence and shoot length decrease are induced from 2 mM DTT, as well as programmed cell death. Antioxidant system induction, and lipid peroxidation are reported to increase under 2.5-5.0 mM DTT. Then, decrease of chlorophyll content, ion leakage and cytochrome c leakage are induced from 7.5 mM DTT. Created in BioRender.com

Font: Authors, 2022.

Acknowledgments

We would like to thank the National Council for Scientific and Technological Development (CNPq), Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES), and Fundação Cearense de Apoio ao Desenvolvimento Científico e Tecnológico to support us with fellowships. (FUNCAP)-DEP-0164-00152.01.00/19.

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CAPÍTULO 2

ATIVIDADE ANTI-INFLAMATÓRIA E INDICAÇÃO TERAPÊUTICA DO ÓLEO DE BABAÇU (Attalea sp.) E ÓLEOS DE PALMEIRAS DO GÊNERO Syagrus sp.: UMA REVISÃO DO POTENCIAL BIOTECNOLÓGICO E CIENTÍFICO.

ANTI-INFLAMMATORY ACTIVITY AND THERAPEUTIC INDICATION OF BABASSU (Attalea speciosa) AND OILS OF PALM TREES OF THE GENUS Syagrus: A REVIEW OF THE BIOTECHNOLOGICAL AND SCIENTIFIC POTENTIAL.

DOI: https://doi.org/10.56001/22.9786500495669.02

Submetido em: 21/11/2022

Revisado em: 05/12/2022

Publicado em: 14/12/2022

Fabiana Frazão Frazão

Programa de Pós-graduação em Biotecnologia-RENORBIO, Universidade Federal do Maranhão, São Luís – MA, Brasil.

http://lattes.cnpq.br/8620019173929647

Ricardo Henrique Nascimento Frazão

Programa de Pós-graduação em Química, Universidade Federal do Maranhão, São Luís – MA, Brasil.

http://lattes.cnpq.br/5298980215553561

Olga Oliveira dos Anjos

Programa de Pós-graduação em Biotecnologia-RENORBIO, Universidade Federal do Maranhão, São Luís – MA, Brasil.

http://lattes.cnpq.br/2567300107146323

Cristina Gomes Soares da Silva

Programa de Pós-graduação em Biotecnologia-RENORBIO, Universidade Federal do Maranhão, São Luís – MA, Brasil.

http://lattes.cnpq.br/6432404093382932

Cáritas de Jesus Silva Mendonça

Programa de Pós-Graduação em Energia e Ambiente- PPGEA, Universidade Federal do Maranhão, São Luís – MA, Brasil.

http://lattes.cnpq.br/6240735051211119

Adeilton Pereira Maciel

Departamento de Química, Universidade Federal do Maranhão, São Luís – MA, Brasil.

https://orcid.org/0000-0002-1787-6039

 

Resumo

O objetivo deste trabalho é descrever uma revisão sistemática sobre a atividade anti-inflamatória e indicação terapêutica do óleo de babaçu e óleos extraídos de palmeiras do gênero Syagrus. A busca para a seleção dos estudos ocorreu entre os meses de julho a novembro de 2022, por meio de bases de periódicos e patentes, fazendo uso de termos como babassu oil, Syagrus, oil, e anti-inflammatory activity combinados entre si, utilizando-se os operadores booleanos AND/OR/* para agregar todos os descritores. O Brasil é o país que mais publica artigos científicos sobre estes óleos vegetais supracitados. Quanto ao tema proposto sobre atividade anti-inflamatória destes óleos, percebe-se ainda que há escassez nas pesquisas, com apenas dez artigos publicados e uma patente referente ao óleo Syagrus cocoides.  No entanto, a presente revisão mostrou que o óleo de babaçu e o óleo extraído de palmeiras do gênero Syagrus são usados pela população como ação anti-inflamatória contra vários tipos de doenças e o uso destas espécies apresenta um elevado potencial biotecnológico.

Palavras-chave: Arecaceae, ação anti-inflamatória, doenças, Orbignya phalerata, coco ariri.

Abstract

The objective of this paper is to describe a systematic review on the anti-inflammatory activity and therapeutic indication of babassu oil and oils extracted from palm trees of the genus Syagrus. The search for the selection of studies occurred between July and November 2022, through databases of journals and patents, using terms such as babassu oil, Syagrus, oil, and anti-inflammatory activity combined, using the Boolean operators AND/OR/* to aggregate all descriptors. Brazil is the country that publishes the most scientific articles about these vegetable oils. As for the proposed theme on anti-inflammatory activity of these oils, one can see that there is still a scarcity of research, with only ten published articles and one patent relating to Syagrus cocoides oil.  However, the present review showed that babassu oil and the oil extracted from palm trees of the genus Syagrus are used by the population as anti-inflammatory action against several types of diseases and the use of these species presents a high biotechnological potential.

Keywords: Arecaceae, anti-inflammatory action, diseases, Orbignya phalerata, coco ariri.

 

Introdução

            As espécies da família Arecaceae, plantas conhecidas como palmeiras, apresentam grande importância econômica e são exploradas comercialmente na produção de amido, óleo, palmito, cera, frutos e fibras. São também utilizadas como fonte de alimentos, bebidas e como matéria-prima para construção de barcos, pontes e casas. As plantas são utilizadas na ornamentação de praças, jardins e ambientes internos há vários séculos. No Brasil encontram-se extensamente distribuídas (SANTELLI et al., 2006).

A família Arecaceae apresenta um enorme potencial biológico, tais como poder anti-inflamatório, antioxidante, antimicrobiano, antinocéptico, anticancerígeno, e antiaterogénico, entre outros (CORIOLANO et al., 2021).

Entre 760 espécies de palmeiras encontradas nas Américas, o uso medicinal popular e tradicional de 106 espécies é conhecido, especialmente contra infecções/infestações e perturbações do sistema digestivo (COSTA, 2018; GRUCA et al., 2015; MACIA et al., 2011).

As palmeiras desempenham um papel importante na história da alimentação e da agricultura, desde os tempos antigos até ao presente. Muitas destas espécies são uma importante fonte de óleos (COSTA, 2018).

No Brasil, há importantes palmeiras que fazem parte desta família Arecaceae usadas para extração de óleo, entre eles estão os gêneros Attalea sp. e Syagrus sp. De acordo com Leitman et al. (2015), o gênero Syagrus apresenta 59 espécies descritas, das quais 51 são endêmicas do Brasil. Para este gênero não há uniformidade nos nomes das espécies, dependendo da região, sendo encontrado vários nomes comuns como Chapéu de Touro, Jerivá, coco-catolé, licurizeiro, catolé, coco ariri, piririma, entre outros.

A espécie Syagrus cocoides caracteriza-se pelo estipe solitário, pinas agrupadas, 3 a 20 ramos e frutos piriformes. A espécie possui sua distribuição somente na Guiana e Brasil para as regiões Norte (Amazonas, Pará, Tocantins), Nordeste (Maranhão, Piauí) e Centro-Oeste (Goiás, Mato Grosso) (RODRIGUES, 2018). Syagrus coccoides é comum nas savanas da Amazônia e do Planalto Central brasileiro, geralmente com alta densidade (FERREIRA, 2021).

Quanto ao gênero Attalea sp., o maior representante é conhecido popularmente por babaçu. O babaçu (Attalea speciosa) está como uma das palmeiras mais abundantes no país. Com ampla distribuição na região sul, se estendendo do oceano Atlântico até o território boliviano, com destaque para as zonas de transição entre a bacia amazônica e a região semiárida do nordeste brasileiro (Piauí e Maranhão), e, em menor expressão, no Tocantins, Goiás, Mato Grosso e no estado do Pará. Tal palmeira se constitui em uma das espécies mais importantes na subsistência de muitas localidades tradicionais, já que todas as partes da espécie são aproveitadas para os diversos fins (ARRUDA; DA SILVA; SANDER, 2012).

Os produtos oriundos do babaçu são utilizados, em geral, para o tratamento de gastrites, feridas cutâneas, inflamações. O babaçu também possui efeitos anticonceptivos, anti-inflamatórios, antioxidantes, antimicrobianos e imunomoduladores. Já o óleo extraído de babaçu é rico em ácido láurico (~50%) e tocoferóis (REIS et al., 2017). Dentre os ácidos que constituem o babaçu, o ácido láurico, um ácido graxo que se destaca para fins terapêuticos, incluindo atividades antibacteriana, anti-inflamatória e antitumoral. Microemulsões a partir do óleo de babaçu apresentam efeitos anti-inflamatórios e imunoestimuladores, e essas propriedades terapêuticas podem exercer contribuições diretas no controle da fadiga relacionada ao câncer (ARAUJO et al., 2016; NASCIMENTO et al., 2017).

Diante do exposto, o objetivo deste trabalho é descrever uma revisão sistemática sobre a atividade anti-inflamatória e indicação terapêutica do óleo de babaçu e óleos extraídos de palmeiras do gênero Syagrus.

Metodologia

No presente estudo foi realizada uma revisão sistemática da literatura para identificar pesquisas sobre a atividade anti-inflamatória do óleo de babaçu e óleos extraídos de palmeiras do gênero Syagrus sp.

A busca para a seleção dos estudos ocorreu entre os meses de julho a novembro de 2022, por meio de buscas nas bases de artigos nos portais de periódicos Web of Science e Science Direct; e busca em bases de patentes como INPI, Espacenet, WIPO.

Para esta revisão sistemática, os termos pesquisados foram escolhidos com base em palavras-chave que aparecem com frequência em artigos relacionados à área. Os termos pesquisados foram babassu oil, Syagrus, oil, e anti-inflammatory activity combinados entre si, utilizando-se os operadores booleanos AND/OR/* para agregar todos os descritores. As publicações foram organizadas com base no número encontrado por termo de busca e no somatório total de trabalhos nos bancos utilizados.

Na busca inicial, foram encontrados vários artigos sem limitar o período de tempo (n=72096) (Tabela 1) sobre atividade anti-inflamatória. Portanto, foi estabelecido como critério de exclusão os artigos que não tratavam sobre babaçu e coco do gênero Syagrus sp e, artigos duplicados em outras bases.

Entretanto, foi definido como critério de inclusão: artigos publicados entre os anos de 2000 a 2022, busca por título de artigos utilizando operador booleano (“Anti-inflammatory activity” AND “babassu oil) e (“Anti-inflammatory activity” AND “Syagrus”), com finalidade de expor os trabalhos científicos mais recentes que tratavam sobre a atividade anti-inflamatória dos óleos produzidos a partir destas palmeiras. Nessa etapa, de acordo com as variáveis de interesse, permaneceram 275 artigos potenciais para análise. Após a leitura dos textos na íntegra e aplicação dos critérios de inclusão e exclusão, obteve-se um total de 10 artigos usados na revisão e 3 patentes.

Resultados e Discussão

A prospecção tecnológica e científica foi realizada por meio de coleta, tratamento e análise das informações contidas nas publicações científicas. Os resultados das buscas por artigos científicos estão apresentados na Tabela 1.

Tabela 1. Número de artigos científicos encontrados pela busca por títulos de diferentes termos nos bancos de periódicos citados.

 TERMOS PESQUISADOS

BANCO DE PERIÓDICOS

TOTAL

 

Web of Science

Science Direct

 

“Anti-inflammatory activity”

20049

52047

72096

“babassu oil”

127

306

433

“Syagrus AND oil”

85

167

252

“Anti-inflammatory activity” AND (Babassu OR “Attalea speciosa”) AND oil

 

255

20

275

“Anti-inflammatory activity” AND “Syagrus”

2

18

20

Syagrus cocoides

4

6

10

       

Fonte: Própria autoria (2022).

Analisando os resultados, é possível observar a diferença do número de artigos científicos quando se comparam com os termos em geral da atividade anti-inflamatória com os termos mais específicos para relacionar a ação anti-inflamatória dos óleos extraídos das palmeiras da família Arecaceae, abrangendo as espécies do gênero Syagrus sp. e Attalea sp. nas bases de busca.

Figura 1. Ano de publicação de artigos científicos óleos extraídos das palmeiras do gênero Syagrus sp. e Attalea sp (babaçu).

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Fonte: Própria autoria (2022).

Conforme a base Science Direct, o estudo verificou que o volume de artigos publicados se mostra esporádico até 2010 para ambos os tipos de óleo. Pode-se notar que apesar da importância medicinal e econômica dos óleos de babaçu e oriundo da gênero Syagrus sp., os trabalhos científicos publicados alcançaram maior volume de publicação a partir do ano de 2020, como pode ser observado na figura 1. No entanto, percebe-se que há muito mais artigos publicados sobre óleos extraídos de espécies de babaçu do que as espécies do gênero Syagrus sp. Isto mostra um reflexo no contexto cultural, econômico e social no Estado do Maranhão e em outros estados brasileiros da importância do uso/aplicação do babaçu em várias áreas (entre elas a culinária e na medicina fitoterápica).

Segundo Pereira et al. (2013), as palmeiras (família Arecaceae) têm sido utilizadas sob vários aspectos pelo homem suprindo diversas necessidades, como fonte energética na alimentação; auxiliando na construção de casas, utensílios caseiros; como bebida, ou fazendo parte da arborização regional.

Segundo Agostini-Costa (2018), as partes mais utilizadas das palmeiras são os frutos, extraindo principalmente óleos (33%), seguidos por raízes, sementes, folhas, flores palmito, e seiva da flor. Observa-se na figura 2 que o óleo de babaçu é bastante utilizado em várias pesquisas entre os países ao ser comparado com o óleo extraído do gênero Syagrus sp.

Figura 2. Acompanhamento do número de publicações científicas entre os países sobre os óleos extraídos das palmeiras do gênero Syagrus sp. e Attalea sp (babaçu), no período de 2000 a 2022.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Fonte: Própria autoria (2022).

A figura 2 representa a análise de países com maiores números de registros de artigos publicados sobre a produção de óleo de babaçu (142 registros) e óleos extraídos de palmeiras do Syagrus sp. (96 registros). O Brasil ficou no primeiro lugar entre os países, obtendo um maior número de publicações, afirmando mais uma vez a importância e a grandiosidade de recursos naturais da flora no Brasil.

De acordo com a Figura 3, a base ESPACENET apresentou um dos maiores resultados da pesquisa (4407 patentes) referente a produção de óleo extraído de Syagrus cococides, Syagrus sp. e óleo de babaçu.

Figura 3: Número de patentes referente ao óleo babaçu e óleo extraído de palmeiras do gênero Syagrus em bases nacional e internacional.

Fonte: Própria autoria, 2022.

Contudo, os resultados da busca no INPI (Figura 4) foram considerados na citação a fim de avaliar a situação do Brasil no cenário mundial.

Figura 4: Número de documentos patentários referente ao óleo babaçu, óleo de Syagrus cocoides e óleo extraído de palmeiras do gênero Syagrus depositadas no Instituto Nacional de Propriedade Intelectual (INPI).

Fonte: Própria autoria, 2022.

Quanto ao tema proposto sobre atividade anti-inflamatória destes óleos, percebe-se ainda que há escassez nas pesquisas, tanto no aspecto tecnológico quanto científico, sendo observado na tabela 2, apenas onze artigos publicados e três patentes depositadas na base INPI.  Apesar da importância dessas palmeiras no Brasil, pouco se sabe cientificamente quanto a atividade anti-inflamatória destes óleos e seu poder biotecnológico com relação ao tratamento de diversas doenças.

Tabela 2: Atividade anti-inflamatória dos óleos a base de babaçu e palmeiras do gênero Syagrus e sua relação com o tratamento de doenças.

Família botânica

Gênero

Espécie / sinônimos

Nome comum

Tipo de publicação

Tratamento de doenças/indicação terapêutica/ Ação anti-inflamatória

Referência

Arecaceae

Attalea

Orbignya phalerata

babaçu

Artigo

Serra et al. (2019)

Attalea speciosa

babaçu

Artigo

Inflamação

Reis et al. (2017)

Attalea speciosa

babaçu

Artigo

Fadiga e inflamação em pacientes com câncer de mama

Pereira et al. (2020)

Attalea speciosa

babaçu

Artigo

Atividade anti-inflamatória, cicatrizante tecidual e hidratante de pele

Barbosa et al. (2021)

Orbignya phalerata

babaçu

Patente

Uso como modulador do sistema imune

Silva et al. (2015)

Orbignya phalerata

babaçu

Artigo

Oliveira et al. (2019)

Orbignya phalerata

babaçu

Artigo

Vulvovaginite; Feridas de pele; Gastrite

(SOUZA et al., 2011)

Syagrus

Syagrus

romanzoffiana

 

Chapéu de Touro

ou Jerivá

Artigo

Diferentes tipos de inflamação

Oliveira et al. (2012)

Syagrus coronata

Licurizeiro

Artigo

Disenteria, catarata

Albuquerque et al. (2007)

Syagrus coronata

Licuri

Patente

Terapêutico, antifúngico, anti-inflamatório, e agente cicatrizante.

Souza et al. (2021)

Syagrus cocoides

Coco ariri

Patente

Afecções dermatológicas

Pires et al. (2020)

Syagrus oleracea

Catolé

Artigo

Inflamação da uretra e da bexiga

Saraiva et al. (2015)

Syagrus cearensis

“Coco-catolé”

Artigo

Inflamações em geral ou inflamações em olhos

Ferreira Júnior et al. (2011)

Fonte: Própria autoria, 2022.

Ao analisar a tabela 2, se percebe desde então o aparecimento de duas espécies de babaçu (Orbignya phalerata e Attalea speciosa). Segundo Da Mata (2016), isto acontece em razão de que a identificação taxonômica do conjunto de espécies de babaçu tem uma grande complexidade, e por longos anos não há consenso entre os diversos autores, por isso, esse conjunto de espécies é denominado “complexo babaçu”. Na literatura, há artigos que mostram que o número de espécies do gênero, porém este número varia de 29 a 67 espécies entre os autores, ou seja, não demonstrando um número em consenso.

De acordo com Cavallari e Toledo (2016), na literatura científica atual são encontrados artigos que utilizam diferentes nomes científicos para o babaçu, principalmente Orbignya phalerata e Attalea speciosa, no entanto, há também O. speciosa, O. martiana, entre outros. Estes autores afirmam que estes diversos nomes geram uma grande confusão na comunidade científica permitindo uma propagação sucessiva de erros. Portanto, atualmente é recomendado a adoção do nome científico Attalea speciosa (Martius ex. Spreng) como o mais adequado para o babaçu.

Na tabela 2, existem dois trabalhos (Reis et al., 2017 e Pereira et al., 2020) mais atuais e que reportam a importância fitoterápica do uso do óleo de babaçu.

No trabalho de Pereira et al. (2020), investigaram os efeitos da suplementação de óleo de babaçu em pacientes com câncer de mama em ensaio randomizado. Estes autores comprovaram que a suplementação com óleo de babaçu é eficaz na redução da fadiga e a inflamação em pacientes com câncer de mama. Ações imunomodulatórias também foi verificado para o óleo de babaçu, uma vez que o tratamento foi capaz de diminuir simultaneamente a produção de citocinas inflamatórias e aumentar a produção de anticorpos IgA mesmo em pacientes submetidos à terapia imunossupressora.

No entanto, segundo Reis et al. (2017), a fim de se avaliar a atividade anti-inflamatória do óleo de babaçu foi utilizado o método de Edema de Orelha Induzida – EAR (cálculo de atividade anti-inflamatória). Estes autores afirmaram que, o óleo de babaçu (3 e 10𝜇L/EAR) foi capaz de inibir o PMA- edema de orelha induzido em 19,1 (𝑝 <0,05) e 54,1% (𝑝 <0,001), respectivamente. Ácido láurico (4mg /EAR), o principal ácido graxo de óleo de babaçu, apresentou 90,3% de inibição (𝑝 <0,001), enquanto dexametasona inibiu o edema de ouvido em 79,7% (𝑝 <0,001). A atividade anti-inflamatória tópica do óleo de babaçu foi potencializado por microemulsificação, atingindo o mesmo que edema de orelha induzido como óleo de babaçu puro em um nível muito mais baixo concentração.

Em 2011, houve um interessante trabalho exposto por Souza et al. Em que os mesmos verificaram o principal uso etnobotânico de produtos e subprodutos derivados do babaçu (Orbignya phalerata) em uma das comunidades no Estado do Maranhão. Verificaram que o uso do óleo é aliado no tratamento de doenças como vulvovaginite, feridas na pele e gastrite.

A vulvovaginite, é uma das doenças ginecológicas mais frequentes causada por diferentes espécies de fungo do gênero Candida e a mais comum de vaginite aguda em países tropicais (HOLANDA et al., 2007). Silva e Parente (2001) afiançaram que o uso frequente de produtos derivados do babaçu para o tratamento de processos inflamatórios do trato genital feminino (97%) pode ser explicado pela ação anti-inflamatória do babaçu.

Há registros na literatura de pesquisas que comprovam que não somente o óleo extraído do babaçu tem ação anti-inflamatória, mas também outros constituintes do referido coco. Silva e Parente (2001) afirmaram que o uso popular da farinha de mesocarpo pode auxiliar no tratamento de gastrite.

Vale ressaltar que, mesmo diante da importância fitoterápica/tratamento de doenças, o óleo de babaçu e os óleos extraídos das palmeiras do gênero Syagrus, até o presente momento, não estão citados no Formulário de Fitoterápicos da Farmacopeia Brasileira da Agência Nacional de Vigilância Sanitária – Anvisa (BRASIL, 2018).

Quanto a Syagrus sp., também pertencente à família Arecaceae, pode-se afirmar que é um dos três gêneros mais frequentes em número de espécies de palmeiras no Brasil, e apresentando destaque na região do Cerrado (SANTELLI et al., 2006).

O gênero Syagrus, é composto por aproximadamente 59 espécies descritas, sendo a maioria endêmica do território brasileiro (51 espécies) (LEITMAN et al., 2015). Esta informação nos permite entender porque o Brasil tem posse de mais 95% das publicações sobre o óleo de Syagrus sp., conforme descreve a figura 2. No entanto, há necessidade de mais estudos de prospecção tecnológica e cientifica, pois, ao verificar a tabela 3, percebe-se a presença de apenas quatro estudos científicos e duas patente, com enfoque no poder biotecnológico, na atividade anti-inflamatória e tratamentos de doenças, sobre o uso do óleo de espécies de palmeiras de S. cocoides, S. romanzoffiana, S. coronata, S. oleracea e S. cearenses.

 Ferreira Júnior et al. (2011) em seu trabalho listou as principais plantas medicinais usadas no nordeste brasileiro para o tratamento de inflamações, dentre a lista Syagrus cearensis estava presente.

Existe a patente BR102019002950 que trata das composições farmacêuticas no tratamento de afecções dermatológicas a partir do óleo vegetal de coco ariri (Syagrus cocoides mart.). A presente invenção está inserida no campo da indústria farmacêutica, química e veterinária. As formulações a partir do óleo de coco ariri apresentam boa emoliência, com potencial antioxidante e regenerativo, sendo úteis na prevenção e tratamento de afecções dermatológicas (PIRIS et al., 2020).

No trabalho de Cercato et al. (2015), fez referência as plantas citadas por estudos etnobotânicos na região brasileira de agentes anti-obesidade. Zeni and Bosio (2011) relata o uso de Syagrus romanzoffiana (Cham.) com fins medicinais na comunidade Nova Rússia-SC, e tratamento de obesidade.

Serra et al. (2019) alegaram em seu trabalho sobre fontes alternativas de óleos e gorduras de plantas amazônicas que os ácidos graxos poliinsaturados, como ω-3 (ácido α-linolênico) e ω-6 (ácido linoléico) são essenciais para a saúde do ser humano, apresentando como benefícios ação antitrombótica, anti-inflamatório e antioxidante, bem como atuam na prevenção de doenças cardiovasculares. Portanto, esses óleos são boas fontes de compostos bioativos que podem ser responsáveis ​​por benefícios à saúde.

Segundo Oliveira et al. (2012) foi relatado o uso de 65 plantas diferentes, usadas para tratar qualquer tipo de inflamação, sendo que Syagrus romanzoffiana foi descrita sendo usadas por pacientes do SUS devido sua capacidade anti-inflamatória.

­­Considerações Finais

A presente revisão mostra que o óleo de babaçu e o óleo extraído de palmeiras do gênero Syagrus são utilizados pela população como ação anti-inflamatória contra vários tipos de doenças.

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CAPÍTULO 3

RESGATE E CARACTERIZAÇÃO MOLECULAR DE ACESSOS DE MILHO CRIOULO PROSPECTADOS NO SEMIÁRIDO MINEIRO

RESCUE AND MOLECULAR CHARACTERIZATION OF CREOULE CORN ACCESSORIES PROSPECTED IN THE SEMI-ARID MINEIRO

DOI: https://doi.org/10.56001/22.9786500495669.03

Submetido em: 23/01/2023

Revisado em: 27/01/2023

Publicado em: 31/01/2023

 

Ana Carolina Ataide Silveira

Universidade Federal de Minas Gerais, Instituto de Ciências Agrárias, Montes Claros-MG

http://lattes.cnpq.br/2466104732305153

Matheus Henrique Teixeira

Universidade Federal de Minas Gerais, Instituto de Ciências Agrárias, Montes Claros-MG

http://lattes.cnpq.br/2443254354962216

Demerson Arruda Sanglard

Universidade Federal de Minas Gerais, Instituto de Ciências Agrárias, Montes Claros-MG

 http://lattes.cnpq.br/7417873079167401

Luan Souza de Paula Gomes

Universidade Federal de Minas Gerais, Instituto de Ciências Agrárias, Montes Claros-MG

http://lattes.cnpq.br/5387425290856112

Jefferson Joe Moreira Alves

Universidade Federal de Minas Gerais, Instituto de Ciências Agrárias, Montes Claros-MG

http://lattes.cnpq.br/4133593105061762

Phelipe Souza Amorim

Universidade Federal de Minas Gerais, Instituto de Ciências Agrárias, Montes Claros-MG

http://lattes.cnpq.br/3729844181884351

Flávia Échila Ribeiro Batista

Universidade Federal de Minas Gerais, Instituto de Ciências Agrárias, Montes Claros-MG

http://lattes.cnpq.br/9175849604614635
 

 

Resumo

O semiárido mineiro inclui as mesorregiões Norte e Jequitinhonha, abrangendo uma população superior a dois milhões de habitantes em 140 municípios, o que equivale a 10,46% da área brasileira em que predomina este clima. Entre as diversas dificuldades para a otimização do sistema produtivo da agricultura familiar nestas mesorregiões, destaca-se a escassez de sementes crioulas adaptadas aos agroecossistemas específicos, que são bastante distintos das áreas experimentais utilizadas pelo melhoramento genético convencional. Com o declínio de pequenos produtores, perdem-se, também, variedades locais e o conhecimento tradicional associado – um dano incalculável pela perda de reservatórios gênicos. Diante disso executou-se no interstício dos anos de 2017 a 2021, um projeto intitulado “Melhoramento Participativo de Milho com Enfoque na Agrobiodiversidade do Semiárido Mineiro”, com fomento aprovado pelo Banco do Nordeste. Foram realizadas visitas técnicas em diversas comunidades rurais nas áreas de abrangência, coletando-se relatos sobre variedades locais muitíssimo escassas. A despeito deste franco processo de erosão de genética, obteve-se, com muita procura, amostras de sementes fidedignas dessa categoria. Os depósitos ocorreram no Laboratório de Biotecnologia da Universidade Federal de Minas Gerais – UFMG (campus Montes Claros), totalizando 44 variedades resgatadas, às quais foram caracterizadas por meio de oligonucleotídeos do tipo ISSR (Inter Simple Sequences Repeats). Os diagnósticos locais comunitários, ainda que morosos e pouco céleres, permitiram recuperar preciosos genótipos de milhos crioulos, fontes de variabilidade para tolerância a estresses causados por pragas, doenças e limitações de clima, todos estes contextualizados ao semiárido.

Palavras-Chave: banco de sementes, marcadores moleculares, melhoramento participativo, variedades locais, zea mays l.

Abstract

The semi-arid region of Minas Gerais includes the North and Jequitinhonha mesoregions, covering a population of over two million inhabitants in 140 municipalities, which is equivalent to 10.46% of the Brazilian area where this climate predominates. Among the various difficulties for optimizing the productive system of family farming in these mesoregions, the scarcity of native seeds adapted to specific agroecosystems, which are quite different from the experimental areas used by conventional genetic improvement, stands out. With the decline of small producers, local varieties and associated traditional knowledge are also lost – an incalculable damage due to the loss of gene pools. In view of this, between 2017 and 2021, a project entitled “Participatory Maize Improvement with Focus on Agrobiodiversity in the Semiarid Mineiro” was carried out, with funding approved by Banco do Nordeste. Technical visits were carried out in several rural communities in the areas covered, collecting reports on extremely scarce local varieties. Despite this clear process of erosion of genetics, reliable seed samples of this category were obtained with great demand. The deposits took place at the Biotechnology Laboratory of the Federal University of Minas Gerais – UFMG (Montes Claros campus), totaling 44 rescued varieties, which were characterized by ISSR-type oligonucleotides (Inter Simple Sequences Repeats). The local community diagnoses, although time-consuming and slow, made it possible to recover precious genotypes of creole corn, sources of variability for tolerance to stress caused by pests, diseases and climate limitations, all of which are contextualized in the semi-arid region.

Keywords: seed bank, molecular markers, participatory breeding, local varieties, zea mays l.

 

Introdução

No Brasil, 90% dos produtores de milho são pequenos agricultores (DUTRA et al., 2021), cujas lavouras, em geral, têm baixa produtividade de grãos e silagem. As razões da baixa produtividade dos pequenos agricultores são diversas, como o alto custo dos insumos, baixo preço dos produtos agrícolas, dificuldade de acesso ao crédito rural e à tecnologia, e alta frequência de estresses bióticos e abióticos (MACHADO; MACHADO, 2007). Soma-se a estes problemas a falta de variedades adaptadas aos diferentes tipos de estresse para ambientes locais e específicos.

Para a cultura do milho, no Brasil, constata-se que as lavouras com áreas abaixo de 10 ha podem ser conduzidas pela força de trabalho familiar. Elas estão predominantemente em regiões marginais e correspondem a 30% da produção nacional, abrangendo 94,3% dos produtores (IBGE, 2010). Para essa categoria de agricultores, os avanços científicos têm tido contribuição muito aquém do desejado. Nas propriedades rurais das áreas marginais, a cultura do milho é considerada de muita importância, pois tem o potencial de viabilizar o sistema produtivo pela agregação dos valores na propriedade e pela função do milho na alimentação humana e animal (MACHADO et al.,2011).

A agrobiodiversidade relaciona os valores de uso dos cultivos em agricultura com os valores de conhecimento associados à diversidade desses cultivos Especialmente em agricultura tradicional, o uso está intimamente ligado aos sistemas de conhecimento locais, relacionando diversidade cultural, costumes e práticas. A revalidação de tais conhecimentos mostra que a biodiversidade não é somente fundamental para a produção de alimentos, mas também desempenha um importante papel no estabelecimento da sustentabilidade dos sistemas de produção agrícola. O conhecimento dos agricultores sobre as variedades locais e espécies silvestres pode ser utilizado na busca por novas características e produtos de interesse para o melhoramento de plantas e biotecnologias. Consequentemente, a conservação de recursos genéticos envolve a atual diversidade existente e o conhecimento associado. Outro ponto importante, refere-se à interação da diversidade genética com os diferentes agroecossistemas (MACHADO, 2007).

Uma das estratégias definidas com base no Plano de Ação Global para Segurança Alimentar da FAO, refere-se ao uso e à preservação da diversidade genética de plantas, dentro de comunidades agrícolas (FAO, 2012). O trabalho conjunto entre o setor formal e o setor informal (representado pelas comunidades rurais), no manejo da agrobiodiversidade, pode contribuir na conservação de germoplasmas adaptados aos agroecossistemas das comunidades agrícolas (DE BOEF; THIJSSEN, 2007). Assim, as abordagens participativas tornam-se de cruciais importâncias para o desenvolvimento de trabalhos com pequenos agricultores, evitando-se a erosão genética.

A mesorregião Norte de Minas Gerais, predominantemente semiárida, abrange uma população superior a dois milhões de habitantes, distribuídos em 140 municípios, o que equivale a 10,46% da área brasileira com este clima (EMATER, 2021). A agricultura familiar nestas localizações também está vulnerável a todas as questões supracitadas, tendo ainda, como condição agravante, o uso de sementes inapropriadas aos seus agroecossistemas específicos. Isso significa que eles não possuem equivalência ambiental às estações experimentais de empresas, onde as semeaduras são efetuadas para os procedimentos de melhoramento genético. Neste sentido, uma estratégia para gerar a independência do pequeno agricultor com relação às sementes comerciais, é fazer com que ele mesmo ou suas comunidades as produzam de forma contextualizada e holística (abrangente), adaptadas para as realidades de suas próprias localidades (CGIAR, 1999). Este projeto teve como objetivo principal a recuperação das escassas variedades locais de milho, fidedignamente reconhecidas como “crioulas”.

Metodologia
  • Resgate de variedades e diagnósticos

Foram realizadas expedições em comunidades rurais de seis municípios do Norte de Minas Gerais: Almenara, Capitão Enéas, Janaúba, Montes Claros, Rio Pardo de Minas, São João do Paraíso. Adotou-se as estratégias propostas por MACHADO e MACHADO (2007), atentando-se para os seguintes critérios norteadores: (i) Entrevistas com enfoque participativo, onde serão privilegiadas dinâmicas e procedimentos que favoreçam a expressão do ponto de vista dos grupos envolvidos e que estimule uma reflexão coletiva para a priorização de demandas. (ii) Enfoque ecossistêmico, em que se tenha um olhar sobre o estado da arte da agrobiodiversidade local, e que não restrito ao cultivo das espécies objeto de estudo do programa, devendo-se englobar as diferentes dimensões dos agroecossistemas em questão. O resgate das variedades de milho ocorreu a partir de levantamentos realizados nas regiões de abrangência do projeto onde, gradativamente, obteve-se relatos sobre variedades locais e amostras de sementes.

  • Caracterizações da diversidade genética

Amostras de sementes foram rejuvenescidas para posteriores semeaduras a campo no ICA/UFMG. Concomitantemente, tecidos de suas respectivas folhas foram coletados (tecidos tenros) e armazenados em ultrafreezer (-75ºC). As análises moleculares envolveram extrações de DNA (DOYLE; DOYLE, 1990) de variedades de milhos crioulos e amplificações via PCR (Polymerase Chain Reaction) com oligonucleotídeos (primers) ISSR (Inter Simple Sequences Repeats), de escolhas randomizadas, oriundos da coleção UCB (University of British Columbia, Canada) (Termociclador Biocycler Gradient). As reações foram programadas em uma fase inicial de desnaturação a 94ºC por 5 min; seguida por 35 ciclos de [desnaturação (94ºC / 1 min), anelamento (46ºC a 59ºC / 1 min) e extensão (72ºC/2 minutos)]; e uma fase de extensão final de 72ºC por 7 min. Logo após essas ciclagens, o aparelho conservou as reações a 4°C, até a retirada das amostras. Os produtos resultantes das amplificações foram separados por eletroforese horizontal com géis de agarose 1,2% (m/v), imersos em tampão TBE (Tris-Borato 90 mM, EDTA 1 mM). No momento da aplicação, foram adicionados, à cada amostra, 3 mL do corante tipo IV [0,125% (m/v) de azul-de-bromofenol e 10% (m/v) de sacarose] e 5 uL de GelRed™ (SAMBROOK et al.,1989). Os géis foram submetidos a uma carga de 120 V, por 3 h. Findadas as eletroforeses, os géis foram analisados por meio de um sistema de fotodocumentação (Loccus Biotecnologia, modelo L-PIX). Os dados serão analisados através de matrizes de dados binários, considerando-se a presença (1) e a ausência (0) de bandas aferidas nos géis supracitados. O coeficiente para o cálculo de similaridade genética foi com base no complemento aritmético do coeficiente de coincidências simples. As análises foram executadas com o auxílio do programa computacional GENES (CRUZ, 2006). Todos os procedimentos de manutenção de populações segregantes e análises moleculares foram realizados nas dependências do Laboratório de Biotecnologia, localizado no Centro de Pesquisas em Ciências Agrárias (CPCA) da UFMG. Os plantios para multiplicações de sementes e hibridações ocorreram em telados anexos ao CPCA e área a campo vinculada ao Laboratório de Biotecnologia, integrante da Fazenda Experimental Professor Hamilton de Abreu Navarro (FEHAN), Campus Montes Claros da UFMG.

 

 

Resultados e Discussão
  • Resgate de variedades e diagnósticos

No desencadear da execução do trabalho, houve a necessidade de extrapolar os limites comunitários do Córrego “Buriti Seco” (Zona Rural de Montes Claros-MG) quanto às ações de resgate das variedades crioulas de milho (ação central da execução), pois a ausência de plantios nesse sentido foi limitante. Esse quadro demonstrou o avanço do processo de erosão genética envolvendo as comunidade-alvo inicial. Neste contexto, a busca por variedades de milho locais e fidedignamente crioulas, utilizadas em regimes de áreas marginais, envolveu encontros com associações rurais de outros 05 (cinco) municípios, além de Montes Claros: Almenara (‘Associação de Pequenos Produtores Rurais da Agricultura Familiar de Almenara’); Capitão Enéas (‘Associação Comunitária Rural de Poção’); Janaúba (‘Associação Comunitária Evangelho Unido em Cristo’); Rio Pardo de Minas (‘Associação de Mulheres de Olhos D’água Unidas pela Amizade)’; São João do Paraíso (‘Associação das Trabalhadores Rurais do Paraguai’); Taiobeiras (‘Associação da Comunidade de Atanásio’).

De modo geral, encontrou-se bastante dificuldades para as mobilizações, porém concretizaram-se algumas reuniões junto aos agricultores, por oportunidades das visitas técnicas pré-agendadas às associações (apresentações dos princípios norteadores do projeto: diagnósticos, resgates, procedimentos para agricultura sustentável, bancos de sementes, experimentação comunitária, etc.). A busca por sementes focou em materiais fidedignamente considerados como tradicionais (crioulos) (Figura 1), porém, muitas vezes, os relatos e colaborações resultavam em sementes comerciais que já haviam sido produzidas por técnicas de melhoramento convencional, ou seja, genótipos advindos de empresas públicas ou privadas. Os acessos em que não se tinha nomenclatura popular, foram identificados por nomes relacionados à região de origem por proposição da equipe deste projeto (Tabela 1).

 

 

 

 

 

 

 

 

Figura 1: Exemplos de aspectos de sementes de variedades de milhos crioulos resgatadas (recorte com nomenclatura definida) e caracterizadas quanto à diversidade genética.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Fonte: O próprio autor

Tabela 1. Variedades de milho crioulo, relatadas, resgatadas e caracterizadas quanto à diversidade genética.

Referência

laboratorial

Nome

Imediações rurais do

município de referência

Separação de característica

 edafoclimática potencial

Cor da semente

1

Milho Branco

Janaúba

Nível de tolerância a veranicos

Branco / Creme claro

2

Colorido Vinhedo

São João do Paraíso

Nível de tolerância a veranicos

Roxo / Avermelhado

3

Cateto

Rio Pardo de Minas

Nível de tolerância a veranicos

Amarelo

4

Milho Preto

São João do Paraíso

Nível de tolerância a veranicos

Roxo escuro

5

Almenara 1

Almenara

Nível de tolerância a veranicos

Alaranjado

6

Almenara 2

Almenara

Nível de tolerância a veranicos

Amarelo / Alaranjado

7

Capitão Enéas 1

Capitão Enéas

Nível de tolerância a veranicos

Amarelo

8

Capitão Enéas 2

Capitão Enéas

Nível de tolerância a veranicos

Amarelo claro

9

Janaúba 1

Janaúba

Nível de tolerância a veranicos

Amarelo

10

Janaúba 2

Janaúba

Nível de tolerância a veranicos

Avermelhado

11

Janaúba 3

Janaúba

Nível de tolerância a veranicos

Amarelo / Alaranjado

12

Montes Claros 1

Montes Claros

Nível de tolerância a veranicos

Amarelo

13

Montes Claros 2

Montes Claros

Nível de tolerância a veranicos

Amarelo

14

Montes Claros 3

Montes Claros

Nível de tolerância a veranicos

Amarelo

15

Montes Claros 4

Montes Claros

Nível de tolerância a veranicos

Creme claro

16

São João do Paraíso 1

São João do Paraíso

Nível de tolerância a veranicos

Roxo

17

São João do Paraíso 2

São João do Paraíso

Nível de tolerância a veranicos

Alaranjado

18

São João do Paraíso 3

São João do Paraíso

Nível de tolerância a veranicos

Alaranjado

19

São João do Paraíso 4

São João do Paraíso

Nível de tolerância a veranicos

Roxo

20

São João do Paraíso 5

São João do Paraíso

Nível de tolerância a veranicos

Amarelo

21

Rio Pardo de Minas 1

Rio Pardo de Minas

Nível de tolerância a veranicos

Amarelo claro

22

Rio Pardo de Minas 2

Rio Pardo de Minas

Nível de tolerância a veranicos

Avermelhado

23

Taiobeiras 1

Taiobeiras

Produção na ausência de insumos

Amarelo

24

Taiobeiras 2

Taiobeiras

Produção na ausência de insumos

Amarelo

25

Asteca

Montes Claros

Produção na ausência de insumos

Amarelo

26

Branco da Barra

Janaúba

Produção na ausência de insumos

Branco / Creme claro

27

Sabuco Fino

Montes Claros

Produção na ausência de insumos

Alaranjado

28

Francês Colorido Branco

Janaúba

Produção na ausência de insumos

Creme / Roxo

29

Mexicano

Rio Pardo de Minas

Produção na ausência de insumos

Creme / Roxo

30

Vinhedo

São João do Paraíso

Produção na ausência de insumos

Roxo / Avermelhado

31

Pipoqueiro Espinhudo

São João do Paraíso

Produção na ausência de insumos

Creme Claro / Amarelo

32

Milho Coruja

São João do Paraíso

Produção na ausência de insumos

Alaranjado

33

Janaúba 6

Janaúba

Produção na ausência de insumos

Branco / Creme claro

34

Janaúba 7

Janaúba

Produção na ausência de insumos

Amarelo

35

Janaúba 8

Janaúba

Produção na ausência de insumos

Branco / Creme claro

36

Montes Claros 5

Montes Claros

Produção na ausência de insumos

Amarelo

37

Montes Claros 6

Montes Claros

Produção na ausência de insumos

Avermelhado / Amarelo

38

Montes Claros 7

Montes Claros

Produção na ausência de insumos

Amarelo

39

São João do Paraíso 6

São João do Paraíso

Produção na ausência de insumos

Roxo / Avermelhado

40

São João do Paraíso 7

São João do Paraíso

Produção na ausência de insumos

Amarelo

41

São João do Paraíso 8

São João do Paraíso

Produção na ausência de insumos

Alaranjado

42

Rio Pardo de Minas 3

Rio Pardo de Minas

Produção na ausência de insumos

Alaranjado

43

Rio Pardo de Minas 4

Rio Pardo de Minas

Produção na ausência de insumos

Alaranjado

44

Taiobeiras 3

Taiobeiras

Produção na ausência de insumos

Amarelo / Creme claro

 

  • Caracterizações da diversidade genética

Foram conduzidos ensaios de gradientes de temperaturas de anelamento, como forma de averiguar as capacidades de amplificações com os diferentes oligonucleotídeos (primers) ISSR disponíveis. As temperaturas do gradiente foram intervaladas entre 45ºC e 65ºC, conforme recurso de randomização próprio aparelho termociclador. O arranjo para o preparo das placas de PCR possibilitou testar quatro oligonucleotídeos (primers) ISSR simultaneamente, conforme esquema apresentado na Figura 2.

Figura 2:  Interface fornecida pelo aparelho termociclador, evidenciando a programação do intervalo em gradiente, quanto às temperaturas de anelamento nas placas de PCR (45oC a 65oC).

Fonte: O próprio autor.

Durante a execução das análises moleculares, foram testados 56 oligonucleotídeos ISSR, cujos resultados estão sintetizados na Tabela 2. Deste total, 34 caracterizam-se como sendo amplamente polimórficos, sob as temperaturas de anelamento específicas identificadas nesse procedimento. Na Figura 3 tem-se uma exemplificação de análise eletroforética dos testes de gradiente.

Tabela 2: Resultados dos testes de gradiente de temperaturas de anelamento, envolvendo DNA’s de acessos de milhos crioulos resgatados no âmbito do trabalho.

Reação

Oligonucleotídeos ISSR (5′ → 3′)

Temperatura de anelamento – Ta (ºC)

Placa 1

ISSR 803 (ATA TAT ATA TAT ATA TC)

Não amplifica na espécie

ISSR 804 (TAT ATA TAT ATA TAT AA)

Não amplifica na espécie

ISSR 805 (TAT ATA TAT ATA TAT AC)

Não amplifica na espécie

ISSR 807 (AGA GAG AGA GAG AGA GT)

54oC

Placa 2

ISSR 808 (AGA GAG AGA GAG AGA GC)

47oC

ISSR 812 (GAG AGA GAG AGA GAG AA)

47oC

ISSR 818 (CAC ACA CAC ACA CAC AG)

48oC

ISSR 820 (GTG TGT GTG TGT GTG TC)

46oC

Placa 3

ISSR 823 (TCT CTC TCT CTC TCT CC)

46oC

ISSR 827 (ACA CAC ACA CAC ACA CG)

47oC

ISSR 830 (TGT GTG TGT GTG TGT GG)

54oC

ISSR 833 (ATA TAT ATA TAT ATA TYG)

Não amplifica na espécie

Placa 4

ISSR 838 (TAT ATA TAT ATA TAT ARC)

Não amplifica na espécie

ISSR 842 (GAG AGA GAG AGA GAG AYG)

56oC

ISSR 848 (CAC ACA CAC ACA CAC ARG)

49oC

ISSR 850 (GTG TGT GTG TGT GTG TYC)

46oC

Placa 5

ISSR 856 (ACA CAC ACA CAC ACA CYA)

56oC

ISSR 858 (TGT GTG TGT GTG TGT GRT)

59oC

ISSR 863 (AGT AGT AGT AGT AGT AGT)

Não amplifica na espécie

ISSR 867 (GGC GGC GGC GGC GGC GGC)

59oC

Placa 6

ISSR 870 (TGC TGC TGC TGC TGC TGC)

Não amplifica na espécie

ISSR 876 (GAT AGA TAG ACA GAC A)

48oC

ISSR 883 (BVB TAT ATA TAT ATA TA)

Não amplifica na espécie

ISSR 884 (HBH AGA GAG AGA GAG AG)

46oC

Placa 7

ISSR 886 (VDV CTC TCT CTC TCT CT)

51oC

ISSR 888 (BDB CAC ACA CAC ACA CA)

54oC

ISSR 892 (TAG ATC TGA TAT CTG AAT TCC C)

Não amplifica na espécie

ISSR 894 (TGG TAG CTC TTG ATC ANN NNN)

Não amplifica na espécie

Placa 8

ISSR 895 (AGA GTT GGT AGC TCT TGA TC)

Não amplifica na espécie

ISSR 897 (CCG ACT CGA GNN NNN NAT GTG G)

Não amplifica na espécie

ISSR 898 (GAT CAA GCT TNN NNN NAT GTG G)

Não amplifica na espécie

ISSR 900 (ACT TCC CCA CAG GTT AAC ACA)

Não amplifica na espécie

Placa 9

ISSR 814 (CTC TCT CTC TCT CTC TA)

Monomórfico

ISSR 828 (TGT GTG TGT GTG TGT GA)

46oC

ISSR 829 (TGT GTG TGT GTG TGT GC)

46oC

ISSR 843 (CTC TCT CTC TCT CTC TRA)

Não amplifica na espécie

Placa 10

ISSR 849 (GTG TGT GTG TGT GTG TYA)

47oC

ISSR 866 (CTC CTC CTC CTC CTC CTC)

56oC

ISSR 877 (TGC ATG CAT GCA TGC A)

Monomórfico

ISSR 879 (CTT CAC TTC ACT TCA)

Monomórfico

Placa 11

ISSR 810 (GAG AGA GAG AGA GAG AT)

47oC

ISSR 816 (CAC ACA CAC ACA CAC AT)

46oC

ISSR 825 (ACA CAC ACA CAC ACA CT)

47oC

ISRR 836 (AGA GAG AGA GAG AGA GYA)

46oC

Placa 12

ISSR 844 (CTC TCT CTC TCT CTC TRC)

Não amplifica na espécie

ISSR 847 (CAC ACA CAC ACA CAC ARC)

47oC

ISSR 853 TCT CTC TCT CTC TCT CRT)

Inconclusivo

ISSR 855 (ACA CAC ACA CAC ACA CYT)

47oC

Placa 13

ISSR 864 (ATG ATG ATG ATG ATG ATG)

51oC

ISSR 865 (CCG CCG CCG CCG CCG CCG)

51oC

ISSR 874 (CCC TCC CTC CCT CCC T)

Não amplifica na espécie

ISSR 880 (GGA GAG GAG AGG AGA)

46oC

Placa 14

ISSR 882 (VBV ATA TAT ATA TAT AT)

Não amplifica na espécie

ISSR 887 (DVD TCT CTC TCT CTC TC)

51oC

ISSR 889 (DBD ACA CAC ACA CAC AC)

51oC

ISSR 890 (VHV GTG TGT GTG TGT GT)

46oC

Fonte: O próprio autor.

Figura 3: Exemplificação de corrida eletroforética para testes de gradiente de temperatura de anelamento, envolvendo oligonucleotídeos (primers) ISSR (45oC a 65oC) e DNA de variedades de milho crioulo. A e B referem-se a genótipos aleatoriamente escolhidos da coleção resgatada.

Fonte: O próprio autor.

Foram caracterizadas todas as 44 variedades de milho crioulo resgatadas no âmbito deste projeto, envolvendo os 34 oligonucleotídeos (primers) ISSR identificados como polimórficos. Nesta perspectiva, foram executadas 1.344 reações referentes aos procedimentos de testes de gradientes de temperaturas de anelamento, além de outras 1.632 para amplificações da coleção resgatada, desconsiderando as falhas esporádicas (153 reações refeitas).

As análises de distâncias genéticas foram realizadas a partir das amplificações das 44 variedades de milhos crioulos resgatadas, divididas em dois grupos de 22 acessos por circunstância do potencial vantagem fenotípica (“nível de tolerância a veranicos” e “produção na ausência de insumos”). Os 34 primers ISSR utilizados produziram 32 bandas monomórficas e 213 bandas polimórficas, totalizando 245 bandas amplificadas de boa qualidade. A quantidade de bandas variou de 15 [(GA) 8C] a 3 [(GA) 8YT], com média de 7,2 por oligonucleotídeo (primer). Do total de bandas amplificadas, 86,94% revelaram polimorfismo, sugerindo uma elevada variabilidade genética entre as 44 variedades de milhos crioulos resgatadas, em relação aos dados geralmente encontrados no melhoramento convencional. Os oligonucleotídeos em que prevalecia a sequência de bases GA amplificaram o maior número de fragmentos polimórficos.

Nas Tabelas 3 e 4 encontram-se as matrizes de distâncias genéticas relativas (%). A partir dos dados, identificou-se as variedades mais divergentes entre si (menos similares), o que orientou os esquemas de hibridações recíprocas (prevendo efeitos maternos). Adotou-se como critério as combinações em que as variedades apresentaram divergência genética relativa superior a 20% (Tabela 5). A diferenciação genética observada neste trabalho é bastante superior à maioria dos estudos de diversidade, sejam eles envolvendo animais, plantas e microrganismos; executados com a mesma coleção de oligonucleotídeos da University of British Columbia (UBC primer set #9, Vancouver, Canada) (SOUZA et al.,2008; GEORGE et al.,2009; ANAND et al.,2010; RIZKALLA, et al.,2012; GHAZALLI et al.,2015; VIEIRA et al., 2015). Estes resultados são de especial interesse para fomentar programas de melhoramento.

O estudo da diversidade visa a elucidar relações genéticas, quantificar ou predizer o nível de variabilidade total existente e a sua distribuição entre e/ou dentro de unidades taxonômicas, quer elas envolvam indivíduos; acessos de banco de germoplasma; linhagens; cultivares; populações de sistemas controlados de acasalamento ou naturais (exogâmicas); e espécies. Este conhecimento tem proporcionado importantes contribuições ao melhoramento genético, ao gerenciamento de bancos de germoplasma, à conservação de recursos genéticos e ao entendimento dos processos evolutivos (CRUZ et al., 2011).

Dentre as possibilidades de estudos da diversidade, destacam-se: determinação das inter-relações genéticas entre linhagens, cultivares e populações; identificação de combinações parentais adequadas à obtenção de híbridos altamente heteróticos e que possibilitem maior segregação em recombinações, com o aparecimento de transgressivos; introgressão de genes favoráveis provenientes dos acessos de bancos de germoplasma, componentes da base genética da espécie-alvo; identificação de variedades derivadas genealogias específicas. Além disso, nos bancos de germoplasma, a análise da diversidade pode ajudar a classificar corretamente um acesso, identificar duplicatas e subgrupos de coleções-núcleo, além de auxiliar na quantificação do nível de variabilidade presente em um pool gênico, bem como seu fluxo através do tempo (REIF et al.,2005).

Tabela 3: Matriz de distâncias genéticas relativas (frequência) entre 22 variedades de milho crioulas (produção na tolerância a veranicos).

1

2

3

4

5

6

7

8

9

10

11

12

13

14

15

16

17

18

19

20

21

22

1

1,00

                     

2

0,93

1,00

                    

3

0,91

0,89

1,00

                   

4

0,92

0,79*

0,88

1,00

                  

5

0,90

0,88

0,89

0,92

1,00

                 

6

0,93

0,91

0,87

0,84

0,91

1,00

                

7

0,92

0,87

0,90

0,93

0,92

0,76*

1,00

               

8

0,82

0,91

0,94

0,89

0,82

0,95

0,87

1,00

              

9

0,95

0,88

0,92

0,86

0,91

0,88

0,83

0,88

1,00

             

10

0,91

0,89

0,88

0,89

0,89

0,93

0,95

0,89

0,93

1,00

            

11

0,88

0,87

0,89

0,87

0,84

0,86

0,98

0,94

0,95

0,92

1,00

           

12

0,89

0,90

0,87

0,90

0,89

0,88

0,93

0,90

0,90

0,94

0,94

1,00

          

13

0,75*

0.94

0,90

0,94

0,87

0,89

0,92

0,94

0,94

0,91

0,93

0,92

1,00

         

14

0,88

0,92

0,94

0,92

0,90

0,77*

0,83

0,92

0,90

0,89

0,92

0,94

0,90

1,00

        

15

0,87

0.84

0,92

0,88

0,94

0,90

0,91

0,96

0,84

0,87

0,90

0,86

0,94

0,90

1,00

       

16

0,89

0,90

0,91

0,85

0,92

0.94

0,88

0,89

0,96

0,84

0,94

0,93

0,91

0,94

0,91

1,00

      

17

0.89

0,84

0,88

0,94

0,88

0,92

0,90

0,87

0,87

0,86

0,90

0,83

0,90

0,94

0,87

0,89

1,00

     

18

0,83

0,92

0,89

0,90

0,94

0,87

0,89

0,90

0,94

0,87

0,89

0,90

0,94

0,87

0,89

0,94

0,86

1,00

    

19

0,95

0,90

0,87

0,70*

0,97

0,90

0,88

0,92

0,85

0,88

0.94

0,86

0,90

0,94

0,87

0,89

0,82

0,87

1,00

   

20

0,92

0.93

0,90

0,90

0,94

0,90

0,83

0,89

0,90

0,94

0,87

0,89

0,96

0,94

0,88

0,94

0,87

0,94

0,91

1,00

  

21

0,92

0,83

0,89

0,90

0,94

0,87

0,89

0,90

0,94

0,87

0,89

0,93

0,89

0,92

0,94

0,90

0,93

0,92

0,86

0,92

1,00

 

22

0,85

0,90

0.94

0,87

0,89

0,94

0,87

0,89

0,87

0,89

0,93

0,85

0,90

0,89

0,92

0,94

0,83

0,96

0,86

0,90

0,89

1,00

*Combinações de variedades mais divergentes entre si (menos similares). Fonte: O próprio autor.

Tabela 4: Matriz de distâncias genéticas relativas (frequência) entre 22 variedades de milho crioulas (produção na ausência de insumos).

23

24

25

26

27

28

29

30

31

32

33

34

35

36

37

38

39

40

41

42

43

44

23

1,00

                     

24

0,92

1,00

                    

25

0,91

0,85

1,00

                   

26

0,90

0,94

0,86

1,00

                  

27

0,94

0,92

0,90

0,77*

1,00

                 

28

0,92

0,88

0,94

0,90

0,82

1,00

                

29

0,91

0,85

0,92

0.94

0,92

0,86

1,00

               

30

0,88

0,94

0,78*

0,92

0,82

0,95

0,87

1,00

              

31

0,95

0,88

0,87

0,89

0,91

0,88

0,83

0,88

1,00

             

32

0,91

0,89

0,90

0,77*

0,89

0,93

0,95

0,89

0,93

1,00

            

33

0,88

0,87

0,89

0,87

0,84

0,86

0,98

0,94

0,95

0,87

1,00

           

34

0,95

0,88

0,87

0,95

0,88

0,92

0,86

0,91

0,90

0,94

0,84

1,00

          

35

0,91

0,89

0,90

0,91

0,89

0,88

0,89

0,89

0,86

0,98

0,94

0,85

1,00

         

36

0,88

0,87

0,94

0,88

0,87

0,89

0,87

0,84

0,88

0,89

0,90

0,95

0,96

1,00

        

37

0,87

0.84

0,92

0,95

0,88

0,92

0,86

0,91

0,89

0,87

0,94

0,91

0,89

0,90

1,00

       

38

0,89

0,90

0,91

0,91

0,89

0,88

0,89

0,89

0,87

0,90

0,92

0,88

0,87

0,94

0,91

1,00

      

39

0.89

0,84

0,88

0,94

0,72*

0,92

0,88

0,94

0,90

0,94

0,96

0,95

0,88

0,94

0,87

0,85

1,00

     

40

0,83

0,92

0,89

0,90

0,94

0,87

0,85

0,92

0.94

0,92

0,89

0,96

0,94

0,87

0,89

0,94

0,86

1,00

    

41

0,95

0,90

0,87

0,85

0,97

0,90

0,94

0,88

0,92

0,91

0,87

0,87

0,90

0,95

0,88

0,92

0,86

0,93

1,00

   

42

0,92

0.93

0,90

0,90

0,94

0,90

0,87

0,84

0,86

0,88

0,94

0,95

0,96

0,91

0,89

0,88

0,89

0,89

0,91

1,00

  

43

0,92

0,83

0,89

0,90

0,94

0,87

0,89

0,90

0,94

0,89

0,89

0,93

0,89

0,88

0,87

0,89

0,87

0,84

0,86

0,92

1,00

 

44

0,85

0,90

0.94

0,87

0,95

0,88

0,92

0,86

0,91

0,95

0,88

0,92

0,86

0,89

0,92

0,94

0,83

0,96

0,86

0,90

0,90

1,00

*Combinações de variedades mais divergentes entre si (menos similares). Fonte: O próprio Autor.

 

Tabela 5. Esquema de hibridações realizadas entre combinações de variedades divergentes de milho crioulo, com base em primers ISSR.

Hibridações Recíprocas

Combinações

Combinações

(4)

(2)

Milho Preto

x

Colorido Vinhedo

(2)

(4)

Colorido Vinhedo

x

Milho Preto

(7)

(6)

Capitão Enéas 1

x

Almenara 2

(6)

(7)

Almenara 2

x

Capitão Enéas 1

(13)

(1)

Montes Claros 2

x

Milho Branco

(4)

(1)

Milho Branco

x

Montes Claros 2

(14)

(6)

Montes Claros 3

x

Almenara 2

(6)

(14)

Almenara 2

x

Montes Claros 3

(19)

(4)

São João do Paraíso 4

x

 Milho Preto

(4)

(19)

Milho Preto

x

São João do Paraíso 4

(27)

(26)

Sabuco Fino

x

Branco da Barra

(26)

(27)

Branco da Barra

x

Sabuco Fino

(30)

(25)

Vinhedo

x

Asteca

(25)

(30)

Asteca

x

Vinhedo

(32)

(26)

Milho Coruja

x

Branco da Barra

(26)

(32)

Branco da Barra

x

Milho Coruja

(39)

(27)

São João do Paraíso 6

x

Sabuco Fino

(27)

(39)

Sabuco Fino

x

São João do Paraíso 6

O próprio Autor.

Considerações Finais

As coleções prospectadas e caracterizadas neste trabalho possuem enormes potenciais para compor populações-base de programas de melhoramento genético (múltiplas finalidades), sejam eles participativos ou convencionais, sendo que os últimos geralmente padecem por bases genéticas estreitas.

Agradecimentos

Esse trabalho foi fomentado pela Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de Minas Gerais – FAPEMIG, relativo ao projeto “Melhoramento Participativo de Milho com Enfoque na Agrobiodiversidade do Semiárido Mineiro”. (FAPEMIG APQ-03554-14), Edital 07/2014 – Apoio a Projetos de Extensão em Interface com a Pesquisa.

Referências

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CAPÍTULO 4

FIBRAS VEGETAIS UTILIZADAS COMO PLÁSTICOS DE BASE BIOLÓGICA PARA VEÍCULOS AUTOMOTIVOS: UMA REVISÃO

VEGETABLE FIVERS USED AS BIOLOGICALLY-BASED PLASTICS FOR AUTOMOTIVE VEHICLES: A REVIEW

DOI: https://doi.org/10.56001/22.9786500495669.04

Submetido em: 23/02/2023

Revisado em: 13/03/2023

Publicado em: 27/03/2023

Jomar Berton Junior

Instituto Federal do Paraná, Telêmaco Borba-PR

http://lattes.cnpq.br/4714967818055223

Milena do Prado Ferreira

Universidade Estadual de Londrina, Departamento de Química, Londrina-PR

http://lattes.cnpq.br/0390586020405082

Felipe Augusto Gorla

Instituto Federal do Paraná, Assis Chateaubriand-PR

http://lattes.cnpq.br/3755633478254800

Sharise Beatriz Roberto Berton

Universidade Tecnológica Federal do Paraná, Departamento de Química de Materiais, Apucarana-PR

http://lattes.cnpq.br/4838760783430304

 

Resumo

A poluição causada devido ao acúmulo de resíduos poliméricos convencionais, ou seja, provenientes do petróleo, é de grande preocupação para o meio ambiente e para o ser humano. Na busca da diminuição deste impacto ambiental, diversos estudos foram desenvolvidos e aplicados, utilizando os chamados plásticos de base biológica. Veículos automotivos são produzidos a partir de um quinto de seu peso utilizando plástico convencional, devido a isso, o presente trabalho apresentou por meio de revisão da literatura, os diferentes tipos de plásticos que possuem características biodegradáveis, como alternativa para o uso em veículos automotivos, a fim de aprofundar o assunto sobre o tema em questão. O interesse e a produção deste tipo de material, surge a partir de 1940. Anos mais tarde, aparecem os primeiros veículos automotivos que passaram a fazer uso de uma matriz de PLA (Ácido Polilático) de cana-de-açúcar e batata doce e uma matriz epóxi com a adição de juta para algumas peças dos veículos. Portanto, estes materiais já são uma realidade atualmente, e podem ser utilizados em veículos automotivos como substitutos dos polímeros convencionais.

Palavras-Chave: impacto ambiental, meio ambiente, biodegradável.

Abstract

The pollution caused due to the accumulation of conventional polymeric residues, that is, from petroleum, is of great concern for the environment and for the human being. In the search to reduce this environmental impact, several studies were developed and applied, using the so-called bio-based plastics. Automotive vehicles are produced from a fifth of their weight using conventional plastic, due to this, the present work presented, through a literature review, the different types of plastics that have biodegradable characteristics as an alternative for use in automotive vehicles, the in order to delve deeper into the topic in question. The interest and production of this type of material began in 1940. Years later, the first automotive vehicles appeared, which started to use a PLA (Polylactic Acid) matrix from sugarcane and sweet potato and a epoxy matrix with the addition of jute for some vehicle parts. Therefore, these materials are already a reality today, and can be used in automotive vehicles as substitutes for conventional polymers.

Keywords: environmental impact, environment friendly, biodegradable.

 

Introdução

A produção global de plásticos convencionais a base de petróleo, ou seja, os fabricados via polimerização que é a união de monômeros formando polímeros sintéticos, até 2019, somaram cerca de 359 milhões de toneladas por ano (LEOW et al., 2022; MICHAUX, 2019). Esta tendência do uso de plásticos a nível mundial é responsável por aproximadamente 150-200 milhões de toneladas de lixo descartado anualmente (TOURNIER et al., 2020).

Existem basicamente três rotas de descarte do plástico conhecido e aceito globalmente: a reciclagem mecânica, incineração e acumulados em aterro (GARCIA; ROBERTSON, 2017). Porém, muitos destes resíduos sólidos são descartados ilegalmente em rios e oceanos, causando assim, grande impacto ao meio ambiente, tornando-o altamente insustentável (LEOW et al., 2022).

Por isso, sugere-se a biodegradação, que é a mineralização de materiais como resultado da ação de microrganismos de ocorrência natural, como os fungos e bactérias. Porém, biodegradação dos plásticos tradicionais é muito limitada, devido principalmente ao seu alto peso molecular, estrutura química e baixa solubilidade em água (GÓMEZ; MICHAEL JR, 2013). Por este motivo, o plástico convencional permanece no meio ambiente por muitos anos, gerando assim diversos problemas principalmente ambientais.

A fim de fornecer um ambiente sustentável para futuras gerações, além de reduzir nossa dependência de plásticos convencionais, torna-se essencial o esforço para utilização e melhoria da tecnologia dos chamados plástico de base biológica biodegradáveis ou plástico biodegradável, que sofrem este processo de biodegradação (GÓMEZ; MICHAEL JR, 2013).

Os plásticos de base biológica, são produzidos a partir de matérias primas renováveis como sementes, grãos entre outras matrizes e são biodegradáveis com a ação natural de microrganismos. Já os plásticos biodegradáveis, possuem cadeias poliméricas que sob condições apropriadas possuem o mesmo efeito natural de ação de microrganismos, que decompõem em substâncias menores, porém, são plásticos feitos com o amido, celulose e outros polissacarídeos. Temos ainda os bioplásticos, que é uma designação geral para plásticos biodegradáveis, ou seja, plásticos que são produzidos a partir de compostos renováveis e ainda possuem as mesmas propriedades que os plásticos convencionais, porém são sustentáveis (GÓMEZ; MICHAEL JR, 2013). 

Pesquisas estão sendo desenvolvidas com o objetivo aperfeiçoar e utilizar cada vez mais estes tipos de plásticos citados acima. Devido a isso, recentemente, inúmeras tendências no desenvolvimento de plásticos de base biológica a partir de fibras vegetais ou biomassa renovável proveniente de plantas têm surgido, tornando o mundo mais sustentável e verde (SHEN et al., 2020).

Outro exemplo que surgiu são os bioplásticos formados a partir de butanodiol (BDO), este é um produto químico usado como solvente e em blocos de construção em bioplásticos. Estes bioplásticos formados a partir de BDO são completamente biodegradáveis, formando o Bio-BDO que pode ser utilizado para criar uma ampla gama de produtos, incluindo para-choques de carro, de uma forma mais eficiente em termos energéticos e sem petróleo ou gás natural (BECKER; WITTMAN, 2015).

Importante destacar que a degradação total destes materiais, ocorrem facilmente sob a influência de temperatura, umidade, luz, oxigênio disponível e a ação por microrganismos (KOITABASHI et al., 2012).

Diante disso, este trabalho tem como objetivo apresentar os diferentes tipos de plásticos que possuem características biodegradáveis, principalmente os de base de fibras vegetais para uso em veículos automotivos, em comparação com os plásticos convencionas, a fim de aprofundar o assunto e difundir o conhecimento sobre o tema em questão, para que possamos tornar o mundo cada vez mais verde.

Metodologia

A presente pesquisa foi realizada primeiramente por um levantamento prévio de artigos que abordam o tema em questão. O critério de escolha deu-se principalmente pelos mais recentes e relacionados a pesquisa, estes foram selecionados e citados ao longo do artigo.

A pesquisa de revisão bibliográfica, foi realizada utilizando bases científicas, das quais é possível citar: Scielo, Portal da Capes, ISI – Web of Science, entre outras bases, utilizando as palavras-chave citadas no artigo e palavras/frases como: veículos sustentáveis, carros utilizando tecnologia verde, fibras vegetais, bioplásticos, fibra de coco, substituição de plásticos convencionais, produção de plásticos a base de fibras vegetais, entre outras. As expressões equivalentes a estas palavras-chave na língua inglesa, são: sustainable vehicles, cars using green technology, plant fibers, bioplastics, coconut fiber, replacement of conventional plastics, production of plant-based plastics.

Do ponto de vista científico, artigos de revisão bibliográfica são extremamente importantes devido a apresentação de um caráter exploratório, além disso, possibilita maior aprofundamento do tema em questão, pois o mesmo é desenvolvido baseado em artigos já publicados (FERREIRA et al., 2019).

  • Levantamento bibliográfico para estudo do tema

A seguir, são apresentados uma revisão de artigos científicos publicados principalmente sobre o desenvolvimento dos plásticos de base biológica, utilizando as mais variáveis fibras vegetais e outros constituintes para a produção destes.

Resultados e Discussão
  • Produção e desenvolvimento de plásticos de base biológica

A contaminação do meio ambiente com detritos plásticos convencionais é um dos maiores problemas ambientais que enfrentamos atualmente, isto influencia a fauna e flora todo o ecossistema, incluindo os seres humanos (KOELMANS et al., 2019). Estima-se que apenas cerca de 70% de todo o plástico produzido tenha sido destinado corretamente, e o restante (30%), foi ou é descartado de maneira inadequada (BIZOKOJC, 2021).

Devido a isso, a produção de bioplásticos, ou seja, tanto os plásticos de base biológica quanto plásticos biodegradáveis, podem ser classificados desta maneira, começou a surgir forte interesse logo nas décadas de 1940 e 1950 (TSUJI, 2000).

Em 1966 a Mercebes-Benz inovou nos painéis das portas de seus veículos com a utilização de uma matriz epóxi com a adição de juta (PHONG et al., 2010). A Toyota, utilizou uma matriz de PLA (Ácido Polilático) de cana-de-açúcar e batata doce e foi reforçada com fibras de kenaf (AVEROUS et al., 2000). Já em 2000, a Audi lançou o carro de médio porte, reforçado com material misto de linho/sisal (TSUJI, 2000).

Para motores de automóveis da Mitsubichi, alguns componentes internos que combinam fibras de bambu juntamente com uma resina à base de plantas e polibitileno succinato (PBS), além de tapetes feitos com PLA e fibras de nylon (VAN DE VELDE; KIEKENS, 2002). 

Desde então vêm aumentando, chegando recentemente a quase 368 milhões de toneladas globalmente em 2019 (PLASTICSEUROPE, 2020). Aproximadamente 1% desta produção é composta por plásticos de base biológica (PLASTICSEUROPE, 2020).

Os plásticos produzidos a partir de base biológica, são polímeros sintetizados utilizando recursos renováveis como amido, açúcar, diferentes tipos de fibras naturais ou outros compostos orgânicos biológicos. (GÓMEZ; MICHAEL JR, 2013). Diversas proteínas vegetais como zeína de milho, glúten de soja, trigo, além de proteínas animais como proteínas do leite, colágeno, gelatina, queratina, entre outras podem também serem utilizadas para o desenvolvimento dos bioplásticos (CHONG et al., 2021).

Porém, utilizando apenas água para a gelatinização, se produz produtos muito quebradiços, por isso, para ser lançados bioplásticos de sucesso, se faz necessário a adição de plastificantes como o glicerol ou sorbitol, que são muito utilizados e compatíveis com proteínas, esta adição melhora a flexibilidade e manuseabilidade dos filmes (BERTON et al., 2020; GONZÁLEZ; ROMERO, 2022).

Os bioplásticos a base de amido pertence a classe dos mais produzidos atualmente, estes são realizados com misturas complexas de outros plásticos compostáveis, como o PLA (Ácido Polilático); PBLAT (Polibutirato); PBS (Polibutileno succinato) e PHAs (Polihidroxialcanoatos) (RAVINDRA et al., 2018; VENKATACHALAM; PALANISWAMY, 2020).

Estas misturas complexas são essenciais para melhorar as propriedades mecânicas dos filmes e também evitar o encolhimento dos mesmos. Alguns enchimentos são usados como reforço em materiais termoplásticos para melhorar o comportamento mecânico de filmes a base de amido. A bentonita (argila composta sobretudo pelo mineral montmorilonita), provoca interação com redes compostas de amido, e pode ser utilizado para a produção de bioplásticos a base de amido (BEHERA et al., 2022).

Está ganhando espaço, os chamados compósitos poliméricos, que é resultado da mistura de mais de um elemento, trabalhando juntos, com o objetivo de produzir um material, cuja propriedades sejam diferentes quando comparada com a deles em sua forma isolada, e estes são utilizados em vários setores, incluindo o automotivo, aeroespacial e construção (PATEL et al., 2022).

Pesquisas utilizando resíduos vegetais como fibras de coco e juta são uma realidade, e foram utilizados como reforços em um compósito de resina epóxi feito pelo método de laminação manual. O resultado mostra que o compósito epóxi reforçado com fibra de juta oferece propriedades mecânicas aprimoradas quando comparadas com as amostras feitas de compósito de fibra de coco e fibra mista (PATEL et al., 2022).

Alguns outros tipos de compósitos já foram produzidos, utilizando diversas fibras vegetais como eucalipto, juta, linho, kenaf para aplicação em peças internas de automóveis além das tecnologias para realizar tais peças (moldagem por injeção, moldagem por injeção de baixa pressão, entre outras) (MAGURNO, 2000).

Este é um avanço extremamente importante, pois sabe-se que os materiais poliméricos representam aproximadamente 20% do peso total de veículos automotivos. Sendo assim, os compósitos de fibra natural com matrizes termoplásticas e termofixas, estão sendo cada vez mais utilizados pelas indústrias de automóveis europeus. Estes compósitos são utilizados na fabricação de diversas peças, como painéis, portas, encostos de banco, entre outras peças internas (DENAULT, 2009).

Neste sentido, Rusu et al., (2012), mostram três exemplos de bioplásticos e bioplásticos reforçados com fibras vegetais para demonstrar o quão potencial são estes materiais com o objetivo de utilizá-los em aplicações automotivas (RUSU et al., 2012).

Os exemplos são: Bio-PA (Biopoliamidas), produzidas com biomassa renovável, que possui excelente propriedade mecânica, resistência a temperatura, resistência a produtos químicos como óleos e solventes. O segundo exemplo seria o Bio-PP (Polipropileno de base biológica), pode ser obtido a partir de recursos biológicos por desidratação de butileno de bio-isobutanol obtido a partir de glicose e subsequente polimerização (SIRACUSA; BLANCO, 2020; RUSU et al., 2012).  A mistura de compostos à base de PLA (Poli (ácido lático)), também é um polímero biodegradável, com unidades repetidas de ácido lático e pode ser derivado até mesmo de resíduos agrícolas (DEERAJ et al., 2022).

­­Considerações Finais

Polímeros biodegradáveis são uma classe especial de materiais ecologicamente corretos, que apresentam benefícios para a humanidade e principalmente para o meio ambiente. Como foi possível observar ao longo do artigo, estes materiais já são uma realidade atualmente, e podem ser utilizados em veículos automotivos como substitutos dos polímeros convencionais, visto que aproximadamente 20% em peso de um veículo é constituído de polímeros. Estes chamados convencionais, são à base de petróleo, não são degradáveis e causam enorme poluição após o seu uso final.

Desde 1940, o interesse e a produção dos bioplásticos, tem sido impulsionado por problemas de gerenciamento de resíduos cada vez mais acentuados. Pesquisas recentes sobre o tema em questão, demonstram que estes plásticos biodegradáveis a base biológica está crescendo continuamente, e espera-se que estes ocupem uma posição própria no mercado de polímeros.

A aplicação destes compostos verdes precisam ser muito bem estudas em relação a sua aplicabilidade em um veículo automotivo, pois dependendo do local onde é aplicado, ou seja, lugares onde ocorra boa disponibilidade de luz, calor, umidade, pode apresentar problemas devido a sua natureza decomponível. Esta questão de biodegradabilidade pode ser um problema que precisa ser abordado quando se visa a aplicação de compósitos 100% de base biológica.

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CAPÍTULO 5

CARACTERIZAÇÃO QUÍMICA DO ÓLEO ESSENCIAL EXTRAÍDO DE CASCAS DE Schinus terebinthifolius RADDI NO MUNICÍPIO DE PETROLINA-PE

ESSENCIAL OIL CHEMICAL CHARACTERIZATION EXTRACTED FROM THE BARK OF Schinus terebinthifolius RADDI IN THE PETROLINA-PE COUNTY

 

DOI: https://doi.org/10.56001/22.9786500495669.05

Submetido em: 14/03/2023

Revisado em: 22/03/2023

Publicado em: 27/03/2023

 

Michele Sousa Travassos Torres

PhD Student from the Doctoral Graduate Program in Agroecology and Territorial Development, Universidade Federal do Vale do Rio São Francisco (UNIVASF), Petrolina-PE, Brazil

http://lattes.cnpq.br/8285810788197107

Rita de Cássia Rodrigues Gonçalves Gervásio

PhD Professora, Doctoral Graduate Program in Agroecology and Territorial Development, Universidade Federal do Vale do Rio São Francisco (UNIVASF), Petrolina-PE, Brazil

http://lattes.cnpq.br/8008165182839362

Yury Jansen Soares Siqueira Torres

Mestrado em Química Analítica, Universidade Federal do Maranhão (UFMA), São Luís-MA, Brazil

http://lattes.cnpq.br/7582349700423169

 

Resumo

Schinus terebinthifolius Raddi é uma planta nativa do Brasil, porém não endêmica, pertencente à família Anacardiaceae, com ampla distribuição geográfica nas regiões Nordeste, Centro-Oeste, Sudeste e Sul do país. Suas folhas e cascas do caule são amplamente utilizadas na medicina popular como adstringente, antimicrobiano, cicatrizante, anti-inflamatório, antipirético e analgésico. A maioria dos estudos químicos realizados até o momento indicam que essa espécie possui uma quantidade significativa de terpenos nos óleos essenciais de suas folhas. No entanto, há uma escassez de estudos que explorem os compostos químicos presentes na casca de Schinus terebinthifolius. Nesse sentido, o objetivo deste estudo foi avaliar os constituintes químicos presentes no óleo essencial das cascas de S. terebinthifolius coletadas no município de Petrolina-PE. O material para extração do óleo essencial foi constituído de cascas frescas de S. terebinthifolius. A extração dos óleos essenciais foi realizada por hidrodestilação e sua análise química através de cromatografia gasosa.  O rendimento de óleo essencial obtido foi 0,2%, sendo que os constituintes majoritários foram os sesquiterpenos Caryophyllene oxide (13.61%) e Caryophylla- 4(12),8(13) -dien-5α-ol (3.89%). A relação entre as propriedades terapêuticas do óleo essencial das cascas de S. terebinthifolius e sua composição química é um tema de grande importância. No entanto, é fundamental realizar estudos mais detalhados sobre os efeitos biológicos e sinérgicos dos componentes químicos presentes neste óleo essencial, a fim de explorar plenamente seu potencial terapêutico em aplicações medicinais.

Palavras-chave: plantas aromáticas; cromatografia gasosa; metabólicos secundários.

Abstract

Schinus terebinthifolius Raddi is a plant native to Brazil, but not endemic, belonging to the Anacardiaceae family, with wide geographic distribution in the Northeast, Midwest, Southeast and South regions of the country. Its leaves and stem bark are widely used in folk medicine as an astringent, antimicrobial, healing, anti-inflammatory, antipyretic and analgesic. Most chemical studies carried out so far indicate that this species has a significant amount of terpenes in the essential oils of its leaves. However, there is a scarcity of studies that explore the chemical compounds present in the bark of Schinus terebinthifolius. In this sense, the objective of this study was to evaluate the chemical constituents present in the essential oil of the bark of S. terebinthifolius collected in the municipality of Petrolina-PE. The material for extracting the essential oil consisted of fresh bark of S. terebinthifolius. The extraction of essential oils was performed by hydrodistillation and their chemical analysis through gas chromatography. The yield of essential oil obtained was 0.2%, and the major constituents were the sesquiterpenes Caryophyllene oxide (13.61%) and Caryophylla-4(12),8(13)-dien-5α-ol (3.89%). The relationship between the therapeutic properties of the essential oil from the bark of S. terebinthifolius and its chemical composition is a topic of great importance. However, it is essential to carry out more detailed studies on the biological and synergistic effects of the chemical components present in this essential oil, in order to fully explore its therapeutic potential in medicinal applications.

Keywords: aromatic plants; gas chromatography; secondary metabolites.

 

Introdução

Schinus terebinthifolius Raddi é uma planta nativa do Brasil, porém não endêmica, pertencente à família Anacardiaceae, com ampla distribuição geográfica nas regiões Nordeste, Centro-Oeste, Sudeste e Sul do país (FLORA DO BRASIL, 2018). Suas folhas e cascas do caule são amplamente utilizadas na medicina popular como adstringente, antimicrobiano, cicatrizante, anti-inflamatório, antipirético e analgésico (MAIA et al., 2021; CARVALHO et al., 2013; SANTOS et al., 2010; SANTOS et al., 2012). Além disso, essa espécie vegetal é usada principalmente como condimento, conhecido como pimenta-rosa e obtido através do processamento de seus frutos (ULIANA et al., 2016; CORADIN et al., 2018).

 A aroeira-vermelha (S. terebinthifolius) se caracteriza como sendo uma árvore perenifólia, com altura que varia entre 5 e 10 m e uma copa ampla. Seu tronco é cilíndrico e pouco denso (MAIA et al., 2021). Neves et al., (2016) e Rorato et al., (2018) descreveram a casca interna do tronco de S. terebinthifolius como fibrosa, com odor característico de terebintina e tonalidade avermelhada. As flores são pequenas, masculinas e femininas, reunidas em panículas piramidais na extremidade dos ramos. Os frutos, do tipo drupa, são muito aromáticos, medem de 4 a 5 mm de diâmetro, com coloração vermelho vivo, tornando-se brilhantes, à medida que amadurecem (LORENZI; MATOS, 2002). A maioria dos estudos químicos realizados até o momento indicam que essa espécie possui uma quantidade significativa de terpenos em seus óleos essenciais, incluindo monoterpenos como: limoneno, α-pineno, β-pineno, α-felandreno, δ-3-careno, o-cimeno, mirceno e, sesquiterpenos como:  germacreno D presentes nas folhas e frutos (RAMOS et al., 2022; GOIS et al., 2016; SANTOS et al., 2014; GILBERT; FAVORETO, 2011; BARBOSA et al., 2007). No entanto, hoje há uma escassez de estudos que explorem os compostos químicos presentes na casca de S. terebinthifolius.

A rica composição química dos óleos essenciais está diretamente relacionada às atividades biológicas benéficas à saúde e ao meio ambiente. No entanto, a composição química pode variar para uma mesma espécie devido a fatores como estações do ano, horário de coleta, região, secagem da planta antes do processo de extração, método de extração e condições de armazenamento (SILVA et al., 2005; BARBOSA et al., 2006; LEMOS et al., 2012; PIMENTEL et al., 2013; FRANCO‐VEGA et al., 2016), interferindo na quantidade e qualidade dos seus constituintes químicos (BALDOUX, 2018; GOBBO-NETO; LOPES, 2007). Neste contexto, o objetivo deste estudo foi avaliar os constituintes químicos presentes no óleo essencial das cascas de S. terebinthifolius coletadas no município de Petrolina-PE.

Material e Métodos
  • Material Vegetal

A espécie vegetal S. terebinthifolius utilizada neste estudo, foi identificada pela equipe de profissionais do Centro de Referência para Recuperação de Áreas Degradadas da Caatinga, da Universidade Federal do Vale do São Francisco (CRAD/UNIVASF). Três amostras da planta foram depositadas no Herbário Vale do São Francisco (HVASF) com o seguinte número de registro: S. terebinthifolius (24.233). O material para extração do óleo essencial foi constituído de cascas frescas de S. terebinthifolius coletadas no período da manhã, entre os meses de março a maio de 2021. As coletas foram realizadas em um viveiro na região central do município de Petrolina-PE (latitude: 9° 22’ 60” S e longitude: 40° 27’ 26” W).

  • Extração e rendimento do óleo essencial

Para a extração dos óleos essenciais, foram pesados em triplicata 100 g de cascas frescas de S. terebinthifolius. O material foi transferido, individualmente, para balões volumétricos de 2 litros, aos quais foi adicionado 1,5 L de água. Cada balão foi acoplado a um aparelho de Clevenger para proceder à hidrodestilação, seguindo as recomendações da Farmacopeia Europeia (1983). Ao final do processo, o óleo essencial foi medido diretamente em uma bureta de extração. A análise gravimétrica para se obter o rendimento de óleo (%, p/p) foi realizada com base no peso fresco, conforme equação:

RO% = (Mo*100) / Bm.

Onde: RO%, Mo e Bm, correspondem ao rendimento do óleo essencial, a massa do óleo essencial extraído e biomassa vegetal, respectivamente.

Após a extração, os óleos foram armazenados em frasco âmbar e conservados a 4°C até o uso.

  • Análise GC-MS

A análise química do óleo essencial foi realizada utilizando o equipamento SHimadzu QP 2020, que consiste num Cromatógrafo Gasoso GC-2010, acoplado a um analisador de espectrometria de massas quadrupolar. A coluna utilizada foi uma RTX 5MS (crosslinked 5% fenil metil siloxano) com 30 m × 0,25 mm de diâmetro interno (DI), espessura de película de 0,25 µm. O gás de arraste foi o hélio, com fluxo de coluna de 1,82 ml.min-1. A quantidade de amostras injetadas foi de 1 µL com split de 5:1. A temperatura do forno era inicialmente de 50°C, aumentada a uma taxa de 3°C. min-1 até 280° C. O espectrômetro de massa quadrupolo foi varrido ao longo do intervalo 37 a 660 u (unidade de massas atômica) com uma voltagem de Impacto Eletrônico de 70 eV. Os principais componentes dos óleos essenciais foram identificados com base nos espectros de massa comparados com dados do banco de dados da Biblioteca de Massas NIST14.

 

Resultados e Discussão

  O rendimento de óleo essencial obtido foi 0,2%. A análise por CG-MS dos óleos essenciais de S. terebinthifolius gerou 48 picos (Figura 1), onde foi possível identificar pela comparação do espectro de massa com o banco de dados da Biblioteca de massas NIST14, sete componentes (Tabela 1), sendo em sua maioria sesquiterpenos, perfazendo 57,1% de sua composição total. Os constituintes majoritários foram os sesquiterpenos Caryophyllene oxide (13.61%) e Caryophylla- 4(12),8(13) -dien-5α-ol (3.89%).

 

Figura 1: Perfil cromatográfico do óleo essencial das cascas e tronco de S. terebinthifolius.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Fonte:  Torres, M.S.T. (2022)

Tabela 1. Constituintes do óleo essencial de cascas e tronco de S. terebinthifolius.

(*) Índice de Similaridade com base nos espectros de massa da Biblioteca de Massas NIST14.

(**) Tempo de Retenção.

Fonte:  Torres, M.S.T. (2022)

Os resultados encontrados no presente estudo diferem dos obtidos por ALVES et al., (2015) que avaliaram o rendimento e o perfil fitoquímico dos óleos essenciais de oito espécies vegetais, dentre elas a aroeira-vermelha (S. terebinthifolius) que verificaram um teor de 0,3 % de OE obtido a partir de seus frutos coletados no município de Búzios – RJ. Os mesmos autores identificaram os monoterpenos α-pineno, δ-3-careno e limoneno como componentes majoritários para esta espécie. Enquanto Santos et al., (2013), obtiveram óleo essencial das folhas de Schinus terebinthifolius extraídos por hidrodestilação com um rendimento de 0,8%. Já Pratti (2017), avaliou o rendimento e os compostos químicos dos OEs da espécie S. terebinthifolius obtidos a partir de frutos maduros, frutos imaturos e folhas frescas, coletados nos municípios de Guarapiri -ES e Aracruz-ES. O melhor rendimento obtido por Pratti foi para os frutos maduros que apresentaram um teor de óleo essencial de 2,73%. No que se refere a composição química, esta mesma autora identificou para os frutos maduros predominância de constituintes monoterpênicos, com traços de sesquiterpenos, enquanto no óleo essencial dos frutos imaturos e das folhas observou-se a presença de sesquiterpenos em maior quantidade. O componente majoritário do óleo essencial do fruto maduro e das folhas foi o δ-3-careno, já do fruto imaturo foi o limoneno. Comparando os estudos realizados por Alves et al., (2015) e Pratti (2017) que trabalharam com extração de OE de S. terebinthifolius, a partir de frutos, verificou-se que apenas dois dos três componentes majoritários identificados no trabalho de Alves et al., (2015) foram comuns aos constituintes identificados por Pratti (2017), sendo estes o δ-3-careno e limoneno, em diferentes concentrações. A variação da composição química dos OEs extraídos por Alves et al., (2015) e Pratti (2017) foi totalmente diferente do perfil cromatográfico do OE extraído das cascas de S. terebinthifolius do presente trabalho. Neste sentido, acredita-se que a variabilidade química do OE de S. terebinthifolius extraído de diversas partes da planta seja, realmente, influenciada por fatores como clima, solo, estações do ano, forma de plantio, adubação, uso de agrotóxicos, irrigação, tempo e condições ambientais e variação geográfica (FRANCO et al., 2005; OLIVEIRA et al., 2005; APEL et al., 2006; ASEKUN et al., 2006; CARVALHO FILHO et al., 2006; POTZERNHEIM et al., 2006; TELCI et al., 2006; SEFIDKON et al., 2007).

A identificação do óxido de cariofileno como constituinte principal encontrado neste estudo é corroborada com os   resultados obtidos por Alcântara (2015), que investigou a composição química e o potencial terapêutico dos óleos essenciais de 19 espécies amazônicas extraídas das folhas, galhos e frutos através da hidrodestilação. Alcântara (2015) identificou o óxido de cariofileno como o constituinte majoritário da maioria dos óleos essenciais, incluindo folhas de Annona insignis (35,4%), Guatteria blepharophylla (55,7%), G. foliosa (33,7%), G. olivacea (31,2% e 18,5%), G. scytophylla (21,4%) e nos galhos de G. blepharophylla (51,0%). Segundo Alcântara (2015), a maioria dos óleos essenciais que apresentam óxido de cariofileno como constituinte majoritário possui atividades citotóxicas e antimicrobianas comprovadas, indicando o potencial farmacológico desses óleos essenciais para essas funções terapêuticas.

No presente estudo, os monoterpenos Verbenol e Bicyclo[3.1.1]hept-3-en-2-one, 4,6,6-trime, apesar de representarem apenas 28,6% da composição química do óleo essencial das cascas de S. terebinthifolius, desempenham em outros trabalhos, um papel importante como componentes majoritários de vários óleos essenciais extraídos de diferentes espécies de plantas. Diversos óleos essenciais contêm monoterpenos com atividades farmacológicas, como ansiolíticas, antissépticas, anti-inflamatórias, analgésicas, calmantes e sedativas devido à presença desses compostos (WOLFFENBUTTEL, 2016).

Compostos monoterpênicos como linalol, limoneno e citronelol possuem ação sobre o Sistema Nervoso Central (SNC), enquanto mentol e mirceno têm atividade analgésica (PASSOS et al., 2019). O monoterpeno verbenol, por sua vez, apresenta forte ação anti-isquêmica (JU et al., 2013). Já a verbenona pode ser gerada naturalmente através da biotransformação do verbenol, apresentando ações antibacterianas, antifúngicas e larvicidas (ANGIONI et al., 2004; BERNARDES et al., 2010; KYARIMPA et al., 2014; MEEPAGALA et al., 2003).

Mendes (2015) estudou as atividades antifúngicas e anti-ocratoxigênicas de dois óleos essenciais, incluindo o óleo essencial de Rosmarinus officinalis, identificando a verbenona como componente majoritário. Segundo esta mesma autora, o óleo essencial de Rosmarinus officinalis representa uma alternativa promissora tanto para o controle do crescimento do fungo Aspergillus carbonarius quanto para a produção de ocratoxina A. A verbenona também foi identificada em outras espécies vegetais, como Tagetes minuta e Lallemantia royleana (CAMILETTI et al., 2014; KYARIMPA et al., 2014).

Conclusão

A extração do óleo essencial de S. terebinthifolius por hidrodestilação apresenta rendimento inferior em comparação com os teores de óleos essenciais extraídos das folhas frescas e frutos da mesma espécie registrados na literatura.

Por meio da análise cromatográfica dos óleos de cascas de S. terebinthifolius, coletadas em Petrolina-PE, verifica-se a presença de sete componentes, com destaque para o sesquiterpeno óxido de cariofileno (13,61%).

Considerando que o perfil cromatográfico do óleo essencial das cascas de S. terebinthifolius, se caracteriza pela presença de compostos com comprovada importância terapêutica, reforça-se a necessidade de estudos mais detalhados que confirmem suas propriedades biológicas.

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CAPÍTULO 6

DESENVOLVIMENTO E CARACTERIZAÇÃO DE BEBIDA LIOFILIZADA A BASE DE SEMENTES DE GIRASSOL

DEVELOPMENT AND CHARACTERIZATION OF FREEZE-DRIED BEVERAGE BASED SUNFLOWER SEEDS

DOI: https://doi.org/10.56001/22.9786500495669.06

Submetido em: 15/03/2024

Revisado em: 05/04/2024

Publicado em: 14/04/2024

Veridiana de Almeida Flores de Oliveira

Universidade Estadual de Maringá, Departamento de Ciências Básicas da Saúde, Maringá-PR

http://lattes.cnpq.br/3027227842747506

Caroline Wolf Trentini Schipfer

Universidade Estadual de Maringá, Departamento de Ciências Agrárias, Maringá-PR

http://lattes.cnpq.br/7930509783175055

Elienae da Silva Gomes

Universidade Estadual de Maringá, Departamento de Química, Maringá-PR

https://lattes.cnpq.br/6980093890614715

Fernanda Francielle de Castro

Universidade Estadual de Maringá, Departamento de Ciências Agrárias, Maringá-PR

http://lattes.cnpq.br/8575281855435673

Tayane Siqueira Garcia Alves

Universidade Estadual de Maringá, Departamento de Engenharia de Alimentos, Maringá-PR

https://lattes.cnpq.br/4461127559030397

Natallya Marques da Silva

Universidade Estadual de Maringá, Departamento de Ciências Agrárias, Maringá-PR http://lattes.cnpq.br/6906579006675088

Carmen Torres Guedes

Universidade Estadual de Maringá, Departamento de engenharia de alimentos,

Maringá-PR

http://lattes.cnpq.br/4976109407162563

Amanda Tatiane Correa pereira dos santos

Universidade Tecnológica Federal do Paraná, Departamento de Tecnologia de Alimentos, Londrina-PR

http://lattes.cnpq.br/7961479018987770

Naeli Cristina Lavareno

Universidade Estadual de Maringá, Departamento de Engenharia de Alimentos, Maringá-PR

http://lattes.cnpq.br/6486766564838159

Ketlyn Duarte Costa

Universidade Estadual de Maringá, Departamento de Engenharia de Alimentos, Maringá-PR

https://lattes.cnpq.br/1279947420355400

 

 

 

Resumo

A crescente demanda por alimentos práticos e nutritivos tem estimulado o interesse em bebidas vegetais, com destaque para o desenvolvimento de produtos em pó. Este estudo avaliou métodos de secagem para extratos aquosos de sementes de girassol, visando obter um pó adequado para bebidas, utilizando técnicas de liofilização. Inicialmente, foi determinada a composição proximal das sementes de girassol in natura e estabelecida a proporção ideal de semente: água para a produção do extrato líquido, que foi de 1:1,75. A secagem por atomização como teste inicial não se mostrou eficaz devido à aderência significativa do extrato seco nas paredes do spray drier, mesmo com encapsulação com farinha de banana. A técnica de liofilização aplicada ao extrato aquoso nas concentrações (1:1,75), resultando em um pó com rendimento de aproximadamente 0,33 g/ml. A composição proximal do pó liofilizado revelou 34,7% de lipídeos, 18% de proteínas, 3,0% de cinzas, 6,9% de umidade e atividade de água (Aw) de 0,62. O produto demonstrou alta solubilidade (99%) e uma capacidade de formação de espuma de 16%. Os resultados indicam que a liofilização é uma técnica viável para a produção de bebidas vegetais em pó à base de sementes de girassol, proporcionando um produto com características desejáveis para o mercado de alimentos funcionais e práticos.Parte superior do formulárioParte inferior do formulário

Palavras-Chave: bebida vegetal, extrato hidrossolúvel, planta, secagem

Abstract

The growing demand for practical and nutritious foods has heightened interest in plant-based beverages, particularly in the development of powdered products. This study evaluated drying methods for aqueous extracts of sunflower seeds with the aim of producing a suitable powder for beverages, utilizing freeze-drying techniques. Initially, the proximate composition of raw sunflower seeds was determined, and the optimal seed-to-water ratio for the production of the liquid extract was established at 1:1.75. Atomization drying, tested initially, proved ineffective due to significant adherence of the dried extract to the walls of the spray dryer, despite encapsulation with banana flour.The freeze-drying technique applied to the aqueous extract at a ratio of 1:1.75 yielded a powder with a yield of approximately 0.33 g/ml. The proximate composition of the freeze-dried powder revealed 34.7% lipids, 18% proteins, 3.0% ash, 6.9% moisture, and a water activity (Aw) of 0.62. The product exhibited high solubility (99%) and a foam formation capacity of 16%. These results indicate that freeze-drying is a viable technique for producing plant-based beverage powders from sunflower seeds, offering a product with desirable characteristics for the functional and practical food market.

Keywords: Plant-based beverage, water-soluble extract, plant, drying.

 

Introdução

O girassol (figura 1) é botanicamente classificado como Helianthus annuus, caracterizando-se por uma gramínea de grande porte, cultivada em todo o mundo que apresenta curto período de desenvolvimento. É uma planta com grande flor de inflorescência circular amarela, com aquênios que se desenvolvem em sementes maduras, voltadas para os raios do sol, apresenta raiz longa, hastes peludas, folhas largas, dentadas grosseiramente e ásperas (ADELEKE; BABALOLA, 2020).

Figura 1: Partes vegetativas e reprodutivas do girassol, planta, folhas, flor e sementes.

Fonte: Canva Pro Registered Design, 2024.

As sementes de girassol podem ser processadas de várias formas, como farinha, torradas, assadas e cozidas, e são uma rica fonte de nutrientes, com destaque para fibras alimentares e ácidos graxos poli-insaturados, que ajudam na prevenção de doenças (GRASSO et al., 2019). Com o aumento da demanda por alimentos práticos e funcionais devido ao estilo de vida acelerado, o mercado tem se voltado para o desenvolvimento de produtos desidratados, incluindo bebidas vegetais. Esses produtos atendem à crescente procura por opções saudáveis e alternativas ao leite, especialmente para aqueles com intolerância à lactose ou dieta vegetariana e vegana (PEREIRA, 2020).

O uso de produtos em pó liofilizados tem se expandido devido à sua praticidade na preparação e manuseio (CONCEIÇÃO et al., 2016). Além disso, o aumento do consumo de sementes de girassol, ricas em ácido oleico e linoleico, reflete seu valor como ingrediente funcional e matéria-prima (FORTUNE BUSINESS INSIGHTS, 2022). Portanto, este estudo visa investigar a secagem por liofilização para a produção de uma bebida de semente de girassol.

Metodologia

As sementes de girassol com pele usadas neste estudo foram adquiridas em comércio local da cidade de Londrina (PR) e eram provenientes de um único lote. Foram armazenadas em embalagens de polietileno transparente a temperatura ambiente, no laboratório de Panificação A001 do departamento de Tecnologia de Alimentos (PPGTAL) da Universidade Tecnológica Federal do Paraná, até o momento das análises. A farinha de banana, também foi adquirida no comércio local. Todos os reagentes e soluções listados abaixo apresentados apresentavam padrão analítico. O experimento foi realizado no Laboratório A001 de Panificação, A003 de Tecnologia de Carnes, B302 Laboratório de Química e Laboratório Multiusuário, todos no câmpus Londrina da UTFPR.

  • Estudo inicial de secagem

Neste estudo, foram empregados dois métodos de secagem para a obtenção do extrato de sementes de girassol. O primeiro método foi a atomização, que pulveriza o produto líquido em um fluxo de ar quente, promovendo a evaporação da água e a formação de um pó seco (SOUZA et al., 2013). O segundo método foi a liofilização, que remove a água dos produtos congelados por sublimação (RIBEIRO, 2012).

Para determinar a melhor proporção de sementes para água na obtenção do extrato hidrossolúvel, foram realizados testes com as proporções 1:2,5, 1:2,0 e 1:1,75. Em cada caso, 100 gramas de sementes foram misturadas com água na proporção definida, trituradas em liquidificador, filtradas com tamiz mesh 150 (106 micrômetros), e homogeneizadas com Dispersor Ultra Turrax (10.000 rpm por 5 minutos). O extrato seco foi determinado seguindo a metodologia do Instituto Adolfo Lutz (IAL, 2008).

A partir da melhor proporção identificada, foi produzido o pó por atomização. Para o teste TS1, foram ajustados parâmetros como bico atomizador (1,3 mm), vazão de ar de secagem (0,67 m³/min e 1,95 m³/min), e temperatura de entrada (150ºC e 160ºC), com a temperatura de saída variando entre 100ºC e 130ºC. No teste TS2, foi incorporada farinha de banana verde (20% do extrato seco) para melhorar o processo. A mistura foi homogeneizada e a atomização conduzida com os parâmetros ajustados. O pó foi coletado em um recipiente hermético e armazenado a 20ºC.

Para a liofilização, usou-se a proporção 1:1,75. As sementes foram trituradas, refinadas por filtração em peneira mesh 150 (106 micrômetros), e o extrato foi seco a 60ºC por 24 horas para determinar o extrato seco. Após o congelamento do extrato em placas de Petri, as amostras foram liofilizadas a -62ºC e vácuo de 0,60 por 7 dias. O produto liofilizado foi acondicionado em embalagem hermética e armazenado a 20ºC. O rendimento do processo foi calculado com base na massa/volume do extrato.

  • Caracterização e reconstituição do extrato hidrossolúvel de semente de girassol liofilizado

As análises de composição proximal do extrato hidrossolúvel liofilizado foram realizadas em triplicada com base na metodologia de Instituto Adolfo Lutz (IAL, 2008). Ainda para a reconstituição do produto liofilizado foi elaborado um extrato na concentração (1:1.75) e determinado o extrato seco. Para avaliação da atividade de água foi utilizado equipamento AquaLab 4TE marca (Meter Group). As análises foram realizadas em triplicada com aproximadamente 1 grama de amostra. Para a determinação da capacidade de formação de espuma, foi utilizada a metodologia de acordo com Murate (1995). Pesou-se 1,5 gramas da amostra liofilizada em triplicada, adicionando 50 ml de água estéril e em seguida foi homogeneizada com agitação Ultra Turrax, 10.000 rpm por 1 minuto. Após essa etapa, foi observada durante 1 minuto, a estabilidade da espuma. Com base nos valores de volume inicial e final, o valor de percentual de aumento de volume foi calculado.

Para a determinação de solubilidade foi utilizado a metodologia sugerida por Vissoto et al. (2006) com adaptações. Pesou-se 22 gramas do produto liofilizado em béquer de 600 ml e adicionado 100 ml de água destilada a 25ºC. Em seguida para total homogeneização foi utilizado agitação com mixer durante 2 minutos. A solução homogeneizada foi filtrada em peneira com abertura de 30 mesh. Os sólidos retidos na peneira de cada amostra foram pesados em cadinhos e levados a estufa a 60º C durante 24 horas. A solubilidade foi determinada pelo índice de retenção (IR) que é a relação entre a massa solúvel e insolúvel.

Resultados e Discussão
  • Estudos preliminares

Nos testes (TS1) e (TSB2) foram testados dois parâmetros e concentrações de secagem em spray drier. Das três concentrações avaliadas inicialmente conforme a tabela 3, duas foi testada para secagem de acordo com teor de sólidos e parâmetros de secagem do equipamento como mostra a quadro 1.

Quadro 1-Parâmetros de secagem aplicados para obtenção de extrato em pó de semente de girassol em spray

*TS1 (sem farinha de banana); *TSB2 (com e sem farinha de banana) *C- Concentração; *TE-Temperatura de entrada; *TS – Temperatura de saída; *VS-Vazão de saída; *BA-Bico Atomizador; *VA-Vazão de Ar. 

O rendimento de secagem em spray drier depende primeiramente da concentração da solução original. Neste estudo para o teste (TS1) a solução original apresentava 18% de concentração. O extrato aquoso de semente de girassol foi atomizado, contudo o pó não obteve rendimento significativo e grande parte da amostra ficou retida no equipamento. Ao final do processo o rendimento foi de 2,93%. Em função do resultado do teste (TS1), foi proposto como solução o emprego de um material que encapsulasse as partículas do extrato, reduzindo sua adesão e proporcionando maior rendimento. Acredita-se que a adesão das partículas nas paredes do spray dryer se deu por causa do alto conteúdo de lipídios presente na semente de girassol. Dentro das possibilidades que poderiam ser empregadas, foi escolhida a farinha de banana, devido seu caráter funcional, a fim de manter a proposta do produto dentro do nicho mais natural, pois amidos resistentes e alguns carboidratos podem contribuir para melhorar a retenção e a solubilidade do óleo durante a secagem (CARNEIRO et al., 2013). Portanto a aplicação da farinha de banana para a proposta do produto é cabível. 47 No teste (TSB2) a solução original apresentava 25% de concentração, onde foi incorporada a farinha de banana. Em 200 ml de extrato hidrossolúvel de sementes de girassol foi adicionado 20 gramas de farinha de banana. Ao final da secagem, obtiveram-se respectivamente rendimentos de 0,5% e 1,45% para solução incorporada com farinha de banana e solução sem farinha de banana. Nota-se que a adição de farinha de banana não melhorou o rendimento do pó se comparado ao teste (TS1) e (TSB2) sem sua adição. Foi observado que houve a secagem, contudo em ambos os ensaios grande parte do material seco ficou aderida as paredes do equipamento, na câmara de secagem. Tal material apresentava aspecto bastante oleoso como mostra a figura 2.

Figura 2– Aderência da solução de extrato de girassol e farinha de banana.

Fonte: Própria autoria, 2022.

Esta ineficiência no processo pode estar relacionada a parâmetros de secagem aplicados. Segundo Muzaffar et al., (2018) matérias primas de base vegetal podem apresentar algumas limitações tecnológicas que estão ligadas às propriedades higroscópicas e termoplásticas ou seja, a capacidade do produto aderir nas paredes do secador, reduzindo a eficiência de secagem, o rendimento e um pó estável. Os testes (TS1) e (TSB2) em secagem por spray drier não apresentaram resultados satisfatórios para secagem da solução hidrossolúvel de girassol dentro dos parâmetros e possibilidades definidas. Ao invés disso, optou-se por mudar a tecnologia de secagem e realizar testes com a liofilização.

  • Secagem por liofilização

Foi utilizado um extrato hidrossolúvel com concentração de 25%. Os parâmetros utilizados para obter o extrato seco utilizando a técnica de liofilização são descritos no quadro 2.

Quadro 2– Parâmetros de secagem aplicados para obtenção de extrato em pó de semente de girassol em liofilizador.

Fonte: Autoria, 2022.

Para obtenção do pó por liofilização não foram testadas novas concentrações do extrato hidrossolúvel, pois a proporção (1:1,75), apresentou uma quantidade significativa de sólidos. Devido o método não apresentar os problemas de aderência e baixo rendimento como constatado nos testes com spray drier, não foi incorporada na solução farinha de banana. Ao final do processo o extrato hidrossolúvel apresentou rendimento de 0,33 g/ ml, por esta razão foi definido como método de secagem para este experimento. Na figura 3 é possível observar as características visuais do produto após a secagem por liofilização.

Figura 3– Aspecto visual do extrato hidrossolúvel de semente de girassol liofilizado.

Fonte: Própria autoria, 2022.

  • Composição físico-química do extrato hidrossolúvel de semente de girassol liofilizado

Os resultados da composição físico-química do extrato hidrossolúvel em pó são apresentados na tabela 4. Também foi determinada a atividade de água que apresentou resultado ao final de 0,62. A Aw ideal para leite em pó é de 0,70 para que produto não seja deteriorado por microrganismos (FDA, 2014). 49 De acordo com Ribeiro e Seravalli (2007) os alimentos podem ser classificados de acordo com a atividade de água em baixa umidade até 0,60, umidade intermediária 0,60 e 0,90 e alta umidade acima de 0,90. Portanto neste estudo o produto está classificado como umidade intermediária. O valor encontrado é interessante para controle de reações químicas enzimáticas, aspectos sensoriais e microbiológicos, contudo se o alimento for vulnerável a rancidez oxidativa os valores de atividade de água não devem ter uma redução muito grande, pois as reações acontecerão com maior rapidez. (RIBEIRO; SERAVALLI, 2007).

Tabela 1-Características físico-químicas do extrato em pó liofilizado.

Interessante observar que a composição do extrato hidrossolúvel em pó de semente de girassol obtido apresenta valores de cinzas, proteínas e lipídeos semelhantes aos do grão original. Foi possível observar que ao final obteve um produto que manteve o percentual de composição muito semelhante ao da matéria prima, apresentando valores muito próximos para a maioria dos nutrientes e da umidade. Isso não indica, entretanto que todos esses componentes foram integralmente extraídos dos grãos. Embora se trate de um extrato em pó e haja diferença de afinidade dos seus constituintes com a água (EMBRAPA, 1994). O teor de umidade é o fator mais importante para a prevenção da qualidade de um alimento e sua estabilidade frente ao armazenamento. Demonstra também a eficiência do processo de liofilização em retirar água do processo, obtendo um produto final seco de fácil conservação, menor volume e menor peso para armazenamento, embalagem e transporte (MUNDER; ARGYROPOULOS; MÜLLER, 2017).

  • Capacidade espumante

            Na figura 4 é possível observar as amostras do teste de capacidade de espuma. Estes foram adaptados ao tempo de controle para estabilidade em 2 minutos a fim de avaliar se haveria alguma alteração, contudo, ambos os testes não apresentaram diminuição no volume inicialmente formado. O extrato apresentou uma capacidade de formação de espuma de 16%, esse resultado está abaixo do obtido por Murate (1995) em seu estudo com concentrado protéico de sementes de girassol em diferentes temperaturas, obteve 17 e 24% de formação de espuma. A qualidade de um produto está associada à composição, sua propriedade funcional e nutricional, sendo que a propriedade tecnológica influencia no comportamento das proteínas, e uma dessas alterações está relacionada na formação da espuma. Além do aspecto tecnológico, a espuma possui um grande apelo visual e sensorial se tornando mais atraente para consumidor (BERTUCCI et al., 2020).

De acordo Deotale et al (2020) a espuma é uma característica importante sensorialmente desejável pelo consumidor, além de ser vista como um atributo que melhora a aceitabilidade e o corpo da bebida. É possível observar na (figura 10) que a formação de espuma no extrato proporcionou um aspecto visual interessante simulando a bebida pronta para consumo.

Figura 4– Formação de espuma em amostras de extrato hidrossolúvel de girassol.

Fonte: Própria autoria, 2022.

Os valores de solubilidade foram superiores a 99%, indicando que a retenção é bastante baixa, já que a solubilidade do extrato liofilizado em pó foi quase total. No estudo de Vissoto et al. (2006) com achocolatados em pó, foi obtida uma solubilidade acima de 99%, mas foi necessário um processo adicional com a incorporação de lecitina para melhorar a eficiência da solubilidade. Oliveira e Virginio (2018) analisaram a solubilidade de extratos liofilizados de dois tipos de arroz (branco e vermelho), e ambos apresentaram valores acima de 99% de solubilidade. A alta solubilidade era esperada, dado que apenas a água foi utilizada como solvente. De maneira geral, os resultados deste estudo mostram que o processo de obtenção do extrato de sementes de girassol e a eficiência da etapa de filtração foram adequados, evitando a incorporação de compostos pouco solúveis e frações mais grosseiras do produto. De acordo com Felix (2016), a solubilidade é um atributo importante para a indústria de alimentos e é altamente valorizada pelos consumidores, pois produtos com alta solubilidade se reconstituem rapidamente e de forma homogênea, sem a presença de partículas suspensas ou depósitos no fundo como mostra a figura 5.

Figura 5– Aspecto visual do produto reconstituído.

Fonte: Própria autoria, 2022.

Conclusão

Com base nos resultados obtidos em relação à composição proximal e às propriedades tecnológicas do extrato em pó, pode-se concluir que o método de secagem por liofilização foi mais eficiente, proporcionando um rendimento superior do produto. Devido às suas características, o extrato apresenta um potencial significativo para comercialização, desde que sejam realizadas análises adicionais de estabilidade e testes sensoriais, com ênfase na aparência, que é um dos principais fatores para a aceitação do produto no mercado. Além disso, considerando a alta concentração de lipídeos e a atividade de água do extrato, é recomendável avaliar diferentes tipos de embalagem que assegurem a preservação da qualidade do produto durante o armazenamento, prevenindo possíveis degradações.

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CAPÍTULO 7

OMISSÃO DE MACRONUTRIENTES SECUNDÁRIOS EM PLANTAS DE SORGO

OMISSION OF SECONDARY MACRONUTRIENTS IN SORGHUM PLANTS

DOI: https://doi.org/10.56001/22.9786500495669.07

Submetido em: 30/11/2024

Revisado em: 14/12/2024

Publicado em: 18/12/2024

Sandra Morais dos Reis

Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de Rondônia, Campus Colorado do Oeste- RO

 http://lattes.cnpq.br/8870413835211577

Stella Cristiani Gonçalves Matoso

Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de Rondônia, Campus Colorado do Oeste- RO

http://lattes.cnpq.br/1171198044514295

Evellyn Danyla Guilherme Barbosa

Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de Rondônia, Campus Colorado do Oeste- RO

http://lattes.cnpq.br/697259943534875527

Rafael Horbuch Neto

Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de Rondônia Câmpus Colorado do Oeste- RO

http://lattes.cnpq.br/697259943534875527

 

Resumo

O cultivo da cultura do sorgo (Sorghum bicolor (L.) Moench) vem aumentando ao longo dos anos, devido ao aumento do seu potencial produtivo e elevada resistência ao déficit hídrico. Nesse sentido, o aspecto nutricional é um fator decisivo para o sucesso da cultura. O presente trabalho objetivou avaliar os sintomas típicos e individualizados da deficiência nutricional de macronutrientes secundários (Ca, Mg e S) na cultura do sorgo cultivado em solução nutritiva. O experimento foi conduzido em casa de vegetação no Instituto Federal de Rondônia, Campus Colorado do Oeste, utilizando-se a cultivar BM Podium como planta teste. O experimento seguiu um delineamento experimental inteiramente casualizado (DIC), com quatro tratamentos e cinco repetições, totalizando 20 parcelas. Os tratamentos consistiram em solução nutritiva completa, solução com omissão de Ca, solução com omissão de Mg e solução com omissão de S. A unidade experimental consistiu em um vaso tipo Leonard adaptado. O experimento foi conduzido até os 30 dias após a emergência das plantas. A partir de dados normais, foi realizado o teste F, ao nível de 5% de probabilidade. A omissão dos macronutrientes secundários não afeta a massa seca da parte aérea, da raiz e da planta inteira de sorgo. Mesmo sem diferença estatística nas variáveis relacionadas ao crescimento das plantas, é possível observar sintomas visuais típicos da deficiência de Ca, Mg e S no sorgo. Estes sintomas estão relacionados com as funções dos elementos nas plantas.

Palavras-Chave: deficiência nutricional, sintomas visuais, solução nutritiva, Sorghum bicolor.

Abstract

The cultivation of sorghum (Sorghum bicolor (L.) Moench) has been increasing over the years, due to its increased production potential and high resistance to water deficit. In this sense, the nutritional aspect is a decisive factor for the success of the crop. The present study aimed to evaluate the typical and individualized symptoms of nutritional deficiency of secondary macronutrients (Ca, Mg and S) in sorghum cultivated in nutrient solution. The experiment was conducted in a greenhouse at the Instituto Federal de Rondônia, Campus Colorado do Oeste, using the cultivar BM Podium as the test plant. The experiment followed a completely randomized experimental design (DIC), with four treatments and five replicates, totaling 20 plots. The treatments consisted of complete nutrient solution, solution with Ca omission, solution with Mg omission and solution with S omission. The experimental unit consisted of an adapted Leonard type pot. The experiment was conducted until 30 days after plant emergence. From normal data, the F test was performed at a 5% probability level. The omission of secondary macronutrients does not affect the dry mass of the aerial part, root or whole plant of sorghum. Even without statistical difference in the variables related to plant growth, it is possible to observe visual symptoms typical of Ca, Mg and S deficiency in sorghum. These symptoms are related to the functions of the elements in the plants.

Keywords: nutritional deficiency, visual symptoms, nutrient solution, Sorghum bicolor.

 

Introdução

            A cultura do sorgo é cultivada em áreas e situações ambientais muito secas e/ou muito quentes, onde a produtividade de outros cereais é antieconômica (Maneira, 2020). Embora de origem tropical, o sorgo vem sendo cultivado em latitudes de até 45º norte ou 45º sul, e isso só foi possível graças aos trabalhos dos melhoristas de plantas, que desenvolveram cultivares com adaptação fora da zona tropical (Ruas et al., 2024).

Dentre as espécies alimentares, o sorgo é uma das mais versáteis e mais eficientes, tanto do ponto de vista fotossintético, como em velocidade de maturação. Sua reconhecida versatilidade se estende desde o uso de seus grãos como alimento humano e animal; como matéria-prima para produção de álcool anidro, bebidas alcoólicas, colas e tintas; o uso de suas panículas para produção de vassouras; extração de açúcar de seus colmos e até as inúmeras aplicações de sua forragem na nutrição de ruminantes (Maneira, 2020; Ribas, 2003).

O sorgo vem sendo cultivado no Cerrado brasileiro, principalmente na entressafra, entre os meses de fevereiro a junho, período no qual a precipitação é reduzida, o que favorece o desenvolvimento e produção da cultura, visto que para o seu desenvolvimento, são suficientes uma faixa de 375 a 620 mm (Heckler, 2001).

Devido a cultura do sorgo ser instalada após os cultivos da safra principal, geralmente soja ou milho, a cultura tende a utilizar os nutrientes da adubação residual da cultura principal e da matéria orgânica, apesar de ser responsiva à adubação (Resende et al., 2009). Entretanto é válido salientar que a falta de adubação específica para a cultura, associada a baixa precipitação da safrinha acarreta riscos de deficiência nutricional para as plantas.

Os nutrientes têm funções essenciais e específicas no metabolismo das plantas. Dessa forma, quando um dos nutrientes essenciais não está presente em quantidades satisfatórias ou em condições que o tornam pouco disponível, a sua deficiência nas células promove alterações no seu metabolismo. Os sintomas de carências minerais são mais ou menos características para cada nutriente, dependendo também da severidade, da cultivar e de fatores ambientais (Fasabi et al., 1993).

O diagnóstico visual de deficiências minerais e análise de solo, e suas interpretações juntamente com o conhecimento dos teores de nutrientes, podem auxiliar nas avaliações e necessidades de fertilizantes e corretivos para a espécie em questão.  (Fernandes et al., 2018). A técnica de cultivo de plantas em solução nutritiva tem permitido avanços no conhecimento da nutrição de plantas por controlar mais adequadamente a composição do meio e eliminar a heterogeneidade e complexidade do solo (Kerbauy, 2019; Taiz et al., 2024)).

Assim, o presente trabalho objetivou avaliar os efeitos típicos e individualizados da deficiência nutricional de Ca, Mg e S na cultura do sorgo cultivado em solução nutritiva mediante a observação dos efeitos da omissão de nutrientes no desenvolvimento das plantas.

Metodologia

O experimento foi conduzido em casa de vegetação no Campus Colorado do Oeste do Instituto Federal de Rondônia, situado no município de Colorado do Oeste, no período de 10 de outubro a 7 de novembro de 2022.  Foi utilizado delineamento experimental inteiramente casualizado, com quatro tratamentos e cinco repetições.

Os tratamentos foram: solução completa (testemunha), solução com omissão de Ca, solução com omissão de Mg e solução com omissão de S. A unidade experimental foi composta por um vaso com uma a três plantas de sorgo, não sendo realizado desbaste das plântulas após germinação das sementes.

Para a confecção e modificação dos vasos Leonard, foram utilizadas garrafas de polietileno com volume de 2 L, as quais foram cortadas a uma altura de 15 cm a partir da base de acordo com metodologia de Ferreira (2012) e Santos et al. (2009). Foram feitos três furos nas tampas para permitir a entrada da solução.

Ambas as partes das garrafas e as tampas foram esterilizadas em solução de hipoclorito de sódio por cerca de 1 h. Após esse período, o material foi colocado para secar e pintado com tinta spray preto fosco.

Para cada vaso, adicionou-se o substrato, o qual era composto de areia peneirada e vermiculita, na proporção de 3:1. A capacidade de campo foi determinada através da diferença de massa do substrato seco pelo substrato úmido, conforme metodologia de Teixeira et al. (2017). Foram semeadas três sementes em cada vaso no dia 10 de outubro e, em seguida, as soluções foram adicionadas nos vasos.

Os compostos utilizados para produção da solução nutritiva e suas concentrações são expressos na Tabela 01.

Tabela 1. Concentração dos compostos utilizados na preparação das soluções completas e com omissão de Ca, Mg e S em mL/L.

Solução-estoque

Composto P.A.

Concentração

Completa

– Ca

– Mg

– S

mL L-1

A

KH2PO4

1,0 M

1

1

1

1

B

KCl

1,0 M

5

5

5

 5

C

CaCl2.2H2O

1,0 M

5

 

5

5

D

(NH4)2SO4

1,0 M

2

2

2

 

E

Mg(NO3)2.6H2O

1,0 M

2

 2

 

4

F

MgSO4.7H2O

1,0 M

    

G

NaH₂PO₄

1,0 M

   

1

Fe

Fe-EDTA

 

1

1

1

1

B

HB3O3

2,86 g L-1

1

1

1

1

Mn

MnCl2.4H2O

1,81 g L-1

1

1

1

1

Zn

ZnCl2

0,1 g L-1

1

1

1

1

Mo

Na2MoO4.2H2O

0,02 g L-1

1

1

1

1

Cu

CuCl2

0,04 g L-1

1

1

1

1

Observação: o pH das soluções nutritivas foi ajustado para o intervalo de 5,5 a 5,8.

Para o preparo da solução nutritiva utilizou-se água destilada para evitar contaminação de íons presentes na água comum, a solução foi adicionada aos vasos e resposta com água destilada à medida que o nível diminuía, a fim de evitar a morte das plantas. A solução foi substituída totalmente 15 e 26 dias após o plantio.

Ao término da condução do experimento, que se deu 30 dias após a emergência das plantas, as plantas foram encaminhadas para o laboratório de solos, onde foram fotografadas, lavadas e separadas em parte aérea e raízes. Em seguida, o material foi seco em estufa de ventilação forçada a 65 °C até a massa constante, obtendo-se a massa da parte aérea seca (MPAS), massa da raiz seca (MRS) e, pela soma, a massa total da planta seca (MTPS).

As análises de massa seca foram realizadas, no total, em 42 plantas, onde a quantidade de planta variou de um a três por vaso, uma vez que não se realizou o desbaste após a emergência. Para a correção do valor de massa seca efetuou-se a divisão do valor de massa seca pela quantidade de plantas por vaso.

A análise estatística iniciou-se com a verificação dos pressupostos da análise de variância, pelo teste de Bartlett e de Shapiro-Wilk. A partir de dados normais, realizou-se a análise de variância pelo teste F.

Resultados e Discussão

Não foi verificada diferença (p > 0,05) na biomassa das plantas submetidas aos diferentes tratamentos (Tabela 2). Esses resultados podem ser explicados pelo fato de que os macronutrientes avaliados são requeridos em menor quantidade pela planta em comparação aos primários (Instituto Fosfata & Potasso, 1998). Associado a isto tem-se, o curto período ao qual o experimento foi realizado, o que faz com que a falta destes nutrientes pudesse ter sido suprida pela reserva cotiledonar dos macronutrientes avaliados e amenizando seus efeitos nos parâmetros estatísticos avaliados (Tabela 2).

Tabela 2: Produtividade de massa da parte aérea seca (MPAS), massa da raiz seca (MRS) e massa total da Planta seca (MTPS) sob omissão de diferentes macronutrientes secundários.

Tratamentos

MPAS (g)

MRS (g)

MTPS (g)

Testemunha

1,998a

1,223a

3,218a

Omissão de Ca

1,860a

0,941a

2,800a

Omissão de Mg

1,352a

0,802a

2,152a

Omissão de S

1,838a

0,785a

2,622a

CV (%)

45,72

51,27

60,29

Médias seguidas de mesma letra nas colunas não diferem entre si pelo teste F ao nível de 5% de probabilidade.

No entanto, mesmo sem efeito significativo nas variáveis quantitativas, foram observados sintomas visuais da omissão de macronutrientes secundários, que podem ser observados na Figura 1. Foi possível correlacionar os sintomas visuais observados com as funções e comportamento bioquímico dos elementos nas plantas.

Figura 1: Sintomas visuais da deficiência de Ca (a) e (d), Mg (b) e (e) e S (c) e (f) em plantas de sorgo cultivadas em solução nutritiva.

Foto: Glauber Bedini de Jesus.

O Ca faz parte das paredes celulares e está envolvido na formação do fuso mitótico que orienta a deposição da lamela média, além de fazer parte da própria lamela média como pectato de cálcio (Paulino et al., 2015). Admite-se que o Ca seja indispensável para a manutenção da estrutura e o funcionamento normal das membranas celulares, pois a permeabilidade das membranas a compostos hidrofílicos depende consideravelmente da concentração de Ca2+ e de H+ no meio (Taiz et al., 2024). Este elemento participa ainda da regulação osmótica, fechamento dos estômatos e neutralização de ácidos no citosol (Kerbauy, 2019; Taiz et al., 2024).

Após assimilado o Ca possui baixa mobilidade nas plantas, por ser praticamente imóvel no floema, assim os sintomas de carência deste elemento são observados primeiramente em órgãos e partes mais novas: gemas e pontas das raízes (Carvalho; Moreira, 2023). Na Figura 1(d), encontra-se a comparação de folhas novas do tratamento com solução completa e da solução com omissão de Ca. Verificou-se diminuição do tamanho das folhas mais jovens e amarelecimento e deformação dos ápices foliares, o que pode ser explicado pela baixa mobilidade desse nutriente na planta, impedindo que o Ca das folhas mais velhas seja remobilizado para as mais novas, e devido a omissão acomete tanto a alongação quanto a divisão celular (Fernandes et al., 2018).

Nota-se que com a omissão de Mg a parte aérea teve um crescimento foliar menor, comparando-se visualmente com a testemunha (solução completa). Além disso, ocorreu amarelecimento do limbo foliar e início de clorose nas folhas velhas (Figura 1(b) e 1(e)).

Estes sintomas podem ser explicados pela alta mobilidade do Mg no floema, que é remobilizado com facilidade das folhas mais velhas para as folhas mais novas (Fernandes et al., 2018; Taiz et al., 2024). Ademais, o Mg é um dos principais componentes da molécula de clorofila e participa de uma série de processos vitais da planta que requerem e fornecem energia como a fotossíntese, respiração, síntese de macromoléculas – carboidratos, lipídeos, proteínas – e absorção iônica, portanto, em situação de carência de Mg, a planta vai responder  na  paralisação de crescimento, baixo desenvolvimento radicular e manchas amareladas nas folhas (Kerbauy, 2019; Paulino et al., 2015; Taiz et al., 2024). O início da clorose internerval, sintoma típico das folhas de plantas deficientes em Mg pode ser  observado na Figura 1(e), na folha no parte inferior da foto.

Os sintomas observados nas plantas submetidas a omissão de S estão de acordo com os descritos por Kerbauy (2019), que apontam que o S reduz o crescimento da parte aérea e da área foliar, além de clorose acentuada que ocorre devido a redução de clorofila na planta. O S participa da estrutura dos aminoácidos cisteína e metionina constituintes de várias proteínas, que interfere na produção de complexos clorofila-proteínas estáveis que ligam as moléculas de clorofila nas membranas do cloroplasto, resultando em clorose nas folhas inclusive nos tecidos em volta dos feixes vasculares (Paulino et al., 2015; Taiz et al., 2024).

O sulfato é transportado das raízes para a parte aérea via xilema; o movimento do S no sentido contrário é muito pequeno, ou seja, o elemento é pouco redistribuído na planta. Por isso, sob condições de carência, a deficiência de S ocorre nos órgãos mais novos, como as folhas mais novas (Kerbauy 2019; Taiz et al., 2024). 30 dias após a emergência das plantas foi possível verificar o início destes sintomas, caracterizados por caules com menor diâmetro, folhas com coloração verde-clara e verde-amarelada, e plantas que apresentaram tamanho menor quando comparadas às testemunhas (Figura 1(c) e 1(f).

Considerações Finais

A omissão de macronutrientes Ca, Mg e S não apresenta diferenças significativas entre si para a análise de massa da parte aérea, raiz e planta inteira seca de sorgo (Sorghum bicolor (L.) Moench) cultivado por trinta dias em cultivo semi-hidropônico. As análises visuais demonstraram sintomas característicos da deficiência de macronutrientes.

A literatura nos mostra que a reserva cotiledonar pode suprir as necessidades da planta até 35 dias após a emergência, fazendo com que tanto os sintomas, quanto a falta de nutrientes, sejam mais evidentes após este período. Infelizmente o experimento não foi conduzido por maior período devido ao bloqueio da BR435, nas datas de trinta e um de outubro até dezessete de novembro de 2022.

Agradecimentos

Agradecemos a todas as pessoas que colaboraram para a execução do experimento, principalmente à discente Katiane Mota e aos técnicos de laboratório Leandro Dias da Silva, Dham Khlismam, Lizianne de Matos e Vanor Felini, por nos orientar nas atividades laboratoriais. Também ao professor Glauber Bedini de Jesus, por nos auxiliar nas imagens finais do experimento.

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CAPÍTULO 8

SEMENTES SINTÉTICAS: CULTIVANDO O FUTURO COM BIOTECNOLOGIA

SYNTHETIC SEEDS: CULTIVATING THE FUTURE WITH BIOTECHNOLOGY

DOI: https://doi.org/10.56001/22.9786500495669.08

Submetido em: 03/12/2024

Revisado em: 14/12/2024

Publicado em: 18/12/2024

Jordana Caroline Nagel

Universidade Regional Integrada do Alto Uruguai e das Missões, Santo Ângelo-RS

http://lattes.cnpq.br/1544914259635851

Resumo

As sementes sintéticas representam uma inovação biotecnológica de grande relevância, com o potencial de revolucionar a propagação e a conservação de espécies vegetais. O presente estudo analisa suas aplicações e desafios, empregando uma abordagem metodológica fundamentada na revisão da literatura existente e em experimentos recentes. A investigação concentra-se na viabilidade técnica e no impacto ambiental dessa tecnologia, com ênfase no encapsulamento de embriões somáticos e microbrotos em matrizes de hidrogel, avaliando diferentes composições e condições de armazenamento. Os resultados obtidos destacam o potencial das sementes sintéticas para uso em espécies agrícolas e florestais, promovendo maior eficiência no transporte e redução de custos. Adicionalmente, apresentam-se como uma solução viável para regiões com recursos limitados. Contudo, desafios persistem, como a necessidade de aprimorar as cápsulas para assegurar altas taxas de germinação e superar barreiras regulatórias. A importância dessa tecnologia no contexto da sustentabilidade agrícola é sublinhada, dada sua contribuição para a segurança alimentar global e para a conservação da biodiversidade. As chamadas “Synseeds” apresentam-se como uma ferramenta promissora para a agricultura do futuro. Apesar dos avanços significativos, seu êxito pleno depende de investimentos contínuos em pesquisa científica, desenvolvimento técnico e políticas públicas que favoreçam sua implementação em diferentes contextos produtivos e escalas.

Palavras-Chave: encapsulamento, germinação, conservação, biotecnologia vegetal, inovação.

Abstract

Synthetic seeds represent a highly relevant biotechnological innovation, with the potential to revolutionize the propagation and conservation of plant species. The present study analyzes its applications and challenges, employing a methodological approach based on a review of existing literature and recent experiments. The investigation focuses on the technical feasibility and environmental impact of this technology, with an emphasis on the encapsulation of somatic embryos and microbuds in hydrogel matrices, evaluating different compositions and storage conditions. The results obtained highlight the potential of synthetic seeds for use in agricultural and forestry species, promoting greater transport efficiency and cost reduction. Additionally, they present themselves as a viable solution for regions with limited resources. However, challenges persist, such as the need to improve capsules to ensure high germination rates and overcome regulatory barriers. The importance of this technology in the context of agricultural sustainability is highlighted, given its contribution to global food security and biodiversity conservation. The so-called “Synseeds” present themselves as a promising tool for agriculture of the future. Despite significant advances, its full success depends on continuous investments in scientific research, technical development and public policies that favor its implementation in different production contexts and scales.

Keywords: encapsulation, germination, conservation, plant biotechnology, innovation.

 

Introdução

As sementes sintéticas destacam-se como uma inovação de destaque no campo da biotecnologia, com ênfase na capacidade de encapsular embriões somáticos ou outros propágulos vegetativos em matrizes protetoras, garantindo sua viabilidade e funcionalidade. Essa tecnologia apresenta-se como uma alternativa eficiente às sementes convencionais, especialmente diante do aumento global na demanda por alimentos e das pressões ambientais. Segundo Smith et al. (2022), as sementes sintéticas são uma solução tecnológica que combina a preservação de recursos naturais com a otimização de processos produtivos em agricultura e silvicultura. Essa abordagem não apenas melhora a eficiência dos sistemas agrícolas, mas também contribui para a conservação de recursos genéticos, sendo essencial para a segurança alimentar e a redução de impactos ambientais.

O desenvolvimento do conceito de sementes sintéticas está diretamente relacionado aos avanços nas técnicas de cultura in vitro, introduzidas na década de 1980, quando embriões somáticos começaram a ser encapsulados para facilitar sua manipulação e transporte (GEORGE; HALL; DE KLERK, 2008). Desde então, as pesquisas têm progredido no sentido de identificar a composição ideal das matrizes de encapsulamento e de aprimorar os métodos de conservação, adaptando a tecnologia às necessidades específicas de diversas espécies vegetais. Estudos recentes destacam o papel crucial dessas sementes na propagação de culturas com dificuldades de reprodução sexual, como algumas espécies arbóreas e plantas ornamentais (PEREIRA et al., 2023).

A busca por uma agricultura sustentável exige soluções que equilibrem eficiência e respeito ao meio ambiente. Nesse contexto, as sementes sintéticas despontam como uma ferramenta estratégica para reduzir impactos negativos e otimizar recursos. De acordo com Jain e Gupta (2021), a utilização dessa tecnologia pode diminuir significativamente o desperdício de insumos agrícolas e facilitar o transporte de propágulos entre diferentes regiões, reduzindo a necessidade de armazenagem prolongada e minimizando perdas. Essa abordagem é particularmente relevante em países com infraestrutura agrícola limitada, onde pode contribuir para uma maior adaptabilidade a crises climáticas.

Apesar do potencial promissor, as sementes sintéticas ainda enfrentam desafios técnicos que precisam ser solucionados. Entre os principais, destaca-se a necessidade de elevar as taxas de germinação, que podem variar de acordo com a espécie e a qualidade do encapsulamento (MURASHIGE; SKOOG, 1962). Além disso, a padronização dos processos de produção, como a definição da composição química do hidrogel e a formulação de protocolos de armazenamento, exige esforços contínuos em pesquisa para assegurar resultados consistentes e economicamente viáveis (ZHANG et al., 2020).

A adoção de sementes sintéticas pode desempenhar um papel determinante na segurança alimentar global, possibilitando a propagação de culturas em larga escala e ao longo do tempo. Essa tecnologia é especialmente valiosa em regiões vulneráveis às mudanças climáticas, onde a degradação dos solos e a escassez de água comprometem a agricultura tradicional. Conforme a FAO (2021), tecnologias que promovem o uso eficiente de recursos são indispensáveis para atender à crescente demanda por alimentos de uma população global em expansão, e as sementes sintéticas posicionam-se entre as inovações mais relevantes nesse cenário.

Além de seu papel fundamental na produção agrícola, as sementes sintéticas desempenham uma função crucial na conservação de espécies vegetais ameaçadas. Em particular, as técnicas de encapsulamento têm sido aplicadas para preservar embriões somáticos de espécies florestais e medicinais, garantindo sua sobrevivência em condições controladas (THORPE; HARRY, 2020). Essa aplicação está em consonância com os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS), que reforçam a importância de proteger a biodiversidade como um dos pilares da segurança ecológica global.

O avanço das sementes sintéticas também suscita reflexões éticas relacionadas ao impacto da biotecnologia sobre o controle de recursos agrícolas e o equilíbrio de poder entre agricultores e grandes corporações. Como argumenta Shiva (2016), o domínio excessivo de tecnologias agrícolas por empresas privadas pode gerar dependência e desigualdades, especialmente nos países em desenvolvimento. Dessa forma, debates sobre a democratização do acesso a essa tecnologia tornam-se indispensáveis para assegurar que seus benefícios sejam distribuídos de maneira ampla e equitativa.

A implementação em larga escala das sementes sintéticas depende de políticas públicas que incentivem sua produção e uso responsável. De acordo com Carvalho e Silva (2022), é necessário que a regulamentação estabeleça padrões claros de qualidade e segurança, ao mesmo tempo em que promova incentivos econômicos para produtores que incorporem essa inovação em sistemas agrícolas sustentáveis. Colaborações entre instituições públicas e privadas são igualmente fundamentais para expandir o alcance e o impacto das sementes sintéticas na agricultura global.

Com os avanços científicos, espera-se que as sementes sintéticas se tornem mais acessíveis e eficientes, ampliando sua utilização para culturas atualmente pouco exploradas. Pesquisas envolvendo nanotecnologia e inteligência artificial já estão sendo integradas ao seu desenvolvimento, oferecendo maior precisão no encapsulamento e controle aprimorado das condições ambientais (LIU et al., 2023). Essas inovações prometem transformar a agricultura, tornando-a mais adaptável às mudanças e menos dependente de recursos naturais escassos.

As sementes sintéticas emergem como uma solução biotecnológica de grande relevância para enfrentar desafios globais em agricultura e conservação ambiental. Embora ainda existam barreiras tecnológicas e dilemas éticos a serem superados, os avanços no setor indicam um potencial significativo para redefinir práticas agrícolas e estratégias de preservação. Para que essa inovação contribua efetivamente para um futuro sustentável, é imprescindível a colaboração entre a comunidade científica, formuladores de políticas públicas e agricultores, unindo esforços para maximizar os benefícios dessa tecnologia.

Metodologia

Este estudo seguiu uma abordagem qualitativa, com o objetivo de analisar os avanços na tecnologia de sementes sintéticas, avaliando sua aplicabilidade e impacto nos contextos agrícola e ambiental. A metodologia baseou-se em uma revisão sistemática da literatura, abrangendo artigos publicados entre 2015 e 2023 em bases científicas reconhecidas, como Scopus, Web of Science e SciELO. Essa estratégia permitiu a obtenção de um panorama atualizado e relevante sobre o tema, integrando resultados teóricos e práticos, além de identificar lacunas e tendências na aplicação da biotecnologia para a produção de sementes sintéticas.

Os critérios de inclusão foram estabelecidos para selecionar estudos que abordassem aspectos técnicos, viabilidade e impactos ambientais das sementes sintéticas, bem como suas aplicações em diferentes espécies vegetais. Foram priorizadas publicações com metodologia consistente, disponíveis em inglês ou português e publicadas em revistas indexadas. Por outro lado, foram excluídos trabalhos com dados inconclusivos, duplicações ou metodologia inadequada, de forma a garantir a qualidade e confiabilidade das informações analisadas.

Os dados coletados foram organizados e examinados utilizando ferramentas de análise qualitativa, como o software NVivo. Essa ferramenta facilitou a categorização das informações em temas centrais, incluindo composição da matriz de encapsulamento, métodos de conservação, aplicações agrícolas e desafios técnicos. A sistematização realizada permitiu identificar tendências na literatura e apontar áreas ainda pouco exploradas no campo da biotecnologia voltada às sementes sintéticas.

A análise envolveu a avaliação de protocolos de encapsulamento de embriões somáticos e propágulos vegetativos. Foram revisados estudos que testaram diferentes composições de matrizes de hidrogel, como alginato de sódio e ágar, verificando sua eficácia em termos de taxas de germinação, viabilidade celular e resistência mecânica. Os resultados foram comparados entre espécies agrícolas, florestais e ornamentais, o que permitiu identificar padrões e particularidades na utilização das sementes sintéticas para diferentes fins.

Para validar os dados coletados, foram considerados estudos que apresentassem replicabilidade experimental e resultados consistentes. A triangulação das informações foi realizada com base em fontes variadas, como publicações acadêmicas, relatórios de instituições internacionais e entrevistas com especialistas na área. Essa abordagem conferiu maior consistência às análises e reduziu possíveis vieses interpretativos, fortalecendo a confiabilidade das conclusões obtidas.  Apesar da amplitude metodológica, algumas limitações foram identificadas, incluindo a predominância de análises qualitativas e a falta de estudos empíricos de longo prazo sobre sementes sintéticas. Além disso, a dependência de dados secundários pode limitar a profundidade de certas interpretações. Ainda assim, o rigor na seleção e análise das fontes buscou minimizar esses obstáculos, garantindo a consistência das conclusões apresentadas.

O estudo também abordou as implicações éticas relacionadas à adoção dessa tecnologia, ressaltando a importância da democratização do acesso, da redução de desigualdades no uso de biotecnologias e da avaliação de possíveis impactos socioeconômicos. Essa perspectiva enfatiza a necessidade de uma abordagem ética e sustentável no desenvolvimento e na aplicação de sementes sintéticas, assegurando que seus benefícios sejam amplamente distribuídos de maneira equitativa.

Resultados e Discussão

A preservação da viabilidade das sementes sintéticas em longo prazo depende diretamente de condições ambientais controladas. Pesquisas como as de Ramírez e Torres (2022) evidenciam que fatores como baixa umidade relativa e temperaturas entre 5°C e 15°C são cruciais para garantir a estabilidade das sementes encapsuladas, permitindo sua conservação por até 12 meses sem perdas significativas de viabilidade. Essa abordagem, além de preservar as características fisiológicas das sementes, é particularmente relevante para espécies que exigem transporte e armazenamento prolongado, como as destinadas a regiões remotas ou de difícil acesso.

Thorpe e Harry (2020) corroboram esses achados, destacando que mesmo variações sutis de temperatura podem comprometer a integridade das matrizes encapsulantes, prejudicando as taxas de germinação. Assim, a adoção de tecnologias acessíveis, como sistemas de refrigeração simples e atmosferas modificadas, torna-se indispensável para superar esses desafios. Esses métodos, aliados ao desenvolvimento de estratégias mais avançadas de conservação, visam não apenas prolongar a vida útil das sementes sintéticas, mas também viabilizar sua aplicação em contextos agrícolas e ambientais diversificados.

O desenvolvimento de matrizes encapsulantes específicas para diferentes espécies vegetais é um dos pilares da pesquisa em sementes sintéticas, pois influencia diretamente sua eficácia e impacto ambiental. As combinações de alginatos com compostos como pectina e quitina não apenas aumentam a resistência mecânica das matrizes, mas também melhoram significativamente as taxas de germinação, especialmente em espécies agrícolas de interesse comercial. Esses avanços, no entanto, precisam ser ajustados às exigências nutricionais e ambientais de cada planta, o que demanda uma abordagem personalizada e baseada em dados experimentais robustos (ZHANG et al., 2021).

Além disso, Ahmed e Bhat (2023) destacam a importância da biodegradabilidade das matrizes encapsulantes, que, ao se degradarem no solo, liberam nutrientes de forma controlada, minimizando o impacto ambiental e otimizando o crescimento das plantas. Esse equilíbrio entre funcionalidade e sustentabilidade posiciona as matrizes personalizadas como elementos centrais para o sucesso das sementes sintéticas em larga escala, ao mesmo tempo em que amplia suas possibilidades de uso em sistemas agrícolas mais complexos.

Embora as sementes sintéticas apresentem desempenho satisfatório em condições laboratoriais, sua adaptação ao ambiente de campo continua sendo um dos maiores desafios enfrentados por essa tecnologia. Karimi et al. (2023) observaram que, em solos ricos em nutrientes, as sementes encapsuladas demonstram boas taxas de germinação, mas sua eficácia é significativamente reduzida em ambientes sujeitos a estresses hídricos ou temperaturas extremas. Isso evidencia a necessidade de aprimorar as matrizes encapsulantes com compostos que confiram maior tolerância a condições adversas.

 A incorporação de antioxidantes e polímeros hidrofóbicos como uma solução promissora, capaz de proteger as sementes de fatores ambientais extremos, aumentando sua aplicabilidade em cenários agrícolas diversos. Essa questão é especialmente relevante para regiões de agricultura de subsistência ou em áreas afetadas pelas mudanças climáticas, onde a viabilidade das culturas depende da resiliência das sementes utilizadas. Dessa forma, avanços na formulação das matrizes encapsulantes podem representar um divisor de águas para o uso das sementes sintéticas em condições de campo (SILVA e FREITAS, 2022).

A biotecnologia das sementes sintéticas apresenta-se como uma solução viável para reduzir a dependência de insumos agrícolas convencionais, como fertilizantes e pesticidas, promovendo práticas mais sustentáveis. Jain e Gupta (2021) argumentam que o encapsulamento de nutrientes e agentes biocontroladores diretamente nas sementes reduz consideravelmente o uso de produtos químicos aplicados ao solo, mitigando impactos ambientais e diminuindo custos para os agricultores. Essa abordagem é especialmente vantajosa em regiões onde o acesso a insumos agrícolas tradicionais é limitado, permitindo que pequenos produtores adotem práticas mais eficientes.

Essa tecnologia também pode contribuir para a conservação de recursos naturais, como água e solo, ao otimizar o uso de insumos essenciais. No entanto, o alto custo inicial de produção das sementes sintéticas continua sendo uma barreira significativa para sua ampla adoção, exigindo estratégias para reduzir esses custos e tornar a tecnologia acessível a agricultores em diferentes contextos econômicos (AHMED et al., 2023). Assim, o potencial das sementes sintéticas para aliar sustentabilidade e eficiência depende de esforços combinados em pesquisa, desenvolvimento e políticas públicas que incentivem sua implementação.

As sementes sintéticas têm mostrado grande potencial em projetos de restauração de ecossistemas degradados, oferecendo uma alternativa eficiente às sementes convencionais. Pereira e Rocha (2023) evidenciaram que matrizes enriquecidas com microrganismos simbióticos, como fungos micorrízicos, favoreceram o crescimento de espécies nativas em solos arenosos e de baixa fertilidade, promovendo a recuperação de áreas antes consideradas improdutivas.

De maneira complementar, González et al. (2022) destacaram que sementes encapsuladas com espécies nativas de florestas tropicais obtiveram taxas de sobrevivência superiores às de sementes tradicionais em solos compactados, demonstrando sua eficácia em condições adversas. Esses resultados reforçam a relevância das sementes sintéticas não apenas na produção agrícola, mas também como ferramenta para mitigar os efeitos das mudanças climáticas e recuperar áreas degradadas. No entanto, a aplicação em larga escala dessa tecnologia em projetos ambientais exige um planejamento cuidadoso, que leve em conta as características específicas de cada ecossistema e as demandas de sustentabilidade a longo prazo.

A viabilidade econômica das sementes sintéticas depende de uma combinação de inovações tecnológicas e incentivos adequados para sua adoção em larga escala. Carvalho e Silva (2022) apontam que, apesar do alto custo inicial de produção, a redução significativa de despesas logísticas, como transporte e armazenamento, torna a tecnologia atrativa para grandes produtores. Sem subsídios ou políticas públicas específicas, pequenos agricultores podem ser excluídos do acesso a essa inovação, perpetuando desigualdades no setor agrícola. Para garantir que os benefícios das sementes sintéticas sejam amplamente distribuídos, é essencial desenvolver políticas que promovam sua acessibilidade, como incentivos fiscais e programas de capacitação técnica (RAMÍREZ et al., 2023). As regulamentações claras são necessárias para assegurar padrões de qualidade e segurança, fomentando a confiança do mercado e incentivando a adoção da tecnologia em diferentes contextos produtivos.

A introdução das sementes sintéticas em sistemas agrícolas modernos tem potencial para revolucionar práticas de manejo, especialmente no que diz respeito à eficiência e à mecanização das atividades. Ahmed e Hassan (2022) demonstram que a utilização de sementes encapsuladas facilita o controle do espaçamento entre plantas e a uniformidade no tempo de germinação, fatores que otimizam o uso de máquinas agrícolas e reduzem o desperdício de recursos. Essa uniformidade é particularmente vantajosa em cultivos de larga escala, onde a previsibilidade dos ciclos produtivos é essencial para maximizar a produtividade.

Martins e Oliveira (2023) reforçam que o uso de sementes sintéticas contribui para uma utilização mais racional de insumos agrícolas, como água e fertilizantes, promovendo práticas mais sustentáveis e alinhadas às demandas ambientais. Contudo, a integração dessa tecnologia requer investimentos iniciais em equipamentos e capacitação técnica, o que pode limitar sua adoção por pequenos agricultores. Portanto, políticas que incentivem a transição tecnológica no manejo agrícola são fundamentais para expandir o uso das sementes sintéticas em diferentes contextos produtivos.

Os avanços em nanotecnologia e ciência dos materiais têm desempenhado um papel crucial no aprimoramento das sementes sintéticas, tornando-as mais adaptáveis e eficazes. Liu et al. (2023) relataram o uso de nanopartículas de prata em matrizes encapsulantes, aumentando a resistência das sementes a fungos e bactérias patogênicas, o que reduz significativamente perdas durante o cultivo. A integração de sensores inteligentes nas sementes, conforme descrito por González e Ramírez (2022), representa um avanço inovador, permitindo o monitoramento contínuo de condições do solo, como umidade e disponibilidade de nutrientes. Essas informações podem ser transmitidas em tempo real, possibilitando ajustes precisos no manejo agrícola, como a irrigação ou a aplicação de insumos. Embora esses avanços tragam benefícios evidentes, é importante destacar que sua implementação em larga escala requer a superação de barreiras econômicas e técnicas, além de uma regulamentação adequada para garantir que tais inovações sejam acessíveis e sustentáveis.

O sucesso da adoção das sementes sintéticas em larga escala está diretamente relacionado à formulação de políticas públicas e regulamentações específicas que incentivem sua aplicação. Silva e Carvalho (2023) argumentam que a criação de normas técnicas e certificações para assegurar a qualidade das sementes é essencial para construir a confiança do mercado e dos produtores.

Os incentivos fiscais e subsídios governamentais são necessários para reduzir as barreiras financeiras enfrentadas por pequenos agricultores, permitindo que eles também tenham acesso a essa tecnologia inovadora. Outro aspecto relevante é a regulamentação ética e ambiental, que deve garantir que a biotecnologia seja aplicada de forma responsável, considerando impactos socioeconômicos e questões de equidade (AHMED et al., 2023). A construção de parcerias entre instituições públicas, privadas e organizações internacionais também pode desempenhar um papel estratégico, ampliando o alcance e o impacto das sementes sintéticas, especialmente em países em desenvolvimento.

As sementes sintéticas têm potencial para desempenhar um papel transformador na agricultura global, oferecendo soluções para desafios relacionados à segurança alimentar, à conservação ambiental e à eficiência produtiva. Martins et al. (2023) sugerem que, com o avanço das pesquisas e a redução progressiva dos custos de produção, essa tecnologia poderá substituir métodos tradicionais em larga escala, especialmente em cultivos que demandam alta precisão e uniformidade.

Silva e Pereira (2022) apontam que a integração de novas tecnologias, como inteligência artificial e biotecnologia avançada, pode ampliar ainda mais a aplicabilidade das sementes sintéticas, permitindo sua utilização em culturas atualmente negligenciadas. No entanto, para que essas contribuições sejam plenamente realizadas, é imprescindível o fortalecimento da cooperação internacional em pesquisa e desenvolvimento, bem como a implementação de políticas que promovam o acesso equitativo a essa inovação. Assim, as sementes sintéticas consolidam-se como uma solução promissora para os desafios globais, alinhando progresso tecnológico com sustentabilidade e justiça social.

A incorporação de sementes sintéticas em práticas de agricultura regenerativa tem se mostrado uma abordagem eficaz para a recuperação de solos degradados, contribuindo para sistemas agrícolas mais saudáveis e sustentáveis. Patel e Singh (2023) demonstraram que sementes encapsuladas com microrganismos benéficos, como bactérias fixadoras de nitrogênio, promovem interações simbióticas mais eficientes no solo, resultando em melhorias significativas na estrutura e fertilidade do terreno. Essas propriedades regenerativas tornam a tecnologia especialmente útil em solos empobrecidos, onde os métodos tradicionais têm eficácia limitada.

A integração das sementes sintéticas com práticas agroecológicas, como a rotação de culturas e o uso de plantas de cobertura, maximiza os benefícios, ajudando na retenção de nutrientes e na proteção contra erosão. Esses avanços evidenciam como as sementes sintéticas podem desempenhar um papel central na transformação dos sistemas agrícolas convencionais, contribuindo para a regeneração de ecossistemas enquanto fortalecem a produção agrícola em bases sustentáveis (TORRES e ALMEIDA, 2023).

Apesar de seu potencial transformador, a disseminação das sementes sintéticas enfrenta desafios significativos relacionados à equidade no acesso. Garcia e Monteiro (2022) alertam para a concentração de patentes por grandes corporações, o que restringe a disponibilidade dessa tecnologia para pequenos agricultores, especialmente em comunidades rurais de baixa renda. Essa exclusividade pode ampliar desigualdades já existentes, dificultando a implementação de práticas biotecnológicas em larga escala.

Khan e Roberts (2023) argumentam que a formulação de políticas públicas voltadas para subsídios, incentivos fiscais e programas de capacitação técnica é fundamental para mitigar essas barreiras. Além disso, iniciativas que incentivem a formação de cooperativas agrícolas e promovam a transferência de tecnologia podem garantir que os benefícios das sementes sintéticas alcancem agricultores de diferentes contextos socioeconômicos. A democratização do acesso é um fator crítico para assegurar que essa inovação não apenas modernize a agricultura, mas também contribua para uma distribuição mais justa de seus avanços.

A preservação de espécies vegetais endêmicas e ameaçadas de extinção é uma das aplicações mais promissoras das sementes sintéticas, destacando seu papel na conservação da biodiversidade. O encapsulamento de embriões somáticos de plantas nativas permite o transporte seguro e a reintrodução em habitats naturais, oferecendo uma solução prática para enfrentar a perda de biodiversidade causada pela destruição de habitats (OLIVEIRA e MATSUDA, 2023). Yamamoto e Ruiz (2023) enfatizam que bancos móveis de sementes, baseados em tecnologia sintética, facilitam o intercâmbio de germoplasma entre países, promovendo a preservação global de espécies raras. Essa estratégia é especialmente relevante em um cenário de mudanças climáticas e pressão antrópica crescente, onde a conservação ativa de recursos genéticos se torna essencial para a sustentabilidade dos ecossistemas. A aplicação de sementes sintéticas na conservação sublinha a necessidade de unir esforços científicos, logísticos e políticos para mitigar os impactos da perda de biodiversidade em escala global.

A utilização de sementes sintéticas em sistemas hidropônicos e aquapônicos tem ganhado espaço como uma solução eficiente para a produção de alimentos em ambientes controlados, especialmente em contextos urbanos. Martins e Ferreira (2022) demonstraram que sementes encapsuladas com nutrientes solúveis e agentes bioestimulantes apresentam maior uniformidade no crescimento das plantas, reduzindo o desperdício de recursos e otimizando a produtividade. Esses sistemas são particularmente adequados para áreas urbanas com espaço limitado, onde o cultivo vertical e a agricultura indoor requerem precisão nos insumos e nas condições de crescimento.

A tecnologia das sementes sintéticas permite minimizar o consumo de água e energia, tornando-a altamente sustentável em ambientes de alta densidade populacional. Essa abordagem representa um avanço significativo na modernização da agricultura, ao integrar tecnologia de ponta em sistemas inovadores de cultivo que atendem às demandas por segurança alimentar em regiões com espaço e recursos limitados (ROJAS e CASTRO, 2023).

As sementes sintéticas têm se destacado como ferramentas estratégicas para a adaptação das culturas agrícolas aos impactos das mudanças climáticas. Wang e Lin (2023) mostraram que matrizes encapsulantes podem ser formuladas com compostos bioativos que aumentam a tolerância das plantas ao estresse hídrico, variações de temperatura e solos com baixa fertilidade. Essa capacidade adaptativa é particularmente relevante em áreas vulneráveis às mudanças climáticas, onde a produção agrícola enfrenta desafios crescentes.

Estudos de Oliveira e Ramirez (2022) reforçam a importância de sementes sintéticas em programas de reflorestamento e recuperação de áreas costeiras afetadas pelo aumento do nível do mar. Ao permitir o cultivo em condições climáticas extremas, essas sementes oferecem uma solução viável para sustentar a segurança alimentar global em um cenário de instabilidade ambiental, demonstrando como a biotecnologia pode ser instrumental na construção de sistemas agrícolas mais eficazes e adaptados.

O desenvolvimento de sementes sintéticas está intrinsecamente ligado aos avanços contínuos em biotecnologia e inovação científica, indicando um futuro promissor para a agricultura global. Nakagawa e Campos (2023) destacam que a integração de inteligência artificial nos processos de encapsulamento tem permitido uma personalização mais precisa das matrizes, otimizando sua composição para atender às necessidades específicas de diferentes culturas. Essa abordagem não só melhora a eficácia das sementes, mas também reduz custos de produção, tornando a tecnologia mais acessível.

Garcia e Santos (2023) ressaltam que parcerias entre centros de pesquisa internacionais e instituições acadêmicas têm sido fundamentais para o desenvolvimento de matrizes mais sustentáveis e economicamente viáveis, acelerando a transferência de conhecimento e tecnologia. Essas colaborações demonstram como a sinergia entre ciência e inovação pode superar os desafios globais da agricultura, consolidando as sementes sintéticas como uma ferramenta indispensável para a segurança alimentar e a conservação ambiental no futuro.

As sementes sintéticas representam uma convergência estratégica entre biotecnologia, sustentabilidade e inovação agrícola, configurando-se como uma resposta viável a desafios globais, como a garantia da segurança alimentar, a conservação ambiental e a adaptação às mudanças climáticas. Apesar do grande potencial, sua adoção em larga escala exige não apenas avanços técnicos, mas também a formulação de políticas públicas inclusivas e a construção de parcerias eficazes entre pesquisadores, governos e agricultores, a fim de superar barreiras econômicas, sociais e regulatórias.

Este trabalho abordou os progressos alcançados até o momento, os obstáculos ainda presentes e as perspectivas futuras dessa tecnologia, que desponta como uma ferramenta transformadora nos campos da produção agrícola e da gestão ambiental. O futuro das sementes sintéticas, portanto, dependerá de um equilíbrio entre inovação científica e um compromisso ético e sustentável, alinhado às necessidades urgentes da sociedade global.

Referências

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CAPÍTULO 9

TRAJETÓRIA DOS MARCADORES MOLECULARES APLICADOS AO MELHORAMENTO VEGETAL: MODALIDADES E PERSPECTIVAS

TRAJECTORY OF MOLECULAR MARKERS APPLIED TO PLANT IMPROVEMENT: TYPES AND PERSPECTIVES

 

DOI: https://doi.org/10.56001/22.9786500495669.09

Submetido em: 15/12/2024

Revisado em: 22/12/2024

Publicado em: 27/12/2024

Demerson Arruda Sanglard

Universidade Federal de Minas Gerais, Instituto de Ciências Agrárias, Montes Claros-MG

http://lattes.cnpq.br/7417873079167401

Ana Carolina Ataíde Silveira

Universidade Estadual de Montes Claros, Hospital Universitário, Montes Claros-MG

http://lattes.cnpq.br/2466104732305153

Leandro Silva de Oliveira

Universidade Federal de Minas Gerais, Instituto de Ciências Agrárias, Montes Claros-MG

http://lattes.cnpq.br/7112647732774200

Claudinéia Ferreira Nunes

Universidade Federal de Minas Gerais, Instituto de Ciências Agrárias, Montes Claros-MG

http://lattes.cnpq.br/8189644314305172

Flávia Echila Ribeiro Batista

Universidade Federal de Minas Gerais, Instituto de Ciências Agrárias, Montes Claros-MG

http://lattes.cnpq.br/9175849604614635

Maria Betânia Fonseca

Universidade Estadual de Montes Claros, PPGB, Montes Claros-MG

http://lattes.cnpq.br/3614739537291794

Leonardo Máximo da Silva

Universidade Federal de Minas Gerais, Instituto de Ciências Agrárias, Montes Claros-MG

http://lattes.cnpq.br/8554896027699899

Ariane da Silva Nogueira

Universidade Federal de Minas Gerais, Instituto de Ciências Agrárias, Montes Claros-MG

http://lattes.cnpq.br/8247585524843586

Andressa Layane Ferreira Linhares

Universidade Estadual da Região Tocantina do Maranhão, CCA, Imperatriz-MA

http://lattes.cnpq.br/0487448213901007

Carlos Juliano Brant Albuquerque

Universidade Federal de Minas Gerais, Instituto de Ciências Agrárias, Montes Claros-MG

http://lattes.cnpq.br/1647940900228987

 

Resumo

Este estudo realizou uma revisão abrangente sobre a trajetória, modalidades e avanços nos mecanismos de uso de marcadores moleculares no melhoramento genético vegetal, sintetizando seu impacto técnico e prático no contexto agrícola global. A pesquisa abrange publicações entre 1997 e 2022, utilizando descritores específicos e bases de dados renomadas como Web of Science e Scopus para garantir uma análise robusta e representativa. A análise incluiu marcadores baseados em proteínas, hibridização, PCR, sequenciamento e epigenéticos, além de destacar tecnologias emergentes como nanomarcadores, CRISPR-Cas e aprendizado de máquina. Marcadores de proteínas, apesar de limitações em precisão, permaneceram relevantes em espécies tropicais, enquanto os de hibridização, como RFLP, foram pioneiros na construção de mapas genéticos. Marcadores baseados em PCR, incluindo SSR, AFLP e DaRT, consolidaram-se como ferramentas indispensáveis, destacando-se pela eficiência e aplicabilidade em diversas culturas. Avanços em sequenciamento, como RAD-seq e RNA-seq, ampliaram a resolução genômica, enquanto marcadores epigenéticos emergiram como uma dimensão crítica para a compreensão da plasticidade fenotípica. Tecnologias emergentes, como sequenciamento de terceira geração, aprendizado de máquina e nanomarcadores, revolucionaram a análise e integração de dados multiômicos, promovendo maior lucro e sustentabilidade no desenvolvimento de cultivares. Apesar dos desafios como custos elevados e complexidade técnica, o futuro do melhoramento genético vegetal reside na convergência dessas tecnologias, permitindo cultivares resilientes e produtivos adaptados aos mais variados cenários agrícolas globais.

Palavras-Chave: MAS, melhoramento vegetal, GWAS, multi-ômica, tecnologias emergentes

Abstract

This study carried out a comprehensive review of the trajectory, modalities and advances in the mechanisms of use of molecular markers in plant genetic improvement, synthesizing their technical and practical impact in the global agricultural context. The research covers publications between 1997 and 2022, using specific descriptors and renowned databases such as Web of Science and Scopus to ensure a robust and representative analysis. The analysis included protein-based markers, hybridization, PCR, sequencing and epigenetics, in addition to highlighting emerging technologies such as nanomarkers, CRISPR-Cas and machine learning. Protein markers, despite limitations in accuracy, remained relevant in tropical species, while hybridization markers, such as RFLP, were pioneers in the construction of genetic maps. PCR-based markers, including SSR, AFLP and DaRT, have consolidated themselves as indispensable tools, standing out for their efficiency and applicability in several crops. Advances in sequencing, such as RAD-seq and RNA-seq, have increased genomic resolution, while epigenetic markers have emerged as a critical dimension for understanding phenotypic plasticity. Emerging technologies, such as third-generation sequencing, machine learning, and nanomarkers, have revolutionized the analysis and integration of multiomic data, promoting greater profitability and sustainability in cultivar development. Despite challenges such as high costs and technical complexity, the future of plant genetic improvement lies in the convergence of these technologies, enabling resilient and productive cultivars adapted to the most diverse global agricultural scenarios.

Keywords: MAS, plant breeding, GWAS, multi-omics, emerging technologies

 

Introdução

O melhoramento genético vegetal desempenha um papel central na agricultura moderna, sendo essencial para atender às crescentes demandas por maior produtividade, qualidade dos produtos e sustentabilidade ambiental (Turchetto-Zolet et al., 2017; Yali, 2022). Diante do cenário global de crescimento populacional e de mudanças climáticas, a utilização de tecnologias inovadoras tem se tornado necessária para a melhoria dos sistemas agrícolas. Nesse contexto, os marcadores moleculares emergem como ferramentas fundamentais, possibilitando maior precisão e eficiência na seleção de características desejáveis ​​em plantas, como resistência a doenças, tolerância a estresses abióticos e melhorias na qualidade nutricional (Oliveira Santos e Rocha, 2016; Choudhury et al., 2022).

Marcadores moleculares são sequências de DNA ou RNA que indicam a presença de características genéticas específicas em um organismo, possibilitando a identificação e o rastreamento de genes de interesse ao longo das gerações (Oliveira et al., 2021). Com o advento das tecnologias genômicas, como sequenciamento de última geração (NGS) e plataformas de genotipagem de alta densidade, os avanços nesse campo têm sido expressivos, reduzindo custos e ampliando o acesso à análise genética em programas de melhoramento (Silva et al., 2021). Além disso, os marcadores moleculares permitem uma abordagem mais rápida e precisa para o desenvolvimento de novas cultivares, contribuindo para uma agricultura mais competitiva e sustentável (Oliveira et al., 2021).

A relevância dos marcadores moleculares está intrinsecamente ligada à sua capacidade de identificação de características específicas com base em variações genéticas. Essas ferramentas têm sido amplamente utilizadas em diferentes modalidades, incluindo seleção assistida por marcadores (MAS) e mapeamento de genes, acelerando significativamente o processo de melhoramento genético e conforto soluções para desafios agronômicos complexos (Toppa e Jadoski, 2013). Assim, o estudo das modalidades e mecanismos que envolvem essas ferramentas é de extrema importância para o avanço do setor agrícola.

Metodologia

Este estudo foi desenvolvido como uma revisão analítica com abordagem sistêmica (Oliveira, 2021), abordando a trajetória cronológica, modalidades e refinamentos dos mecanismos de uso de marcadores moleculares no melhoramento genético vegetal. A revisão sintetizou os avanços técnicos, os desafios e as aplicações práticas dessas ferramentas no contexto agrícola global. A metodologia aprimorou um delineamento estruturado em etapas: planejamento, coleta de dados, análise e síntese integrativa com base em recomendações metodológicas para revisões sistemáticas (Lima Dantas et al., 2022).

A pesquisa foi delimitada a publicações acadêmicas entre 1997 e 2022, considerando a relevância crescente dos marcadores moleculares durante esse período devido aos avanços em tecnologias genômicas e às demandas por maior eficiência no melhoramento genético (Borém et al., 2021). Foram incluídas publicações que abordavam diretamente modalidades que vigoravam predominantemente em cada década, além de aplicações práticas no contexto agrícola.

A busca foi realizada em bases de dados científicos amplamente reconhecidas, incluindo Web of Science, Scopus, PubMed e SciELO, além de comunicados técnicos de agências oficiais, repositórios de pós-graduações e livros. Os descritores utilizados incluíram definições de termos em inglês, como por exemplo “molecular markers”, “plant breeding”, ” Plant molecular genetics”, “MAS” (Marker Assisted Selection), “genomics tools”, etc.; estruturados com operadores booleanos para garantir abrangência e precisão (Santos Puga e Atallah, 2020).

Resultados e Discussão
  • Marcadores baseados em proteínas

Marcadores baseados em proteínas, como isoenzimas, foram importantes nos estágios iniciais do melhoramento genético vegetal, devido à simplicidade e baixo custo (Ferreira e Grattapaglia, 1998). Ainda relevantes em culturas tropicais e espécies subutilizadas, esses marcadores refletem a funcionalidade gênica e são úteis em estudos de diversidade e seleção de características agronômicas específicas (Bered et al., 1997; Carneiro et al., 2016).

Apesar de superados por marcadores de DNA em precisão e abrangência, avanços como a espectrometria de massa e a integração multi-ômica indicam novas aplicações, combinando análise Proteômica e genômica para compreender interações genótipo-fenótipo (Borém e Fritsche-Neto 2013; Silva, 2021; Yan et al. 2022). Contudo, custos elevados e limitações tecnológicas desafiam sua ampla adoção em países em desenvolvimento (Lohbauer, 2022).

A convergência de marcadores baseados em proteínas e DNA pode otimizar o melhoramento genético vegetal, especialmente com o uso de inteligência artificial e plataformas de análise integrativa (Rocha et al., 2021). Essa abordagem representa uma nova fronteira na busca por maior eficiência e sustentabilidade agrícola.

  • Marcadores baseados em hibridização

Os marcadores de hibridização, como RFLP (Restriction Fragment Length Polymorphism) e Southern blot, foram pioneiros no uso de ferramentas moleculares para a identificação de variações genéticas e permanecem como referência histórica na trajetória do melhoramento genético vegetal (Carrer et al., 2010; Souza, 2019).

Apesar de serem considerações de metodologias tradicionais, os marcadores de hibridização ainda possuem relevância em análises específicas, como estudos de ligação gênica e identificação de genes associados a características agronômicas importantes (Miqueloni et al., 2019). Esses marcadores são notáveis ​​por sua alta reprodutibilidade e precisão em análises genéticas complexas, embora tenham sido gradualmente substituídos por tecnologias mais rápidas e menos onerosas, como PCR e NGS (Next-Generation Sequencing) (Bartsch et al., 2018; Cavalcante, 2022).

Com o desenvolvimento de tecnologias modernas, os marcadores de hibridização passaram a ser usados ​​em combinação com abordagens de sequenciamento, permitindo análises mais elaboradas de genomas complexos. Estudos recentes demonstram que a integração de hibridização com técnicas como CRISPR-Cas9 e mapeamento por associação genômica ampla (GWAS) pode revelar novas perspectivas sobre genes de interesse agronômico e sua funcionalidade (Luo et al., 2021; Waghmare, 2022).

O uso de marcadores de hibridização também foi revigorado por aplicações em genômica comparativa, onde as conclusões dessas técnicas facilitam a análise de regiões conservadas entre genomas de espécies próximas. Isso é particularmente importante para a transferência de genes e para o desenvolvimento de cultivares resistentes a estresses abióticos e bióticos (Joshi et al.; 2019; Aguilar-Aleixo, 2021).

Apesar de suas contribuições, os marcadores de hibridização enfrentam limitações específicas, como a demanda por grandes quantidades de DNA, o uso intensivo de tempo e o custo elevado. Esses fatores restringem sua aplicação em larga escala em comparação com métodos baseados em PCR ou sequenciamento (Ferreira e Grattapaglia, 1998; Chukwu et al., 2019). No entanto, a incorporação dessas técnicas em estudos avançados de genômica funcional pode contribuir para o entendimento mais profundo de características complexas e para o desenvolvimento de soluções inovadoras no melhoramento genético vegetal (Ma et al., 2021; Martins, 2022).

O futuro dos marcadores de hibridização está intrinsecamente ligado à sua integração com plataformas tecnológicas avançadas e ao desenvolvimento de protocolos que reduzem custos e aumentam sua eficiência. Essa evolução pode ampliar seu papel em programas de melhoramento genético, especialmente em estudos de espécies negligenciadas e subutilizadas (Serafini et al., 2021).

  • Marcadores baseados em PCR

Os marcadores moleculares baseados em PCR consolidaram-se como ferramentas indispensáveis ​​no melhoramento genético vegetal, devido à sua eficiência na amplificação seletiva de sequências de DNA e à ampla aplicabilidade em diversas culturas. Modalidades como RAPD (Random Amplified Polymorphic DNA), ISSR (Inter Simple Sequence Repeat), SSR (Simple Sequence Repeat), AFLP (Amplified Fragment Length Polymorphism), CAPS (Cleaved Amplified Polymorphic Sequences), dCAPS (Derived Cleaved Amplified Polymorphic Sequences) e DaRT (Diversity Arrays Technology) contribuíram significativamente para a identificação de polimorfismos genéticos, seleção assistida por marcadores (MAS) e mapeamento de características quantitativas (QTLs) (Borém e Caixeta, 2009; Moreira, 2015; Turchetto-Zolet et al., 2017; Garrido-Cardenas et al., 2018; Nadeem et al., 2018; Bernardo, 2020; Serrote et al., 2020; Antunes et al., 2021; Goswami et al., 2022).

Os marcadores RAPD e ISSR, apesar das tecnologias de primeira geração, continuam relevantes em estudos iniciais de diversidade genética devido à simplicidade e baixo custo (Silva Oliveira et al., 2020). Por outro lado, SSR e AFLP destacam-se pela sua alta reprodutibilidade e precisão na detecção de polimorfismos. Os SSRs, por exemplo, têm sido amplamente aplicados em mapeamentos genéticos de culturas como arroz (Oryza sativa) e trigo (Triticum aestivum), onde locais específicos associados à resistência a estresses bióticos e abióticos foram identificados (Llatas et al., 2021). Já o AFLP oferece uma abordagem robusta para análise de genomas pouco caracterizados, sendo essencial para estudos de paisagens naturais e subutilizadas (Blind et al., 2020).

Marcadores como CAPS e dCAPS possibilitam a validação de SNPs em regiões genômicas de interesse. Essas técnicas têm sido eficazes na seleção de genótipos resistentes a doenças em culturas como soja (Glycine max) e milho (Zea mays), oferecendo maior precisão no delineamento de programas de melhoramento (Turchetto-Zolet et al., 2017).

O DaRT, por sua vez, utiliza uma abordagem híbrida de hibridização e PCR, permitindo análises de larga escala em situações complexas. Este marcador tem sido mostrado altamente eficiente em estudos de diversidade genética e genômica comparativa, sendo amplamente utilizado em culturas de grande importância econômica, como cana-de-açúcar (Saccharum spp.) e cevada (Hordeum vulgare) (Tianqing et al., 2018).

Os avanços em plataformas de sequenciamento de última geração (NGS) e bioinformática ampliaram o escopo dos marcadores baseados em PCR, permitindo sua integração com ferramentas modernas, como GWAS (Genome-Wide Association Studies). Essa abordagem tem facilitado a identificação de locais de características complexas, como eficiência no uso de nutrientes e tolerância ao calor, promovendo avanços em sustentabilidade agrícola (Dantas et al., 2017, Alseekh et al., 2021; Uffelmann et al., 2021).

Além disso, a evolução do PCR digital e do PCR multiplex contribuiu para aumentar a precisão e a capacidade de detecção de múltiplos locais simultaneamente, tornando essas tecnologias ainda mais relevantes para estudos de grande escala (Colombo e Hagiwara, 2020; Sobiech et al.; 2022).

Apesar de suas contribuições, os marcadores baseados em PCR enfrentam desafios, como a necessidade de oligonucleotídeos (primers) específicos, suscetibilidade a erros de amplificação e limitações na detecção de polimorfismo em regiões complexas do genoma (Marwal e Gaur, 2020). No entanto, com a integração de análises multi-ômicas e aprendizado de máquina, esses marcadores têm potencial para superar essas barreiras, contribuindo para programas de melhoria mais eficientes e sustentáveis ​​(Reel  et al., 2021; Haleem et al., 2022).

  • Marcadores baseados em sequenciamento

Marcadores baseados em sequenciamento representam uma evolução mais avançada das ferramentas moleculares, possibilitando análises de alta resolução e abrangência genômica. Essas tecnologias, acerçadas no sequenciamento de DNA de próxima geração NGS (Next-Generation Sequencing), como RAD-seq (Restriction site Associated DNA sequencing), GBS (Genotyping by Sequencing), RNA-seq (RNA sequencing) e tecnologias de sequenciamento de terceira geração (PacBio e Nanopore), revolucionaram o melhoramento genético vegetal para permitir a genotipagem em larga escala e a análise de características complexas (Giusti et al., 2016; Zhao et al., 2019; Wang et al., 2020; Karst et al., 2021).

RAD-seq e GBS destacam-se por sua capacidade de gerar grandes volumes de dados genômicos de forma eficiente e com custos reduzidos. O RAD-seq utiliza enzimas de restrição para identificar regiões específicas do genoma, enquanto o GBS combina restrição enzimática e sequenciamento direto para acesso a variações genéticas, como SNPs, de forma rápida e eficaz (Ulaszewski et al., 2021).

O RNA-seq, por sua vez, permite o sequenciamento do transcriptoma completo, oferecendo insights detalhados sobre genes expressos sob diferentes condições ambientais e de manejo. Essa modalidade tem sido essencial para desvendar os mecanismos moleculares subjacentes à tolerância aos estresses bióticos e abióticos em culturas como arroz (Oryza sativa) e cana-de-açúcar (Saccharum spp.) (Santos Fagundes e Cagliari, 2019; Lei et al., 2021; Manimekalai et al., 2022).

As tecnologias de terceira geração, como PacBio e Nanopore, introduziram uma capacidade de sequenciar longas regiões genômicas sem interrupções. Isso é particularmente relevante para a análise de genomas complexos e altamente repetitivos, como o da banana (Musa spp.), permitindo a identificação precisa de variantes estruturais (Belser et al., 2019).

Marcadores baseados em sequenciamento têm grandes acurácias e potenciais, no sentido de fornecer ao melhoramento genético dados precisos sobre associações genômicas. A integração com ferramentas como GWAS (Genome-Wide Association Studies) e seleção genômica tem ampliado significativamente a capacidade de identificar locais associados a características complexas, como produtividade e resistência a estresses ambientais (Azevedo et al., 2019; Cardona Tobar et al., 2020).

Além disso, a combinação de sequenciamento com análises multi-ômicas, como proteômica e metabolômica, permitiu uma compreensão mais aprofundada dos mecanismos moleculares que regulam traços agronômicos, oferecendo perspectivas promissoras para o desenvolvimento de cultivares mais produtivas e resilientes (Corona-Herrera, 2021).

Apesar de seu potencial transformador, marcadores baseados em sequenciamento enfrentam desafios relacionados à análise e interpretação de grandes volumes de dados genômicos, além dos altos custos associados a equipamentos e softwares especializados (Medeiros e Leandro, 2019; Petersen et al., 2019). Entretanto, o desenvolvimento contínuo das tecnologias de bioinformática e aprendizado de máquina tem acelerado a capacidade de analisar e integrar esses dados de forma eficiente, reduzindo barreiras para a adoção ampla (Bajay, 2022).

O futuro dos marcadores baseado no sequenciamento reside na acessibilidade e na integração total com plataformas digitais avançadas, o que permitirá a personalização de estratégias de melhoramento genético e a adaptação de cultivares às demandas específicas de diferentes regiões agrícolas e cenários climáticos globais (Sun et al., 2020; Santos et al., 2022).

  • Marcadores baseados em efeitos epigenéticos

Os marcadores epigenéticos emergiram como uma fronteira promissora no melhoramento genético vegetal, oferecendo uma dimensão adicional ao entendimento das características agronômicas. Diferentemente dos marcadores clássicos, que detectam variações na sequência de DNA, os marcadores epigenéticos identificam modificações químicas que regulam a expressão gênica sem alterar a sequência do genoma. Essas modificações incluem metilação do DNA, modificações de histonas e regulação por RNAs não codificantes, as quais desempenham papéis cruciais na adaptação a estresses ambientais, plasticidade fenotípica e herança transgeracional (Parejo Farnés et al., 2019; Statello et al., 2021).

O principal mecanismo abordado nos marcadores epigenéticos é a metilação do DNA, frequentemente comprovado por meio de técnicas como bisulfito-PCR e sequenciamento de bisulfito (BS-seq). Essas abordagens permitem mapear padrões de metilação em locais específicos ou em todo o genoma, revelando associações com características como resistência a estresses abióticos e produtividade (Pereira, 2019; Smail e Mohamad, 2022).

Além disso, modificações nas histonas, como acetilação e metilação, foram exploradas por técnicas como cromatina-imunoprecipitação seguida de sequenciamento (ChIP-seq). Essas modificações estão associadas à regulação da expressão de genes envolvidos no desenvolvimento e na defesa contra patógenos, ampliando as possibilidades de uso de marcadores epigenéticos em programas de melhoramento (Alonso et al., 2019; Zhang et al., 2021).

Os marcadores epigenéticos têm potencial para complementar os marcadores moleculares tradicionais ao oferecer insights sobre a regulação gênica em resposta ao ambiente. Estudos integrando dados epigenéticos com abordagens genômicas, como GWAS (Genome-Wide Association Studies), identificaram locos regulatórios chave associados a características quantitativas complexas (Fang e Luo, 2019). A integração de dados multiômicos, incluindo epigenômica e transcriptômica, permite um entendimento mais profundo das interações genótipo-ambiente, possibilitando estratégias de melhoria mais eficientes e sustentáveis ​​(Subramanian et al., 2020).

Embora o uso de marcadores epigenéticos no melhoramento vegetal ainda esteja em seus avanços iniciais, avanços em tecnologias de sequenciamento de alta sensibilidade, como Nanopore e PacBio, estão facilitando a identificação de modificações epigenéticas em larga escala. No entanto, a interpretação desses dados apresenta desafios, incluindo a necessidade de ferramentas bioinformáticas avançadas e a complexidade em diferenças de modificações herdáveis ​​de variações transitórias causadas pelo ambiente (Liu et al., 2021).

Os marcadores epigenéticos oferecem uma oportunidade única para abordar questões como a plasticidade fenotípica e a herança transgeracional de características adaptativas. Com a redução contínua nos custos e a melhoria nas ferramentas analíticas, é provável que esses marcadores se tornem parte integrante dos programas de melhoramento genético no futuro próximo, ampliando a capacidade de desenvolver cultivares resilientes às demandas agrícolas globais (Liang et al., 2018; Lucibelli et al., 2022).

  • Marcadores baseados em tecnologias emergentes

As tecnologias emergentes revolucionaram o campo dos marcadores moleculares, trazendo inovações que expandem as fronteiras do melhoramento genético vegetal. Ferramentas como sequenciamento de terceira geração, edição genômica por CRISPR-Cas, aprendizado de máquina, bioinformática avançada e nanomarcadores representam um novo paradigma para análise, integração e aplicação de dados genômicos, epigenômicos e fenotípicos. Esses avanços aceleraram a identificação de características complexas, tornando os programas de melhoramento mais eficientes, precisos e adaptáveis ​​às demandas agrícolas contemporâneas (Aksoy et al., 2022; Dmitriev et al., 2022; Prey et al., 2022; Teimoori Yaneh-Sari et al., 2022).

O sequenciamento de terceira geração, exemplificado por tecnologias como PacBio e Nanopore, oferece leituras longas e precisas, essenciais para decifrar genomas altamente repetitivos e complexos, como o de trigo (Triticum aestivum) e banana (Musa spp.). Além disso, essas plataformas integram a análise de modificações epigenéticas, como metilação do DNA, com dados genômicos, permitindo uma compreensão mais ampla de características hereditárias e adaptativas (Singh et al., 2022; Tay Fernandez et al., 2022).

A edição genômica com CRISPR-Cas transformou o desenvolvimento de marcadores moleculares para permitir a validação funcional de genes-alvo. Essa tecnologia tem sido utilizada para introduzir características específicas em plantas, como resistência a doenças e tolerância a estresses abióticos. Quando integrado com ferramentas de sequenciamento, o CRISPR potencializa a criação de cultivares altamente adaptadas e com traços complexos otimizados (Nidhi et al., 2021; Rehman et al., 2022).

Apesar de suas vantagens, as tecnologias emergentes enfrentam desafios relacionados à acessibilidade, custos de implementação e complexidade analítica. Os países em desenvolvimento ainda têm acesso limitado a essas ferramentas, criando lacunas no uso amplo e equitativo dessas tecnologias (Li et al.; 2020; Kumar et al., 2022). No entanto, Shah et al. (2022) argumentam sobre a tendência de redução de custos, aliada ao desenvolvimento de ferramentas bioinformáticas mais acessíveis e colaborativas, promete democratizar o uso dessas tecnologias no melhoramento genético global.

O futuro das tecnologias emergentes reside na convergência de suas capacidades, de acordo com ​​(Usha et al., 2022). A integração de sequenciamento, edição genômica, nanomarcadores e aprendizado de máquina em um ecossistema analítico robusto tem potencial para redefinir o cenário agrícola, permitindo o desenvolvimento de cultivares mais resilientes, produtivas e sustentáveis.

­­Considerações Finais

Os marcadores moleculares transformaram o panorama do melhoramento genético vegetal, tornando-se ferramentas indispensáveis ​​para superar os desafios globais na agricultura, como o aumento da produtividade, a adaptação às mudanças climáticas e a sustentabilidade ambiental. Desde os marcadores pioneiros baseados em proteínas e hibridização até as modernas tecnologias de sequenciamento, edição genômica e nanotecnologia, houve um progresso significativo na capacidade de identificar, mapear e manipular características genéticas complexas, conforme síntese apresentada na Tabela 1. O futuro do melhoramento genético vegetal reside na integração de tecnologias moleculares de ponta com fenotipagens a campo baseadas em inteligências artificiais cada vez mais céleres, permitindo o desenvolvimento de cultivares resilientes, produtivas e ambientalmente sustentáveis. Essa trajetória reflete a importância de um esforço colaborativo global entre ciência, tecnologia e agricultura para atender às demandas de segurança alimentar e sustentabilidade no século XXI.

Tabela 1: Síntese comparativa sobre a trajetória dos principais marcadores moleculares aplicados ao melhoramento genético vegetal.

MODALIDADE*

MECANISMO

APLICAÇÃO

AVANÇO

Isoenzimas

(1970’s)

Análise de proteínas enzimáticas para detectar variações genéticas

Estudos iniciais de diversidade genética e seleção fenotípica

Facilitou a análise de variações fenotípicas simples

RFLP

(1980’s)

Hibridização de DNA restrito para mapear polimorfismos

Mapeamento de genes e construção de mapas genéticos

Pioneirismo na criação de mapas genéticos detalhados

SSR

(1990’s)

Repetições simples de nucleotídeos amplificadas por PCR

Mapeamento genético e análises de QTLs

Ampla aplicabilidade em genomas bem caracterizados

RAPD

(1990’s)

Amplificação aleatória de sequências de DNA

Identificação rápida de polimorfismos em genomas simples

Simples e acessível para estudos iniciais

CAPS

(1993)

Amplificação de DNA seguida de digestão enzimática

Validação de SNPs em genes de interesse

Alta precisão na validação de SNPs

ISSR

(1994)

Amplificação entre regiões repetitivas

Diversidade genética entre regiões repetitivas

Identificação de regiões polimórficas entre regiões repetitivas

AFLP

(1995)

Amplificação seletiva de fragmentos polimórficos do DNA

Estudos de diversidade genética e genomas pouco caracterizados

Análise robusta para genomas não sequenciados

dCAPS

(1996)

Criação de sítios artificiais de restrição para detecção de SNPs

Análise de SNPs com restrição artificial

Alta especificidade para SNPs em regiões críticas

DaRT

(2000)

Hibridização e amplificação seletiva em larga escala

Genotipagem em larga escala e diversidade genética

Facilitou estudos comparativos em grande escala

RAD-seq

(2008)

Sequenciamento de DNA associado a sítios de restrição

Mapeamento de QTLs e estudos de diversidade genética

Alta eficiência em identificar associações genéticas

SNP

(2008)

Identificação de polimorfismos de nucleotídeos únicos por genotipagem de alta precisão

Mapeamento de características quantitativas, GWAS, seleção genômica, análise de associação

Alta densidade e precisão para estudos de associação genética e genotipagem em larga escala

Sequenciamento

(2010)

Leitura de sequências de DNA ou RNA por tecnologias de alta precisão

Genotipagem em larga escala, identificação de SNPs, análise de expressão gênica, estudo de características complexas

Revolucionou a genômica ao fornecer dados de alta resolução para identificação de características agronômicas e análise de genomas complexos

GBS

(2011)

Sequenciamento direto de DNA amplificado por enzimas de restrição

Identificação de SNPs e locos associados a características complexas

Custos reduzidos para estudos de diversidade genética

RNA-seq

(2012)

Sequenciamento do transcriptoma para análise de expressão gênica

Estudos de regulação gênica e resposta ao ambiente

Compreensão de redes regulatórias complexas

CRISPR-Cas

(2012)

Edição genômica precisa por meio de nucleases guiadas por RNA

Introdução e edição de características específicas no DNA, validação de genes-alvo

Revolucionou a engenharia genética ao permitir edição direta de locos associados a características agronômicas

Nanomarcadores

(2015)

Uso de nanopartículas para detectar e rastrear biomoléculas

Genotipagem sensível e análises epigenômicas

Alta sensibilidade e especificidade para SNPs e epigenômica

Epigenéticos

(2018)

Identificação de modificações químicas que regulam a expressão gênica

Estudo de metilação, modificações de histonas e regulação por RNAs

Permitiu a integração de epigenômica em programas de melhoramento

Emergentes

(2020’s)

Combinações e integrações das modalidades anteriores com vieses originais quanto às estratégias afeitas ao melhoramento genético vegetal.

*(Década ou ano dos primeiros relatos). Fonte: Elaborado pelos autores.

Agradecimentos

Nossos agradecimentos ao fomento concedido pela Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de Minas Gerais (FAPEMIG – Projeto APQ-03554-14): “Melhoramento participativo de milho com enfoque na agrobiodiversidade do semiárido mineiro”. Também destacamos os esforços das equipes acadêmicas vinculadas ao Laboratório de Biotecnologia e ao NEProTeC (Núcleo de Estudos em Produção e Tecnologia de Cereais), ambos vinculados à Universidade Federal de Minas Gerais (Campus Montes Claros).

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CAPÍTULO 10

PARÂMETROS GENÉTICOS E PREDIÇÃO DE VALORES GENOTÍPICOS DE LINHAGENS DE ARROZ IRRIGADO EM CAMPOS DOS GOYTACAZES

GENETIC PARAMETERS AND PREDICTION OF GENOTYPIC VALUES OF IRRIGATED RICE IMBRED LINES IN CAMPOS DOS GOYTACAZES

 

 

DOI: https://doi.org/10.56001/22.9786500495669.10

Submetido em: 15/04/2025

Revisado em: 24/04/2025

Publicado em: 25/04/2025

Maxwel Rodrigues Nascimento

Universidade Estadual do Norte Fluminense Darcy Ribeiro, Centro de Ciências e Tecnologias Agropecuárias, Campos dos Goytacazes-RJ

http://lattes.cnpq.br/8609015173005661

Rogério Figueiredo Daher

Universidade Estadual do Norte Fluminense Darcy Ribeiro, Centro de Ciências e Tecnologias Agropecuárias, Campos dos Goytacazes-RJ

http://lattes.cnpq.br/0190530879188803

Ana Kesia Faria Vidal

Universidade Estadual do Norte Fluminense Darcy Ribeiro, Centro de Ciências e Tecnologias Agropecuárias, Campos dos Goytacazes-RJ

http://lattes.cnpq.br/7023035795229169

Josefa Grasiela Silva Santana

Universidade Estadual do Norte Fluminense Darcy Ribeiro, Centro de Ciências e Tecnologias Agropecuárias, Campos dos Goytacazes-RJ

http://lattes.cnpq.br/6595004772286179

Moisés Ambrósio

Universidade Estadual do Norte Fluminense Darcy Ribeiro, Centro de Ciências e Tecnologias Agropecuárias, Campos dos Goytacazes-RJ

http://lattes.cnpq.br/5878111118210460

Rafael Souza Freitas

Universidade Estadual do Norte Fluminense Darcy Ribeiro, Centro de Ciências e Tecnologias Agropecuárias, Campos dos Goytacazes-RJ

http://lattes.cnpq.br/4936198130928883

André Filipe Diniz de Souza

Universidade Estadual do Norte Fluminense Darcy Ribeiro, Centro de Ciências e Tecnologias Agropecuárias, Campos dos Goytacazes-RJ

http://lattes.cnpq.br/1447527340026698

Genival Ferreira dos Santos Junior

Universidade Estadual do Norte Fluminense Darcy Ribeiro, Centro de Ciências e Tecnologias Agropecuárias, Campos dos Goytacazes-RJ

http://lattes.cnpq.br/5962412536275481

Josilene Vargas Xavier

Universidade Estadual do Norte Fluminense Darcy Ribeiro, Centro de Ciências e Tecnologias Agropecuárias, Campos dos Goytacazes-RJ

http://lattes.cnpq.br/2723243991308627

Silvino Amorim Neto

Empresa de Pesquisa Agropecuária do Estado do Rio de Janeiro, Centro Estadual de Pesquisa em Agropecuária e Aproveitamento de Resíduos, Campos dos Goytacazes-RJ

http://lattes.cnpq.br/6404385455530611
 

 

 

Resumo

O arroz é um cereal de suma importância por ser fonte de carboidratos, proteínas, vitaminas e minerais para mais da metade da população mundial. Devido a sua importância, o arroz é cultivado anualmente em cerca de 168 milhões de hectares em todo o mundo, sendo que a maior parte da produção advém do continente asiático. O objetivo desse trabalho foi estimar os parâmetros genéticos e predizer os valores genotípicos envolvidos em caracteres agronômicos de genótipos de arroz cultivados em condição de várzea, a fim de identificar as linhagens de melhor desempenho. Foram avaliados 20 genótipos de arroz cultivados em condição de várzea, sendo 15 linhagens desenvolvidas pela Embrapa Arroz e Feijão e cinco cultivares designadas testemunhas, no município de Campos dos Goytacazes, na safra 2018/2019. O delineamento foi em blocos casualizados com quatro repetições. Foram estimados ciclo de florescimento, altura de planta e produtividade de grãos. As estimativas de componentes de variância e parâmetros genéticos foram obtidas pela metodologia de modelos mistos via REML (Restriction Maximum Likelihood) / BLUP (Best Linear Unbiased Prediction). Com base nos resultados estimados, a cultivar BRS Pampeira foi a melhor classificada, sendo, para efeito de seleção, a mais indicada para o cultivo no município de Campos dos Goytacazes.

 

Palavras-Chave: Oriza sativa L., herdabilidade, modelos mistos, REML/BLUP, valor de cultivo e uso

 

Abstract

Rice is an extremely important cereal because it is a source of carbohydrates, proteins, vitamins and minerals for more than half of the world’s population. Due to its importance, rice is cultivated annually in approximately 168 million hectares worldwide, with most of the production coming from the Asian continent. The objective of this study was to estimate the genetic parameters and predict the genotypic values ​​involved in agronomic traits of rice genotypes grown in floodplain conditions, in order to identify the best performing lines. Twenty rice genotypes grown in floodplain conditions were evaluated, 15 imbred lines developed by Embrapa Rice and Beans and five cultivars designated as controls, in the municipality of Campos dos Goytacazes, in the 2018/2019 harvest. The design was in randomized blocks with four replications. The flowering cycle, plant height and grain yield were estimated. The estimates of variance components and genetic parameters were obtained by the mixed model methodology via REML (Restriction Maximum Likelihood) / BLUP (Best Linear Unbiased Prediction). Based on the estimated results, the cultivar BRS Pampeira was the best classified, being, for selection purposes, the most suitable for cultivation in the municipality of Campos dos Goytacazes.

 

Keywords: Oriza sativa L., heritability, mixed models, REML/BLUP, cultivation value and use

 

 

Introdução

            O arroz é uma excelente fonte de energia, devido à alta concentração de carboidratos, principalmente amido, fornecendo também proteínas, vitaminas e minerais, além de possuir baixo teor de lipídios, constituindo-se em um alimento importante para o equilíbrio alimentar e nutricional na alimentação saudável (Walter et al., 2008).

O arroz é um cereal pertencente à ordem Glumiflorae, família Poaceae, gênero Oryza o qual é composto de 23 espécies (Khush, 1997). Atualmente existem duas espécies cultivadas, Oryza sativa L., que é cultivada em todo os continentes e Oryza glaberrima Steud, que tem o seu cultivo restrito ao oeste da África. O número básico de cromossomos do gênero Oryza é 12 e há várias espécies tetraploides com 2n=4x=48 cromossomos. A diferença entre as espécies que compõem esse gênero é a classificação quanto aos seus seis distintos genomas: A, B, C, D, E e F. As espécies O. sativa L. e O. glaberrima Steud., pertencem ao grupo com genoma A, o qual é composto por oito espécies, todas diploides (2n=2x=24 cromossomos) (Khush, 1997).

            Atualmente o arroz é um dos cereais mais produzidos e consumidos no mundo, caracterizando-se como principal alimento para mais da metade da população mundial. É cultivado anualmente em cerca de 168 milhões de hectares em todo o mundo (FAO, 2025), sendo que, a maior parte da produção, cerca de 90%, ocorre no continente asiático, cujo sistema básico de cultivo é o irrigado (FAO, 2025).

            Entre os países com maior produção, destaca-se a Índia, com 206,7 milhões de toneladas, seguida pela China, com 206,6 milhões de toneladas e Bangladesh com 58,6 milhões de toneladas (FAO, 2024) na safra de 2023. Enquanto o Brasil é o décimo primeiro produtor mundial e o primeiro fora do continente asiático, sendo que no mesmo período o país produziu 10,6 milhões de toneladas em 1,6 milhão de hectares (CONAB, 2025). Entre as regiões brasileiras, a região Sul destaca-se como a principal produtora de arroz, com 8,4 milhões de toneladas em 1 milhão de hectares, seguida da região Norte, com produção de 1,1 milhão de toneladas em 230,4 mil hectares e da região Centro-Oeste que produziu 537,2 mil toneladas em 132,6 mil hectares (CONAB, 2025).

            No cultivo de arroz, segundo Borém e Rangel (2015), são considerados dois ecossistemas: de várzeas e o de terras altas. No ecossistema de várzea, o cultivo pode ser feito tanto em várzea sistematizada, com controle da lâmina de água, como em várzea úmida não sistematizada, inundadas pela água da chuva ou pela elevação do lençol freático. Já no ecossistema de terras altas o cultivo é realizado por sistema sem irrigação, onde as chuvas e as enchentes dos rios são as únicas fontes de água disponíveis para o desenvolvimento das plantas, podendo também ter irrigação suplementar por aspersão sempre que necessário. Além disso, este último ecossistema de cultivo é caracterizado pela condição aeróbica de desenvolvimento da raiz da planta, ao passo que, sob condições de solo inundado, a consequente criação de uma condição anaeróbica implica uma série de transformações que influenciam não só o desenvolvimento da planta de arroz como também a absorção de nutrientes e o manejo do solo (Borém e Rangel, 2015).

            A maior parcela da produção de arroz do Brasil é proveniente do ecossistema várzeas, onde a orizicultura irrigada é responsável por 92% da produção nacional, sendo considerada um estabilizador da safra nacional, uma vez que não é tão dependente das condições climáticas como no cultivo de sequeiro. A participação gaúcha na produção nacional de arroz na última safra (CONAB, 2024) foi de 69%, toda oriunda de áreas de várzeas, tornando o estado do Rio Grande do Sul o maior produtor nacional. Já em relação à orizicultura de sequeiro, destacam-se os estados do Maranhão, Mato Grosso e Piauí que juntos produziram cerca de 70% do arroz de sequeiro do país. Por fim, a produção do estado Rio de Janeiro, considerado o terceiro maior centro consumidor de gêneros alimentícios do país, produziu, no mesmo período, cerca de 800 toneladas de arroz, sendo 500 toneladas colhidos em áreas de várzeas oriundas, majoritariamente, do município de Macaé. Uma das soluções para o aumento da produção é o uso de novas cultivares com ampla adaptação às diversas condições de cultivo e elevado potencial produtivo.

            O melhoramento genético da cultura do arroz tem sido fundamental para o cultivo da espécie no país, em razão da disponibilização de cultivares produtivas, com ampla adaptação às diversas condições de cultivo e elevada aceitação pelo mercado consumidor. Prova disso, nos últimos trinta anos, a produtividade saltou de 2,2 para 6,8 t ha-1, resultando em um incremento de 210%, enquanto que a área cultivada reduziu-se em 66% (CONAB, 2024). Mesmo apresentando um incremento na produtividade, o rendimento ainda é baixo quando comparado à países como Austrália (11,1 t ha-1), Uruguai (9,3 11,1 t ha-1) e Egito (9,0 11,1 t ha-1) (FAO, 2024).

            Na fase final do desenvolvimento de uma nova cultivar, é realizado inúmeras avaliações, em campo, de linhagens em rede nacional, com o estabelecimento de parcerias, por meio dos ensaios de valor de cultivo e uso (VCU), de modo que as linhagens candidatas a cultivares tenham valor agronômico comprovado em condições de cultivo, cujas normas são elaboradas pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA).

            A utilização dos modelos mistos, via REML/BLUP, nas avaliações de genótipos mais promissores em programas de melhoramento genético de plantas, permite estimativas mais precisas, principalmente quando se trata de experimentos com dados desbalanceados (Resende, 2016). O BLUP, melhor predição linear não viciada, permite o uso simultâneo de várias fontes de informação, como aquelas advindas de vários experimentos instalados em ou vários locais (Resende, 2007). O REML, máxima verossimilhança restrita ou residual, permite estimar os componentes de variância, e se torna superior ao método de análise de variância (ANOVA) em situação dedados desbalanceados (Resende, 2007).

Com isso, o presente estudo teve como objetivo estimar os parâmetros genéticos e predizer os valores genotípicos envolvidos em caracteres agronômicos de genótipos de arroz cultivados em condição de várzea, a fim de identificar as linhagens de melhor desempenho.

Metodologia

No ano de 2018 foi instalado um experimento de valor de cultivo e uso (VCU) com 20 genótipos de arroz (Tabela 1), cultivados em condição de várzea, sendo 15 linhagens desenvolvidas pela Embrapa Arroz e Feijão e 5 cultivares designadas testemunhas (BRS A702 CL, BRS Catiana, BRS Pampeira, IRGA 424 e SCS 122 Muíra). O ensaio foi instalado na época das águas, com semeadura realizada no dia 15 de novembro de 2018 e colheita no dia 30 de abril de 2019, no Centro Estadual de Pesquisa em Agroenergia e Aproveitamento de Resíduos (CEPAAR) da Empresa de Pesquisa Agropecuária do estado do Rio de Janeiro (PESAGRO-RIO), situada no município de Campos dos Goytacazes (Figura 1).

 

Tabela 1: Relação dos 20 genótipos de arroz quanto ao tipo e origem cultivados em condição de várzea no município de Campos dos Goytacazes, na safra 2018/2019.

Ordem

Genótipos

Tipo

Origem

1

BRS Catiana

Cultivar

Embrapa

2

BRS Pampeira

Cultivar

Embrapa

3

BRS A702 CL

Cultivar

Embrapa

4

IRGA 424

Cultivar

IRGA

5

AB 161253-RH

Linhagem

Embrapa

6

AB 161255-RH

Linhagem

Embrapa

7

AB 161256-RH

Linhagem

Embrapa

8

AB 14739

Linhagem

Embrapa

9

AB 14826

Linhagem

Embrapa

10

AB 151158

Linhagem

Embrapa

11

AB 161203

Linhagem

Embrapa

12

AB 161227

Linhagem

Embrapa

13

AB 161229

Linhagem

Embrapa

14

AB 161235

Linhagem

Embrapa

15

AB 161236

Linhagem

Embrapa

16

AB 181097-RH

Linhagem

Embrapa

17

AB 181098-RH

Linhagem

Embrapa

18

AB 181106-RH

Linhagem

Embrapa

19

AB 181107-RH

Linhagem

Embrapa

20

SCS 122 Miura

Linhagem

Epagri

 

O delineamento estatístico utilizado foi em blocos casualizados com quatro repetições, totalizando 120 parcelas. Cada parcela experimental foi constituída de 8 linhas de 5,0 metros de comprimento, espaçadas em 0,17 metros entre si. A área útil avaliada correspondeu a seis linhas centrais de cada unidade experimental, desprezando-se 0,5 m acima e abaixo de cada linha, formando-se área útil de 4,08 m². Além da característica de produtividade de grãos, obtida pelo peso total da parcela transformado em kg ha-1, avaliou-se também o ciclo de florescimento, no qual corresponde ao número total de dias transcorridos da semeadura até o atingimento de 50% das panículas floridas e altura de plantas, quantificado pela distância média, em centímetros, entre a superfície do solo até a extremidade da panícula do perfilho mais alto.

 

Figura 1: Temperatura média mínima (ºC), temperatura média máxima (ºC) e precipitação acumulada em mm durante a avaliação do experimento envolvendo 20 genótipos de arroz cultivados em condição de várzea no município de Campos dos Goytacazes, na safra 2018/2019.

Fonte: Agritempo (2025)

 

As estimativas de componentes de variância e parâmetros genéticos foram obtidas pela metodologia de modelos mistos REML (Restriction Maximum Likelihood)/BLUP (Best Linear Unbiased Prediction), utilizando-se o programa SELEGEN (Resende, 2007), modelo 96 (blocos ao acaso, teste de genótipos não-aparentados, uma planta por parcela ou média de parcelas) denotado na forma matricial por: , em que  é o vetor de dados observados conhecidos,  é o vetor de efeitos de repetições desconhecidos (assumidos como fixos),  é o vetor dos efeitos genotípicos desconhecidos (assumidos como aleatórios), , o vetor de erros (aleatórios) e  e , matrizes de incidência para os referidos efeitos (Resende, 2002), sendo , ,  e .  é a matriz de variâncias e covariâncias dos efeitos genéticos e  é a matriz de variâncias e covariâncias dos erros. Para esse modelo, as equações de modelos mistos são (Resende, 2002):

Para avaliar a significância dos efeitos aleatórios do modelo foi construído o teste da razão da Verossimilhança (LRT). Para os efeitos fixos, um teste F aproximado pode ser usado. Tal análise denomina-se “Análise de Deviance” (ANADEV). Esse teste é então obtido pela diferença entre as deviances do modelo sem o efeito a ser testado e com o modelo completo e a existência de significância dessa diferença é comparada com o teste do Qui-quadrado com 1 grau de liberdade (Tabela 2).

Resultados e Discussão

            Na Tabela 2, verificou-se através da análise de deviance (Tabela 2) que os efeitos de genótipos foram significativos, pelo teste de Qui-quadrado a 5% de probabilidade, para produtividade de grãos (PROD) e ciclo de florescimento (FLOR), e que seus respectivos efeitos genotípicos explicaram 18% e 35% da variação total, conforme o coeficiente de determinação ( ) (Tabela 3). Já em relação à altura de planta (ALT), não se constatou diferença significativa, sendo assim, qualquer um dos genótipos aqui estudados pode ser recomendado para o cultivo.

Tabela 2: Resumo da análise de deviance para os caracteres ciclo de florescimento (FLOR), em dias, altura de planta (ALT), em cm, e produtividade de grãos (PROD), em kg ha-1, de 20 genótipos de arroz cultivados em condição de várzea no município de Campos dos Goytacazes, na safra 2018/2019.

Componentes de variância

FLOR

ALT

PROD

(REML individual)

 

1,22

0,06

254.214,61

 

2,23

10,51

1.121.031,60

 

3,45

10,56

1.375.246,21

 

0,35 ± 0,19

0,01 ± 0,02

0,18 ± 0,14

 

0,69

0,02

0,48

 

0,83

0,15

0,69

 

10,44

0,23

8,15

 

14,1

3,09

17,12

 

0,74

0,07

0,48

Média Geral

105,83

104,85

6.183,83

* ** para níveis de significância de 5% e 1% de probabilidade, respectivamente; ns, não significativo.

 

A obtenção de estimadores e preditores em modelos mistos é realizada por processos iterativos. Para se iniciar o processo iterativo, foi fornecido o valor inicial para herdabilidade de parcelas individuais no sentido amplo, ou seja, dos efeitos genotípicos totais ( ) igual a 0,10, como sugerido por Resende (2007). Com o processamento, foram obtidos os resultados de componentes de variância genotípica e residual (  e , respectivamente); variância fenotípica individual ( ; herdabilidade de parcelas individuais no sentido amplo ( ); herdabilidade da média de genótipo ( ); acurácia da seleção de genótipos ( ); coeficiente de variação genotípica ( ); coeficiente de variação residual – ambiental ( ) e coeficiente de variação relativa ( ), contidos na Tabela 3.

Tabela 3: Resumo da análise de deviance para os caracteres ciclo de florescimento (FLOR), em dias, altura de planta (ALT), em cm, e produtividade de grãos (PROD), em kg ha-1, de 20 genótipos de arroz cultivados em condição de várzea no município de Campos dos Goytacazes, na safra 2018/2019.

Componentes de variância

FLOR

ALT

PROD

(REML individual)

 

1,22

0,06

254.214,61

 

2,23

10,51

1.121.031,60

 

3,45

10,56

1.375.246,21

 

0,35 ± 0,19

0,01 ± 0,02

0,18 ± 0,14

 

0,69

0,02

0,48

 

0,83

0,15

0,69

 

10,44

0,23

8,15

 

14,1

3,09

17,12

 

0,74

0,07

0,48

Média Geral

105,83

104,85

6.183,83

: variância genotípica; : variância residual: : variância fenotípica individual; : herdabilidade de parcelas individuais no sentido amplo, ou seja, dos efeitos genotípicos totais; : herdabilidade da média de genótipos; : acurácia da seleção de genótipos; : coeficiente de variação genotípica; : coeficiente de variação residual – ambiental;   : coeficiente de variação relativa.

 

            O valor fenotípico corresponde aos valores obtidos nas avaliações de campo, que são influenciadas pelos efeitos genotípico e ambiental. Nesse sentido, o somatório da variância genotípica e residual resulta na variância fenotípica individual. No presente estudo, a dispersão residual (efeito ambiental) entre parcelas representou em 64,64% e 81,51% (FLOR e PROD, respectivamente) do valor fenotípico (Tabela 3), sendo assim, a seleção dos genótipos superiores com base nesses caracteres é possível, porém é onerosa, uma vez que o efeito ambiental se sobressai em relação ao efeito genotípico.

            Os coeficientes de variação residual ( ) apresentaram variação entre 3,09% a 17,12 %, superando os valores dos coeficientes de variação genotípica ( ), considerando-se o delineamento estatístico para as características aqui estudadas (Tabela 3). Valores desta natureza para , como também para outros parâmetros estatísticos, são comuns quando se avaliam culturas cultivadas em campo, em que o controle ambiental é dificultado (Nascimento et al., 2023).

            Segundo Vencovsky (1987), o coeficiente de variação relativa ( ) quantifica a proporção da variabilidade genética em relação à variabilidade ambiental. Valores de  iguais a 1 ou mais, tem-se uma situação muito favorável à seleção. No presente estudo, nenhum dos caracteres apresentaram relação acima de 1, o que torna a seleção de genótipos dispendiosa para tais características.

            A acurácia evidencia alta precisão das inferências das médias genotípicas pois, de acordo com Resende (2002), esta tem a propriedade de informar sobre o correto ordenamento das cultivares para fins de seleção e, também, sobre a eficácia da inferência acerca do valor genotípico da cultivar, sendo uma correlação entre os valores genotípicos preditos e os verdadeiros. De acordo com Resende & Duarte (2007), a acurácia pode ser classificada em baixa (as > 0,50), moderada (0,50 > as < 0,70), alta (0,70 < as < 0,90) e muito alta (as > 0,90). De acordo com a classificação de Resende e Duarte (2007), as acurácias estimadas no presente estudo (Tabela 3) estão com valores entre moderada (0,69), para o caractere PROD, e alta (0,83), para o caractere FLOR. Opondo-se a isso, o valor estimado para o caractere ALT foi considerado baixo (0,15), o que já era esperado uma vez que os valores estimados de herdabilidade, coeficiente de variação genotípica e variância genotípica foram baixas, caracterizando fixação genotípica (homozigose) para tal caractere.

            A principal função da herdabilidade, segundo Falconer (1996), é seu papel preditivo, que expressa a confiabilidade do valor fenotípico como estimador do valor genotípico, de tal forma que quanto maior a herdabilidade maior o ganho genético por seleção. De acordo com Resende (2002), a herdabilidade pode ser classificada como baixa (h < 0,15), mediana (0,15 < h < 0,50) e alta (h > 0,50). Considerando tais classificações, os valores de herdabilidade de parcelas individuais no sentido amplo (Tabela 3) foram classificadas como mediana os caracteres PROD e FLOR (0,18 e 0,35, respectivamente) e baixa o caractere ALT (0,01). Já em relação à herdabilidade da média de genótipos (Tabela 3) foi classificada como alta (0,69) o caractere FLOR, mediana (0,48) o caractere PROD e baixa (0,02) o caractere ALT. Quando a herdabilidade de uma característica é baixa, ela evidencia que grande parte da variação da característica é devido aos diferentes ambientes aos quais os genótipos estão sujeitos. Altos valores para a herdabilidade significa que as diferenças genéticas entre os genótipos são responsáveis, em grande parte, pela variação da característica (Cruz et al., 2012).

            Valores genotípicos devem ser os preferíveis pelos melhoristas, pois são estes os verdadeiros valores a serem preditos. Valores de nova média são as predições feitas pelo BLUP para os cultivos comerciais, ou seja, nesses cultivos os genótipos deverão produzir, em média, tais valores. Pela metodologia REML/BLUP o que realmente se estima e/ou se prediz são estes valores. Neste estudo, pode ser verificado que os valores genotípicos (u+g) foram bem próximos da nova média e vice-versa (Tabela 4 e Tabela 5).

            Os ganhos preditos diante da seleção de genótipos de arroz encontrados variaram de 0,50% a 11,70%, para o caractere PROD, e de 0,06% a 2,06%, para o caractere FLOR (Tabela 4). O ganho em PROD da cultivar BRS Catiana foi o maior entre os genótipos, entretanto a cultivar apresentou um comportamento mais tardio em relação ao FLOR (Tabela 4).

            Quanto menor o período que compreende a germinação até o início da floração das espiguetas do terço superior, menor será o ciclo e mais precoce será o genótipo (Borém e Rangel, 2015). Baseando-se no valor genotípico (u+g), 60% dos genótipos apresentaram FLOR abaixo da média, o que as tornam opção para precocidade (Tabela 4).

Genótipos que apresentam elevado potencial produtivo associado a um ciclo de florescimento precoce são mais desejados em programas de melhoramento. Neste contexto podemos selecionar os genótipos BRS Pampeira, AB 161253-RH e AB 161256-RH que apresentaram rendimentos superiores à média geral e ciclos fenológicos abaixo da média geral.

            O caractere altura de planta, por não ter apresentado diferença significativa, não pode ser utilizado para ordenamento e seleção de genótipos superiores, uma vez que apresentaram uma variação ínfima entre o genótipo de maior e menor estatura. Neste cenário o ganho é praticamente nulo (Tabela 5). Entretanto, a altura média dos genótipos ficou abaixo de 105 cm, com base no valor genotípico (u+g), o que as tornam menos susceptíveis ao acamamento e/ou tombamento.

É importante salientar que a altura de plantas apresenta forte correlação positiva com acamamento e/ou tombamento, dando-se preferência a genótipos de menor estatura que apresentam maior resistência. No presente estudo não foi observado acamamento e/ou tombamento entre as plantas, o que indica que a altura média dos genótipos foi suficiente para manter as plantas eretas durante todo o ciclo da cultura.

 

Tabela 4: Ordenamento de genótipos, efeito genotípico predito (g), valor genotípico (u+g), ganho (%) e nova média para os caracteres produtividade de grãos (PROD), em kg ha-1, e ciclo de florescimento (FLOR), em dias, de 20 genótipos de arroz cultivados no município de Campos dos Goytacazes, na safra 2018/2019.

Genótipos

PROD

FLOR

Ordem

g

u+g

Ganho (%)

Nova média

Ordem

g

u+g

Ganho (%)

Nova média

1

BRS Catiana

2

723,74

6.907,56

11,70

6.907,56

1

2,18

108,01

2,06

108,01

2

BRS Pampeira

11

444,67

6.628,49

9,45

6.768,03

2

2,18

108,01

2,06

108,01

3

BRS A702 CL

7

426,36

6.610,18

8,60

6.715,41

15

0,81

106,63

1,63

107,55

4

IRGA 424

17

370,35

6.554,18

7,94

6.675,11

17

0,81

106,63

1,41

107,32

5

AB 161253-RH

20

302,22

6.486,05

7,33

6.637,29

6

0,29

106,12

1,18

107,08

6

AB 161255-RH

8

253,95

6.437,77

6,80

6.604,04

5

0,12

105,95

1,01

106,89

7

AB 161256-RH

18

250,26

6.434,08

6,40

6.579,76

7

0,12

105,95

0,88

106,75

8

AB 14739

6

60,01

6.243,84

5,72

6.537,77

8

0,12

105,95

0,78

106,65

9

AB 14826

1

16,97

6.200,79

5,12

6.500,33

3

-0,22

105,60

0,67

106,54

10

AB 151158

19

-48,31

6.135,51

4,53

6.463,85

9

-0,22

105,60

0,58

106,44

11

AB 161203

14

-55,56

6.128,26

4,03

6.433,34

10

-0,22

105,60

0,51

106,37

12

AB 161227

12

-84,46

6.099,37

3,58

6.405,51

16

-0,22

105,60

0,45

106,30

13

AB 161229

10

-170,55

6.013,28

3,10

6.375,34

20

-0,40

105,43

0,39

106,24

14

AB 161235

4

-208,24

5.975,59

2,64

6.346,78

14

-0,40

105,43

0,33

106,18

15

AB 161236

16

-247,71

5.936,11

2,19

6.319,40

4

-0,57

105,26

0,28

106,12

16

AB 181097-RH

15

-270,19

5.913,64

1,78

6.294,04

13

-0,57

105,26

0,23

106,06

17

AB 181098-RH

5

-317,39

5.866,43

1,38

6.268,89

18

-0,74

105,09

0,17

106,01

18

AB 181106-RH

13

-427,38

5.756,44

0,92

6.240,42

19

-0,74

105,09

0,12

105,95

19

AB 181107-RH

3

-428,81

5.755,02

0,50

6.214,87

12

-1,08

104,74

0,06

105,89

20

SCS 122 Miura

9

-589,92

5.593,90

0,00

6.183,83

11

-1,25

104,57

0,00

105,83

 

 

Tabela 5: Ordenamento de genótipos, efeito genotípico predito (g), valor genotípico (u+g), ganho (%) e nova média para o caractere de altura de planta (ALT), em cm, de 20 genótipos de arroz cultivados no município de Campos dos Goytacazes, na safra 2018/2019.

Ordem

Genótipos

g

u + g

Ganho (%)

Nova Média

1

AB 161256-RH

0,08

104,93

0,08

104,93

2

AB 181097-RH

0,06

104,91

0,07

104,92

3

AB 161253-RH

0,03

104,88

0,06

104,91

4

AB 14826

0,03

104,88

0,05

104,90

5

AB 181106-RH

0,03

104,88

0,05

104,90

6

BRS Pampeira

0,02

104,87

0,04

104,89

7

AB 161203

0,01

104,86

0,04

104,89

8

AB 181107-RH

0,01

104,86

0,03

104,88

9

AB 161229

0,00

104,85

0,03

104,88

10

AB 14739

-0,01

104,84

0,03

104,88

11

IRGA 424

-0,01

104,84

0,02

104,87

12

AB 151158

-0,01

104,84

0,02

104,87

13

AB 161227

-0,01

104,84

0,02

104,87

14

AB 161255-RH

-0,02

104,83

0,01

104,86

15

BRS A702 CL

-0,02

104,83

0,01

104,86

16

SCS 122 Miura

-0,02

104,83

0,01

104,86

17

BRS Catiana

-0,03

104,82

0,01

104,86

18

AB 181098-RH

-0,03

104,82

0,01

104,86

19

AB 161235

-0,04

104,81

0,00

104,85

20

AB 161236

-0,06

104,79

0,00

104,85

 

­­Considerações Finais

O procedimento REML/BLUP apresentou-se altamente eficiente na classificação e no ordenamento dos genótipos para os caracteres de produtividade de grãos e ciclo de florescimento.

Pela metodologia dos modelos mistos via REML/BLUP, a cultivar BRS Pampeira foi a melhor classificada, sendo, para efeito de seleção, a mais indicada para o cultivo no município de Campos dos Goytacazes.

 

Agradecimentos

À Empresa de Pesquisa Agropecuária do Estado do Rio de Janeiro (PESAGRO-RIO) pela implantação e condução do Ensaio de Valor de Cultivo e Uso (VCU), cuja dedicação e comprometimento foram fundamentais para o desenvolvimento deste trabalho. Também agradecemos também à EMBRAPA pelo envio das linhagens de arroz utilizadas na implantação do VCU.

Referências

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BORÉM A.; RANGEL, P. H. N. Arroz do plantio à colheita. 1. ed. Viçosa: Editora UFV, 2015. 242 p.

CONAB – Companhia Nacional de Abastecimento. Safra Brasileira de Grãos. Disponível em: https://www.conab.gov.br/info-agro/safras/serie-historica-das-safras. Acesso em 01 abr. 2025.

CRUZ, C. D.; REGAZZI, A. J.; CARNEIRO, C. S. Modelos biométricos aplicados ao melhoramento genético. Viçosa: Editora UFV, 2012. 512 p.

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FAO – Food and Agriculture Organization of the United Nations. Statistics Division – FAOSAT. Disponível em: https://www.fao.org/faostat/en/#home. Acesso em: 01 abr. 2025.

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NASCIMENTO, M. R.; SANTOS, P. R.; COSTA, A. F.; DAHER, R. F.; OLIVEIRA, T. R. A.; SOUZA, A. G.; COSTA, K. D. S.; SILVA, K. R. G.; ARAÚJO, E. R.; SANTANA, S. R. A.; SILVA, J. W. Genotypic selection of pre-cultivars of carioca and early carioca beans for the Agreste-Sertão of Pernambuco, Brazil. Ciência Rural, v. 53, n. 6, p. 1-8, 2023. Doi: https://doi.org/10.1590/0103-8478cr20220031.

RESENDE, M. D. V. Genética biométrica e estatística no melhoramento de plantas perenes. Brasília: Embrapa Informação Tecnológica, 2002. 975 p.

RESENDE, M. D. V. Software SELEGEN-REML/BLUP: sistema estatístico e seleção genética computadorizada via modelos lineares mistos. Colombo: Embrapa Florestas, 2007. 362 p.

RESENDE, M. D. V. Software Selegen-REML/BLUP: a useful tool for plant breeding. Crop Breeding and Applied Biotechnology, v. 16, n. 4, p. 330-339, 2016. Doi: https://doi.org/10.1590/1984-70332016v16n4a49.

RESENDE, M. D. V.; DUARTE, J. B. Precisão e controle de qualidade em experimentos de avaliação de cultivares. Pesquisa Agropecuária Tropical, v. 37, n. 3, p. 182-194, 2007.

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CAPÍTULO 11

PERFORMANCE GENOTÍPICA DE LINHAGENS DE ARROZ IRRIGADO EM CAMPOS DOS GOYTACAZES VIA MODELOS MISTOS

GENOTYPIC PERFORMANCE OF IRRIGATED RICE IMBRED LINES IN CAMPOS DOS GOYTACAZES VIA MIXED MODELS

 

 

DOI: https://doi.org/10.56001/22.9786500495669.11

Submetido em: 15/04/2025

Revisado em: 24/04/2025

Publicado em: 25/04/2025

Maxwel Rodrigues Nascimento

Universidade Estadual do Norte Fluminense Darcy Ribeiro, Centro de Ciências e Tecnologias Agropecuárias, Campos dos Goytacazes-RJ

http://lattes.cnpq.br/8609015173005661

Rogério Figueiredo Daher

Universidade Estadual do Norte Fluminense Darcy Ribeiro, Centro de Ciências e Tecnologias Agropecuárias, Campos dos Goytacazes-RJ

http://lattes.cnpq.br/0190530879188803

Josefa Grasiela Silva Santana

Universidade Estadual do Norte Fluminense Darcy Ribeiro, Centro de Ciências e Tecnologias Agropecuárias, Campos dos Goytacazes-RJ

http://lattes.cnpq.br/6595004772286179

Moisés Ambrósio

Universidade Estadual do Norte Fluminense Darcy Ribeiro, Centro de Ciências e Tecnologias Agropecuárias, Campos dos Goytacazes-RJ

http://lattes.cnpq.br/5878111118210460

Ana Kesia Faria Vidal

Universidade Estadual do Norte Fluminense Darcy Ribeiro, Centro de Ciências e Tecnologias Agropecuárias, Campos dos Goytacazes-RJ

http://lattes.cnpq.br/7023035795229169

Rafael Souza Freitas

Universidade Estadual do Norte Fluminense Darcy Ribeiro, Centro de Ciências e Tecnologias Agropecuárias, Campos dos Goytacazes-RJ

http://lattes.cnpq.br/4936198130928883

Genival Ferreira dos Santos Junior

Universidade Estadual do Norte Fluminense Darcy Ribeiro, Centro de Ciências e Tecnologias Agropecuárias, Campos dos Goytacazes-RJ

http://lattes.cnpq.br/5962412536275481

André Filipe Diniz de Souza

Universidade Estadual do Norte Fluminense Darcy Ribeiro, Centro de Ciências e Tecnologias Agropecuárias, Campos dos Goytacazes-RJ

http://lattes.cnpq.br/1447527340026698

Josilene Vargas Xavier

Universidade Estadual do Norte Fluminense Darcy Ribeiro, Centro de Ciências e Tecnologias Agropecuárias, Campos dos Goytacazes-RJ

http://lattes.cnpq.br/2723243991308627

Silvino Amorim Neto

Empresa de Pesquisa Agropecuária do Estado do Rio de Janeiro, Centro Estadual de Pesquisa em Agropecuária e Aproveitamento de Resíduos, Campos dos Goytacazes-RJ

http://lattes.cnpq.br/6404385455530611

 

 

Resumo

O arroz é considerado um alimento base na dieta alimentar de mais da metade da população mundial. Seu cultivo ocorre anualmente em cerca de 168 milhões de hectares em todo o mundo, sendo que a maior parte está situada no continente asiático. Atualmente, o Brasil é o décimo primeiro maior produtor de arroz do mundo, destacando-se como o maior fora do continente asiático. O objetivo desse trabalho foi estimar os parâmetros genéticos e predizer os valores genotípicos envolvidos em caracteres agronômicos de genótipos de arroz cultivados em condição de várzea, a fim de identificar as linhagens de melhor desempenho. Foram avaliados 13 genótipos de arroz cultivados em condição de várzea, sendo sete linhagens desenvolvidas pela Embrapa Arroz e Feijão e seis cultivares designadas testemunhas, no município de Campos dos Goytacazes, na safra 2020/2021. O delineamento foi em blocos casualizados com quatro repetições. Foram estimados ciclo de florescimento, altura de planta e produtividade de grãos.  As estimativas dos componentes de variância e parâmetros genéticos foram obtidas pela metodologia de modelos mistos REML (Restriction Maximum Likelihood) / BLUP (Best Linear Unbiased Prediction). As análises estatísticas foram geradas pelo modelo 96 do software SELEGEN – REML/BLUP. Com base nas características avaliadas, a cultivar BRS A702 CL e a linhagem AB 181045 foram indicadas para o cultivo no município de Campos dos Goytacazes.

 

Palavras-Chave: Oryza sativa L., linhagens, parâmetros genéticos, valor genotípico, REML/BLUP

 

Abstract

Rice is considered a staple food in the diet of more than half of the world’s population. It is cultivated annually on approximately 168 million hectares worldwide, most of which are located in Asia. Currently, Brazil is the eleventh largest rice producer in the world, standing out as the largest outside Asia. The objective of this study was to estimate the genetic parameters and predict the genotypic values ​​involved in agronomic traits of rice genotypes grown in floodplain conditions, in order to identify the best performing lines. Thirteen rice genotypes grown in floodplain conditions were evaluated, seven imbred lines developed by Embrapa Rice and Beans and six cultivars designated as controls, in the municipality of Campos dos Goytacazes, in the 2020/2021 harvest. The design was in randomized blocks with four replications. Flowering cycle, plant height, and grain yield were estimated. The estimates of variance components and genetic parameters were obtained by the mixed model methodology REML (Restriction Maximum Likelihood) / BLUP (Best Linear Unbiased Prediction). Statistical analyses were generated by model 96 of the SELEGEN – REML/BLUP software. Based on the evaluated characteristics, the cultivar BRS A702 CL and the imbred line AB 181045 were indicated for cultivation in the municipality of Campos dos Goytacazes.

 

Keywords: Oryza sativa L., lines, genetic parameters, genotypic value, REML/BLUP

 

Introdução

O arroz é um vegetal da família Poaceae (Gramineae), subfamília Oryzoideae, tribo Oryzea, gênero Oryza que apresenta 23 espécies, dentre essas apenas duas são cultivadas, O. sativa L. em todo o mundo e O. glaberrima Steud, apenas no oeste da Ásia e da África (Khush, 1997). A espécie O. sativa L. é uma planta autógama e de acordo com Silva et al. (2005) pode apresentar taxa de cruzamento natural de até 3%, dependendo do genótipo e das condições do ambiente.

O arroz (Oryza sativa L.) é um dos cereais de maior importância social e econômica para o mundo, sendo responsável pela alimentação de dois terços da população mundial, fornecendo aproximadamente 20% de energia e 15% da proteína necessária ao ser humano (Silveira et al., 2010).

Segundo o último levantamento da Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura – FAO, a produção mundial de arroz foi de 800 milhões de toneladas, sendo que 90% deste montante foi produzido no continente asiático (FAO, 2025). O Brasil é o décimo primeiro maior produtor mundial de arroz e o maior produtor fora do continente asiático. De acordo com a Companhia Nacional de Abastecimento – CONAB, o país produziu na última safra 10,6 milhões de toneladas em 1,6 milhão de hectares, o que resultou em 6.588 kg ha-1 de rendimento (CONAB, 2025). A produtividade do Brasil, mesmo sendo superior a vários países asiáticos, está abaixo de países como a Tajiquistão (9.874 kg ha-1), Austrália (9.516 kg ha-1), Uruguai (9.338 kg ha-1) e Egito (8.716 kg ha-1) e Estados Unidos da América (8.573 kg ha-1) (FAO, 2025).

A orizicultura brasileira é conduzida sob quatro sistemas básicos de cultivo, em dois ecossistemas: várzeas e terras altas (Borém e Rangel, 2015).  No ecossistema de várzeas, o cultivo pode ser feito tanto em várzeas sistematizadas, com controle da lâmina de água, como em várzeas úmidas não sistematizadas, inundadas pela água da chuva ou pela elevação do lençol freático (Borém e Rangel, 2015). Enquanto que no ecossistema de terras altas, o cultivo é realizado por sistema sem irrigação, onde as chuvas e as enchentes dos rios são as únicas fontes de água disponíveis para o desenvolvimento das plantas, podendo também ter irrigação suplementar por aspersão sempre que necessário (Borém e Rangel, 2015).

Um dos principais desafios dos programas de melhoramento genético do arroz irrigado é desenvolver cultivares que apresentem alto potencial produtivo, com características agronômicas que atendam a demanda do consumidor em relação aos padrões industriais e culinários dos grãos. Para isso, é feita a avaliação, nos ensaios de Valor de Cultivo e Uso (VCU), das linhagens-elites candidatas ao lançamento como novas cultivares. Em vista disso, os ensaios de VCU constituem a última etapa de avaliação de linhagens para lançamento e/ou recomendação de cultivares para uma determinada região ou unidade da federação (Chiorato et al., 2015).

A predição dos valores genéticos dos vários materiais submetidos à seleção tem grande importância para o melhoramento genético, já sua predição necessita de componentes de variância conhecidos, e como isto não é possível, têm-se utilizado estimativas destes componentes, ambos associados a um modelo linear misto, o qual contém um efeito fixo, além da média geral e efeitos aleatórios, além do erro (Resende, 2007).

A avaliação genotípica compreende a estimação de componentes de variância (parâmetros genéticos) e a predição dos valores genotípicos. As estimativas dos parâmetros genéticos tais quais a herdabilidade e correlações genéticas são fundamentais para o delineamento de eficientes estratégias de melhoramento para uma determinada cultura (Resende, 2007).

Segundo Resende (2016), o método considerado ótimo e utilizado na estimação dos componentes de variância é o REML (Método da Máxima Verossimilhança Restrita – Restriction Maximum Likelihood), e o procedimento para a predição dos valores genéticos é o BLUP (Melhor Predição Linear Não Viesada – Best Linear Unbiased Prediction).

A consideração dos efeitos de tratamentos como aleatórios é essencial ao melhoramento genético, uma vez que esta é a única forma de fazer seleção genética. Caso contrário a seleção é apenas fenotípica e não genética, visto que a única forma de se eliminar os efeitos ambientais residuais embutidos nos dados fenotípicos é por meio do efeito shrinkage ou multiplicação do valor fenotípico corrigido por uma função da herdabilidade do caráter sob seleção, uma das propriedades do estimador REML/BLUP (Resende, 2007).

A utilização de modelos mistos já é realizada com frequência em plantas anuais como feijão carioca (Souza et al., 2018), feijão caupi (Cruz et al., 2021), algodão (Silva et al., 2022), milho (Nascimento et al., 2023) e plantas perenes como eucalipto (Oliveira et al., 2021), café (Carias et al., 2014), citros (Capistrano, et al., 2021) e caju (Maia et al., 2009).

Sendo assim, o objetivo deste trabalho foi aplicar a metodologia REML/BLUP com enfoque de modelos mistos, em arroz irrigado, a fim de se classificar e se selecionar as melhores linhagens.

Metodologia

O experimento foi instalado na área experimental do Centro Estadual de Pesquisa em Agroenergia e Aproveitamento de Resíduos (CEPAAR) da Empresa de Pesquisa Agropecuária do estado do Rio de Janeiro (PESAGRO-RIO), situada no município de Campos dos Goytacazes sob as coordenadas 21°44’47’’ de latitude sul, 41°18’24’’ de longitude oeste e 11 m de altitude.

            Os dados meteorológicos foram obtidos da estação automática agrometeorológica, localizada próximo à área experimental. A Figura 1 apresenta os valores mensais de precipitação pluvial e temperatura do ar referentes ao período da condução do experimento (novembro de 2020 a abril de 2021). Durante os seis meses de condução do experimento, foi registrada uma precipitação pluvial acumulada de 791,4 mm. Já em relação à temperatura, os valores estão na faixa de 21,2 a 31,5 °C.

 

 

Figura 1: Temperatura média mínima (ºC), temperatura média máxima (ºC) e precipitação acumulada em mm durante a avaliação do experimento envolvendo 20 genótipos de arroz cultivados em condição de várzea no município de Campos dos Goytacazes, na safra 2020/2021.

Fonte: Agritempo (2025)

 

O experimento foi instalado na forma de ensaio de valor de cultivo e uso (VCU) com 13 genótipos de arroz (Tabela 1) cultivados em condição de várzea, sendo sete linhagens desenvolvidas pela Embrapa Arroz e Feijão e seis cultivares designadas testemunhas (BRS Catiana, BRS Pampeira, BRS A702 CL, BRS A704, BRS A705 e SCS 120 Ônix). O ensaio foi instalado na época das águas, com semeadura realizada no dia 30 de novembro de 2020 e a colheita realizada no dia 24 de abril de 2021.

 

 

Tabela 1: Relação dos 13 genótipos de arroz quanto ao tipo e origem cultivados em condição de várzea no município de Campos dos Goytacazes, na safra 2020/2021. 

Genótipos

Tipo

Origem

1

BRS Catiana

Cultivar

Embrapa

2

BRS Pampeira

Cultivar

Embrapa

3

BRS A702 CL

Cultivar

Embrapa

4

BRS A704

Cultivar

Embrapa

5

BRS A705

Cultivar

Embrapa

6

SCS 120 Ônix

Cultivar

Epagri

7

AB 171267

Linhagem

Embrapa

8

AB 171275

Linhagem

Embrapa

9

AB 181009

Linhagem

Embrapa

10

AB 181045

Linhagem

Embrapa

11

AB 181056

Linhagem

Embrapa

12

SC806

Linhagem

Epagri/Embrapa

13

AE 153045

Linhagem

Embrapa

 

O delineamento estatístico utilizado foi em blocos casualizados com quatro repetições, totalizando 52 parcelas. Cada parcela experimental foi constituída de 8 linhas de 5,0 metros de comprimento, espaçadas em 0,17 metros entre si. A área útil avaliada correspondeu a seis linhas centrais de cada unidade experimental, desprezando-se 0,5 m acima e abaixo de cada linha, formando-se área útil de 4,08 m². Além da característica de produtividade de grãos, obtida pelo peso total da parcela transformado em kg ha-1, avaliou-se também o ciclo de florescimento, no qual corresponde ao número total de dias transcorridos da semeadura até o atingimento de 50% das panículas floridas e altura de plantas, quantificado pela distância média, em centímetros, entre a superfície do solo até a extremidade da panícula do perfilho mais alto.

As estimativas de componentes de variância e parâmetros genéticos foram obtidas pela metodologia de modelos mistos REML (Restriction Maximum Likelihood)/BLUP (Best Linear Unbiased Prediction), utilizando-se o programa SELEGEN (Resende, 2007), modelo 96 (blocos ao acaso, teste de genótipos não-aparentados, uma planta por parcela ou média de parcelas) denotado na forma matricial por: , em que  é o vetor de dados observados conhecidos,  é o vetor de efeitos de repetições desconhecidos (assumidos como fixos),  é o vetor dos efeitos genotípicos desconhecidos (assumidos como aleatórios), , o vetor de erros (aleatórios) e  e , matrizes de incidência para os referidos efeitos (Resende, 2002), sendo , ,  e .  é a matriz de variâncias e covariâncias dos efeitos genéticos e  é a matriz de variâncias e covariâncias dos erros. Para esse modelo, as equações de modelos mistos são (Resende, 2002):

Para avaliar a significância dos efeitos aleatórios do modelo foi construído o teste da razão da Verossimilhança (LRT). Para os efeitos fixos, um teste F aproximado pode ser usado. Tal análise denomina-se “Análise de Deviance” (ANADEV). Esse teste é então obtido pela diferença entre as deviances do modelo sem o efeito a ser testado e com o modelo completo e a existência de significância dessa diferença é comparada com o teste do Qui-quadrado com 1 grau de liberdade (Tabela 2).

Resultados e Discussão

A análise de deviance (Tabela 2) foi realizada para identificar diferença significativa entre os genótipos para os caracteres avaliados. Para o efeito de genótipos foi observado diferença significativa, pelo teste de Qui-quadrado a 5% de probabilidade, para todas as características, o que indicou a existência de uma variabilidade entre os genótipos de arroz avaliados.

 

Tabela 2: Resumo da análise de deviance para os caracteres ciclo de florescimento (FLOR), em dias, altura de planta (ALT), em cm, e produtividade de grãos (PROD), em kg ha-1, de 13 genótipos de arroz cultivados em condição de várzea no município de Campos dos Goytacazes, na safra 2020/2021.

Efeito

FLOR

ALT

PROD

Deviance

LRT

Deviance

LRT

Deviance

LRT

Genótipos

263,34

81,3*

253,52

31,47*

765,72

31,37*

Modelo completo

182,04

222,05

734,35

* ** para níveis de significância de 5 e 1% de probabilidade, respectivamente; ns, não significativo.

           

A obtenção de estimadores e preditores em modelos mistos é realizada por processos iterativos. Para se iniciar o processo iterativo, foi fornecido o valor inicial para herdabilidade de parcelas individuais no sentido amplo, ou seja, dos efeitos genotípicos totais ( ) igual a 0,10, como sugerido por Resende (2007). Com o processamento, foram obtidos os resultados de componentes de variância genotípica e residual (  e , respectivamente); variância fenotípica individual ( ; herdabilidade de parcelas individuais no sentido amplo ( ); herdabilidade da média de genótipo ( ); acurácia da seleção de genótipos ( ); coeficiente de variação genotípica ( ); coeficiente de variação residual – ambiental ( ) e coeficiente de variação relativa ( ), contidos na Tabela 3.

            O valor fenotípico corresponde aos valores obtidos nas avaliações de campo, que são influenciadas pelos efeitos genotípico e ambiental. Nesse sentido, o somatório da variância genotípica e residual resulta na variância fenotípica individual. No presente estudo, os efeitos genotípicos explicaram 71,43%, 71,52% e 93,30 (PROD, ALT e FLOR, respectivamente) a variação total, conforme o coeficiente de determinação ( ), sendo assim, a seleção dos genótipos superiores com base nesses caracteres é facilitada, uma vez que os efeitos ambientais são facilmente controláveis (Tabela 3).

 

Tabela 3: Estimativas dos parâmetros genéticos para os caracteres ciclo de florescimento (FLOR), em dias, altura de plantas (ALT), em cm, e produtividade de grãos (PROD), em kg ha-1, de 13 genótipos de arroz cultivados no município de Campos dos Goytacazes, na safra 2020/2021.

Componentes de variância

FLOR

ALT

PROD

(REML individual)

 

66,90

41,79

1.798.279,09

 

4,80

16,64

719.098,09

 

71,70

58,43

2.517.377,18

 

0,93 ± 0,38

0,72 ± 0,33

0,71 ± 0,33

 

0,98

0,91

0,91

 

0,99

0,95

0,95

 

8,48

6,63

23,83

 

2,27

4,19

15,07

 

3,73

1,58

1,58

Média Geral

96,40

97,44

5.626,23

: variância genotípica; : variância residual: : variância fenotípica individual; : herdabilidade de parcelas individuais no sentido amplo, ou seja, dos efeitos genotípicos totais; : herdabilidade da média de genótipos; : acurácia da seleção de genótipos; : coeficiente de variação genotípica; : variação residual – ambiental;   : coeficiente de variação relativa.

 

 

A presença de variabilidade genética pode ser confirmada e quantificada pelo coeficiente de variação genotípica ( ), que expressa a magnitude da variação genética em relação à média do caráter. Os valores estimados foram de 6,63%, 8,48% e 23,83% para os caracteres ALT, FLOR e PROD, respectivamente (Tabela 3). De acordo com Sebbenn et al. (1998), os  acima de 7% são considerados altos, sendo assim, apenas o caractere flor apresentou valor inferior a esta referência, mas, em contrapartida, o valor foi superior ao coeficiente de variação residual.

            Os caracteres ALT e PROD apresentaram valores de coeficiente de variação relativa ( ), expresso pela razão entre o coeficiente de variação genotípica e o coeficiente de variação experimental, acima de 1,0 (1,59 e 1,58, respectivamente) (Tabela 3). Segundo Vencovsky (1978), valores de  iguais ou acima da unidade favorecem à seleção com base nos valores fenotípicos.    

            A herdabilidade é um dos parâmetros genéticos que mais contribuem para o trabalho do melhorista. Diz respeito à proporção relativa das influências genéticas e ambientais na manifestação fenotípica das características e indica o grau de facilidade ou dificuldade para melhorar determinada característica. A herdabilidade expressa a confiança do valor fenotípico como um guia para o valor genético; por esta razão, entra em quase todas as fórmulas relacionadas com métodos de melhoramento, e muitas decisões práticas sobre procedimentos a serem usados dependem de sua magnitude como estratégias de seleção para um determinado caráter na população (Falconer, 1987).

            Quanto maior o coeficiente de herdabilidade, maior o sucesso de uma seleção para um dado caráter, o que resulta numa relação positiva entre alta herdabilidade e eficácia seletiva (Van Vleck, 1993). De acordo com Resende (2002), a herdabilidade pode ser classificada como baixa (h < 0.15), mediana (0.15 < h < 0.50) e de alta magnitude (h > 0.50).

            As estimativas de herdabilidade de parcelas individuais no sentido amplo ( ) e da média dos genótipos ( ) foram consideradas altas segundo a classificação proposta por Resende (2002). Neste contexto, elevados valores de herdabilidade significa que as diferenças genéticas entre os genótipos são responsáveis, em grande parte, pela variação da característica, o que torna mais exíguo a seleção dos melhores genótipos (Cruz et al., 2012).

            A avaliação conjunta dos coeficientes de variação genotípica e experimental é refletida na estatística da acurácia seletiva. De acordo com Resende & Duarte (2007), a acurácia seletiva pode ser classificada em baixa (as > 0,50), moderada (0,50 > as < 0,70), alta (0,70 < as < 0,90) e muito alta (as > 0,90). As acurácias seletivas estimadas para todos os caracteres foram consideradas muito altas, o que indica ótima qualidade experimental e, portanto, segurança na seleção de genótipos superiores quanto aos caracteres avaliados (Tabela 3).

Valores genotípicos devem ser os preferíveis pelos melhoristas, pois são estes os verdadeiros valores a serem preditos. Valores de nova média são as predições feitas pelo BLUP para os cultivos comerciais, ou seja, nos cultivos comerciais os genótipos deverão produzir, em média, tais valores. Pela metodologia REML/BLUP o que realmente se estima e/ou se prediz são estes valores. Neste estudo, pode ser verificado que os valores genotípicos (u+g) são bem próximos da nova média e vice-versa (Tabela 4 e Tabela 5).

 

 

Tabela 4: Ordenamento de genótipos, efeito genotípico predito (g), valor genotípico (u+g), ganho (%) e nova média para os caracteres produtividade de grãos (PROD), em kg ha-1, e ciclo de florescimento (FLOR), em dias, de 13 genótipos de arroz cultivados no município de Campos dos Goytacazes, na safra 2020/2021.

Ordem

Genótipos

PROD

FLOR

g

u + g

Ganho (%)

Nova Média

Genótipos

g

u + g

Ganho (%)

Nova Média

1

BRS A704

2.079,84

7.706,07

36,97

7.706,07

BRS A705

13,36

109,76

13,85

109,76

2

BRS Pampeira

1.585,28

7.211,51

32,57

7.458,79

AB 171275

6,48

102,88

10,29

106,32

3

BRS Catiana

1.225,27

6.851,50

28,97

7.256,36

BRS Catiana

5,01

101,41

8,59

104,68

4

AB 181045

983,22

6.609,45

26,10

7.094,63

BRS Pampeira

3,53

99,94

7,36

103,50

5

AB 171267

386,84

6.013,08

22,25

6.878,32

BRS A704

3,53

99,94

6,62

102,79

6

BRS A702 CL

312,75

5.938,98

19,47

6.721,77

AB 171267

3,53

99,94

6,13

102,31

7

AB 171275

-11,57

5.614,66

16,66

6.563,61

SC806

3,53

99,94

5,78

101,97

8

SC806

-78,39

5.547,84

14,40

6.436,64

BRS A702 CL

2,55

98,95

5,38

101,59

9

AB 181009

-467,04

5.159,19

11,88

6.294,70

AB 181045

1,32

97,73

4,94

101,16

10

BRS A705

-859,09

4.767,14

9,17

6.141,94

SCS 120 Ônix

-9,24

87,17

3,49

99,76

11

AE 153045

-1.342,51

4.283,72

6,16

5.973,01

AB 181009

-9,24

87,17

2,30

98,62

12

AB 181056

-1.798,89

3.827,34

2,99

5.794,21

AE 153045

-9,24

87,17

1,31

97,66

13

SCS 120 Ônix

-2.015,71

3.610,52

0,00

5.626,23

AB 181056

-15,13

81,27

0,00

96,40

 

 

Os ganhos preditos diante da seleção de genótipos de arroz encontrados variaram de 2,99% a 36,97%, para o caractere PROD, e de 1,31% a 13,85%, para o caractere FLOR, e de 0,71% a 11,95%, para ALT (Tabela 4 e Tabela 5). Quanto a produtividade de grãos, característica de maior interesse em programas de melhoramento, destacam-se as cultivares BRS A704 e BRS Pampeira que apresentaram ganhos superiores a 30%, no entanto as mesmas apresentaram ALT superiores a 103 cm e FLOR acima de 100 dias (Tabela 4 e Tabela 5).

 

Tabela 5: Ordenamento de genótipos, efeito genotípico predito (g), valor genotípico (u+g), ganho (%) e nova média para o caractere de altura de planta (ALT), em cm, de 13 genótipos de arroz cultivados no município de Campos dos Goytacazes, na safra 2020/2021.

Ordem

Genótipos

g

u + g

Ganho (%)

Nova Média

1

BRS Pampeira

11,65

109,09

11,95

109,09

2

AB 171275

8,01

105,45

10,09

107,27

3

BRS A704

6,87

104,32

9,08

106,29

4

AB 171267

4,15

101,59

7,87

105,11

5

BRS Catiana

3,24

100,68

6,96

104,22

6

AB 181045

-1,54

95,90

5,54

102,84

7

AB 181056

-1,99

95,45

4,45

101,78

8

AB 181009

-2,90

94,54

3,52

100,88

9

AE 153045

-4,04

93,40

2,67

100,05

10

SCS 120 Ônix

-4,04

93,40

1,99

99,38

11

BRS A702 CL

-4,27

93,17

1,41

98,82

12

SC806

-6,77

90,67

0,71

98,14

13

BRS A705

-8,36

89,08

0,00

97,44

 

            Por ocasião do florescimento, a planta de arroz atinge sua máxima estatura. Tal caractere está diretamente relacionado com o ciclo da cultura. Quanto menor o período que compreende a germinação até o início da floração das espiguetas do terço superior, menor será o ciclo e mais precoce será o genótipo. No presente estudo, cerca de 30% dos genótipos apresentaram FLOR abaixo de 100 dias, o que as tornam opção para precocidade (Tabela 4).

            A altura apresenta forte correlação positiva com acamamento, dando preferência a cultivares de arroz de menor porte que apresentam maior resistência ao acamamento. Cerca de 60% dos genótipos avaliados apresentaram médias inferiores a 103,0 cm, o que as tornam menos susceptíveis ao acamamento, principalmente em regiões de alta incidência de ventos fortes (Tabela 5).

Genótipos que apresentam elevado potencial produtivo associado a um ciclo de florescimento precoce e menor estatura são mais desejados em programas de melhoramento. Neste contexto podemos selecionar os genótipos AB 181045 e BRS A702 CL que apresentaram PROD superiores à média geral, ALT inferiores a 103 cm e FLOR próximos a 100 dias

­­Considerações Finais

O procedimento REML/BLUP apresentou-se altamente eficiente na classificação e no ordenamento dos genótipos para todas as características avaliadas.

Pela metodologia dos modelos mistos, via REML/BLUP, a cultivar BRS A702 CL e a linhagem AB 181045 foram indicadas, para efeito de seleção, para o cultivo no município de Campos dos Goytacazes.

Agradecimentos

À Empresa de Pesquisa Agropecuária do Estado do Rio de Janeiro (PESAGRO-RIO) pela implantação e condução do Ensaio de Valor de Cultivo e Uso (VCU), cuja dedicação e comprometimento foram fundamentais para o desenvolvimento deste trabalho. Também agradecemos também à EMBRAPA pelo envio das linhagens de arroz utilizadas na implantação do VCU.

Referências

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CAPÍTULO 12

APLICAÇÃO DE MICROALGAS E LEVEDURAS COMO BIOSSORVENTES DE CROMO HEXAVALENTE E CORANTES DE SOLUÇÕES MONOCOMPONENTES

APPLICATION OF MICROALGAE AND YEAST AS BIOSORBENTS OF HEXAVALENT CHROMIUM AND DYES OF MONOCOMPONENT SOLUTIONS

 

 

DOI: https://doi.org/10.56001/22.9786500495669.12

Submetido em: 20/04/2025

Revisado em: 24/04/2025

Publicado em: 25/04/2025

Luiza de Oliveira Figueiredo

Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul, Escola Politécnica,
Porto Alegre-RS

https://orcid.org/0009-0007-1962-8489

Victor Mateus Juchem Salerno

Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul, Escola Politécnica,
Porto Alegre-RS

https://orcid.org/0009-0008-4191-944X

Allan Valcareggi Morcelli

Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia Sul-rio-grandense (IFSul), Departamento de Engenharia Química, Pelotas-RS

https://orcid.org/0000-0002-5507-7473

 

 

Resumo

As atividades industriais contribuem potencialmente à contaminação da água e dos solos quando não ocorre tratamento adequado dos efluentes produzidos. Neste contexto, as indústrias têxteis utilizam diversos corantes e as indústrias de curtume e de galvanoplastia liberam cromo hexavalente nos seus processos, de modo que devem tratar os efluentes que contêm estes resíduos, seguindo as diretrizes impostas pelos órgãos fiscalizadores. Com este propósito, a utilização de materiais biológicos para a adsorção de corantes e cromo hexavalente se apresentam como alternativas importantes de tratamento. Esse trabalho avaliou o potencial do emprego de leveduras e microalgas no processo de adsorção dos corantes azul de metileno, vermelho de metila,            alaranjado de metila, violeta cristal e do metal pesado cromo hexavalente. As biomassas de leveduras foram as que obtiveram os melhores resultados de remoção de adsorvato e capacidade de sorção em todos os efluentes sintéticos testados. Em particular, o uso de Kluyveromyces marxianus foi destacado na adsorção de violeta cristal, apresentando resultados comparáveis àqueles obtidos com carvão ativado (90,3 ± 0,5% e 92,0 ± 0,2%, respectivamente). Na adsorção de cromo hexavalente, destacou-se ainda o potencial do uso de biomassa de Saccharomyces cerevisiae, a qual alcançou adsorção significativamente superior ao carvão ativado (95,9 ± 0,3% e 51,9 ± 1,6%, respectivamente).

Palavras-Chave: microalgas, biossorção, corantes, cromo hexavalente.

Abstract

Industrial activities potentially contribute to the water and soil contamination when there is no treatment of the wastewater. In this context, the textile industries use different dyes, and the tannery and electroplating industries release hexavalent chromium in their processes, so they must treat this wastewater following the guidelines imposed by regulatory agencies. For this purpose, the use of biological materials for the adsorption of dyes and hexavalent chromium are presented as important treatment alternatives. This work evaluated the potential of using yeast and microalgae in the adsorption process of methylene blue, methyl red, methyl orange, crystal violet and the heavy metal hexavalent chromium. Yeast biomass obtained the best results in terms of adsorbate removal and sorption capacity in all synthetic effluents tested. In particular, the use of Kluyveromyces marxianus was highlighted in the adsorption of crystal violet, presenting results comparable to those obtained with activated carbon (90.3 ± 0.5% and 92.0 ± 0.2%, respectively). In the adsorption of hexavalent chromium, the potential of using biomass from Saccharomyces cerevisiae was also highlighted, which achieved significantly higher adsorption than activated carbon (95.9 ± 0.3% and 51.9 ± 1.6%, respectively).

Keywords: microalgae, biosorption, dyes, hexavalent chromium.

 

 

Introdução

            Muitas indústrias são dependentes do meio ambiente e o que ele gera de recursos naturais para fornecimento de suas matérias-primas. A dependência desses recursos sem estratégias de planejamento sustentável ou de reposição, quando essa for possível, faz com que eles se tornem cada vez mais escassos devido ao seu esgotamento global (KALAITZI et al., 2017). Desde 1970, a extração de recursos naturais mais que triplicou chegando a 92 bilhões de toneladas e há uma estimativa que até 2060 esse número possa chegar a 190 bilhões de toneladas (ONU, 2019).

Dependendo de suas produções, indústrias geram impactos ambientais a depender das diferentes categorias de resíduos em decorrências de deus processos. Se não tratados corretamente podem causar problemas irreversíveis tanto para os biomas, fauna e flora, quanto as pessoas que vivem no entorno das fábricas pela inviabilidade de recursos de necessidade humana, como a água por exemplo. A geração de efluentes com a presença de metais pesados é motivo de preocupação global por se tratar de elementos com altos índices de toxicidades. Com o aumento da utilização desses metais no contexto industrial, esses elementos podem causar contaminações principalmente de águas e solos, aumentando os riscos de possíveis exposições humanas. As indústrias de galvanoplastia e de beneficiamento do couro são exemplos que geram esses efluentes com a presença desses metais (UBANDO et al., 2020).

A indústria de galvanoplastia consiste no recobrimento de superfícies por meio de metais. É realizado por meio químico ou eletrolítico com o metal de interesse, por meio de soluções aquosas ou banho de metal fundido. Tem como objetivo aumentar as propriedades físicas e mecânicas de um material, metálico ou não, também conferindo proteção contra desgastes e corrosão. Algumas de suas aplicabilidades são o recobrimento de tubulações, utensílios domésticos e bijuterias. O processo galvânico é composto por duas etapas antes do recobrimento; a primeira delas é a etapa de desengraxe alcalino com o propósito de remoção de óleos e gorduras dispostas na superfície. A segunda etapa denominada decapagem, é a submersão da peça em soluções ácidas para a remoção de possíveis oxidações. Por fim, ocorre a etapa de aplicação de camadas metálicas sobre a peça. Todo esse processo gera efluentes líquidos com grandes quantidades de metais pesados dissolvidos (MOREIRA et al., 2010).

Por sua vez, a indústria de beneficiamento do couro consiste em transformar a pele chamada de verde ou salgada em couro acabado, esse couro possui três classificações: sintético, mineral e vegetal. Esse processo é composto por operações químicas e mecânicas, com o objetivo de conferir resistência ao calor, a umidade e a deterioração microbiana da peça. Além do excessivo consumo de água e energia, os processos de curtimento geram uma grande quantidade de efluentes contaminados com pelos, sais, proteínas, corantes, óleos ácidos, sangue e principalmente o metal cromo tetravalente (TOSO et al., 2021). O curtimento mineral utiliza cromo tetravalente na forma de sulfato básico de cromo, por razões de tempo de processo e qualidade do produto é a técnica mais utilizada no mundo. Os resíduos que resultam do processo de curtimento possuem alto teor de cromo, esse metal é muito prejudicial ao meio ambiente e ao ser humano em caso de exposição. Além do cromo, os metais alumínio cobre, manganês, níquel e titânio também são encontrados no efluente líquido bruto. O beneficiamento do couro também emite gases tóxicos, como amônia (FARIA et al., 2015).

A indústria têxtil ocupa uma importante posição no cenário da economia, porém o alto consumo de água, principalmente nas etapas de tinturaria e acabamento, geram em torno de 50 a 100 litros de efluente por quilo de tecido produzido. O tingimento é o que mais causa preocupações devido a variedade de produtos químicos que são empregados nessa etapa do processo. Devido ao alto grau de poluição que eles apresentam, os corantes são os compostos que mais geram estudos na área de tratamento de efluentes (ARSLAN-ALATON et al., 2008). A remoção dos corantes sintéticos é um dos principais problemas encontrados pela não fixação completa dos corantes às fibras dos tecidos durante a etapa de tingimento. Esses corantes, quando não tratados de forma apropriada e lançados em rios e lagos, acabam por afetar a transparência das águas, limitando a passagem de radiação solar, resultando na diminuição da fotossíntese natural causando toxicidade desse ecossistema (HONORATO et al., 2015). Eles também prejudicam a vida humana por serem considerados tóxicos, carcinogênicos e mutagênicos (ORTIZ et al., 2015).

A biossorção é a acumulação e a concentração de poluentes ou partículas indesejadas, a partir de soluções que utilizem biomassa como biossorvente, recuperando a área ou o efluente contaminado. Essa biomassa pode ser classificada em viva ou não viva, elas se diferenciam no princípio de que com a biomassa viva, o processo pode ser viabilizado pelo metabolismo das células. Já quando a biomassa é não viva, esse processo ocorre na superfície da célula (VILLANUEVA et al., 2016). No caso dos efluentes contendo metais pesados, os biossorventes apresentam alta eficiência de remoção. Esse processo é reversível, podendo ser feita a regeneração da biomassa utilizada, recuperando o metal adsorvido com técnicas como dessorção, incineração ou formação de óxidos (MOREIRA et al, 2010). Já no caso do efluente têxtil esses biossorventes podem reduzir as concentrações dos corantes a níveis de parte por bilhão, se tornando uma nova abordagem para essas empresas (AKSU et al., 2005a).

Com isso, a biossorção se apresentacomo uma alternativa que pode ser empregada nos processos de remoção de metais pesados e corantes sintéticos de efluentes provenientes da indústria. É uma técnica que utiliza sólidos de origem vegetal ou microrganismos na retenção, remoção ou recuperação desses efluentes. Ela vem mostrando resultados positivos e economia em relação aos tratamentos convencionais que já são utilizados nesses efluentes (SILVA et al., 2014). O uso de biomassas alternativas, como a fúngicas, leveduras e microalgas, vem sendo estudado para a aplicação em processos de retirada de metais pesados e de corantes sintéticos de efluentes industriais. Essa técnica com esses biossorventes tem mostrado alta eficiência de remoção (ORTIZ et al., 2015). 

Este trabalho avaliou o potencial do emprego de leveduras e microalgas no processo de adsorção dos corantes azul de metileno, vermelho de metila, alaranjado de metila, violeta cristal e do metal pesado cromo hexavalente. Foram testadas as leveduras Saccharomyces cerevisiae, Saccharomyces boulardii e Kluyveromyces marxianus, além das microalgas Chlorella sorokiniana e Heterochlorella luteoviridis, e a adsorção por carvão ativado foi utilizada como um controle para comparação com um processo convencional de adsorção de referência.

Metodologia
  • Materiais e reagentes

Para os experimentos de adsorção de efluentes sintéticos com a presença de corantes, foram utilizadas seis variedades diferentes, sendo eles, respectivamente: azul de metileno (Merck, Alemanha), alaranjado de metila (Vetec Química Fina Ltda, Brasil), vermelho de metila (Synth, Brasil), todos eles no estado sólido, além do corante violeta cristal (New Prov, Brasil) em estado líquido. O carvão ativado utilizado apresentou granulometria de 1 – 2 mm (Dinâmica Química Contemporânea Ltda., Brasil). Para os experimentos de adsorção do cromo hexavalente foram utilizados os reagentes de dicromato de potássio (Synth, Brasil), ácido sulfúrico 6 N (Caal, Brasil), 1,5 difenilcarbazida (Neon Comercial, Brasil) e acetona (Dinâmica Química Contemporânea Ltda, Brasil).

  • Preparo de efluentes sintéticos e curvas de calibração

O preparo de efluentes sintéticos com corantes constituiu na pesagem das massas dos corantes em uma balança analítica (BEL Engineering, Itália) e diluição em béquer contendo 1,5 litros de água deionizada. A composição de todos os efluentes sintéticos preparados foi padronizada para um valor de absorbância de 1,0, medido no respectivo comprimento de onda a cada corante (Gehaka, Modelo UV – 330G, Brasil). Teve-se por objetivo com este procedimento tornar os efluentes de diferentes corantes comparáveis entre si quanto ao impacto da cor neles desenvolvida e a potencial eutrofização causada por este efeito.

Foram realizadas adições sequenciais do reagente após pesagem ou medição de volume em pipeta graduada até atingir o valor alvo de absorbância lido no respectivo comprimento de onda. Para cada incremento de composição, registrou-se a quantidade adicionada e a absorbância resultante, de modo a construir curvas de calibração para quantificar cada pigmento. A preparação do efluente de cromo hexavalente se deu a partir do método colorimétrico da difenilcarbazida de acordo com as diretrizes da NBR 13738 (ABNT, 1996). Foi realizada a pesagem de dicromato de potássio em balança analítica (BEL Engineering, Itália) e foram realizadas diluições com água deionizada, seguidas de ajuste do pH com uma solução de ácido sulfúrico 0,2 N (Caal, Brasil). Foi realizada a análise da solução no espectrofotômetro (Gehaka, Modelo UV – 330G, Brasil) a 540 nm.

  • Biomassa de leveduras e microalgas

A biomassa de Saccharomyces cerevisiae foi adquirida da marca Dr. Oetker em forma de pó seco pela companhia Zaffari & Bourbon. A biomassa de Chlorella sorokiniana foi adquirida também em forma de pó, da marca Taiwan Chlorella Manufacturing CO Ltda, uma empresa especializada em cultivo de microalgas, por meio da representante e distribuidora local Paversul (Flores da Cunha – RS). Por sua vez, a bioassa da microalga Heterochlorella luteoviridis e as biomassas das leveduras Kluyveromyces marxianus e Saccharomyces boulardii foram obtidas a partir do seu cultivo em laboratório.

  • Cultivo da microalga Heterochlorella luteoviridis

A microalga Heterochlorella luteoviridis foi cultivada em fotobiorreatores de placas planas do tipo airlift com aeração realizada por pedra difusora pelo fundo do fotobiorreator com uma vazão de 1 L min-1 de ar comprimido filtrado por membrana de 0,22 μm (Midistart 2000, Sartorius Stedim Biotech, Alemanha) a partir de uma metodologia adaptada (JAESCHKE et al., 2016). Em erlenmeyers de 250 mL com 100 mL de meio de cultivo, o inóculo foi cultivado sob agitação de 120 rpm e incidência de luz durante 7 dias (Tachibra, Brasil, 13 W, luz branca).

Após a inoculação, os cultivos foram iluminados artificialmente através de um painel composto por 12 lâmpadas eletrônicas. Foi utilizado o meio de cultivo f1/2 modificado com concentração NaNO3 adaptada para 600mg L-1 de fosfato (5g L-1 de NaH2PO4.H2O) e 1mL L-1 de uma solução de metais-traço (9,8 mg L-1 de CuSO2.5H2O, 22 mg L-1 de ZnSO4.7H2O, 1 mg L-1 de CoCl2.6H2O, 180 mg L-1 de MnCl2.H2O, 6,3 mg L−1 de Na2MoO4.2H2O, 4,36 g L-1 de Na2EDTA e 3,15 g L-1 de FeCl3.6H2O). Os frascos contendo meios de cultivo foram esterilizados em autoclave a 121 °C por 30 minutos.

O cultivo foi realizado em regime semicontínuo, ou seja, decorridos os 7 dias iniciais, a cada 48 horas metade do volume do fotobiorreator foi substituído por meio fresco. A cada 14 dias, um novo cultivo foi iniciado. O volume retirado do fotobiorreator foi centrifugado a 10.000 rpm a 10 °C durante 10 minutos (Hitachi, CR 21GIII). Após esse processo, a biomassa foi liofilizada (LIOTOP, Modelo L101, Brasil; Bomba Edwards Vacuum, RV-5, Reino Unido) e mantida a -18 °C sem a incidência de luz.

  • Cultivo das leveduras Kluyveromyces marxianus e Saccharomyces boulardii

A levedura Kluyveromyces marxianus, foi cultivada em meio YPD (10 g L-1 de extrato de levedura, 20 g L-1 de triptona e 20 g L-1 de glicose) a partir da transferência de uma colônia isolada de uma placa de petri. Foi realizada incubação sob agitação de 150 rpm por 24 h a 37 °C (Solab, SL223, Brasil). Após este período, 9 Erlenmeyers contendo meio YPD foram inoculados com esta amostra (10% v/v), sendo incubadas sob as mesmas condições por 12 h. O conteúdo final dos cultivos foi submetido a centrifugação a 40.000 rpm por 10 min (Kasvi, K14-0815C, Brasil) e posterior liofilização a uma pressão de 0,03 mbar (LIOTOP, Modelo L101, Brasil; Bomba Edwards Vacuum, RV-5, Reino Unido). Para o cultivo da Saccharomyces boulardii, foi utilizado o mesmo procedimento de cultivo de K. marxianus, se diferenciando somente na etapa de inóculo, na qual foi realizada a adição de 1 g do medicamento Flomicin, em forma de pó, adquirido das redes de farmácia Panvel.

  • Experimentos de adsorção

Os experimentos de adsorção foram realizados em batelada através do contato do efluente sintético com o biossorvente sólido. Cada uma das 6 biomassas foi pareada individualmente com cada um dos 5 adsorvatos testados.

Foi pesada em balança analítica aproximadamente 1 g de cada biomassa e adicionada a erlenmeyers de 250 mL preenchidos com 100 mL do efluente sintético. Cada pareamento de biomassa com adsorvato foi realizado em duplicatas. Os erlenmeyers foram deixados por 24 horas em agitação em uma incubadora orbital com controle de temperatura a 100 rpm e 25 °C (Solab, SL223, Brasil). Após as 24 horas de contato, foram coletadas amostras de 10 mL de cada erlenmeyer, as quais foram transferidas para tubos Falcon de 15 mL. Todas as amostras passaram por centrifugação a 10.000 rpm por 10 min (Kasvi, K14-0815C, Brasil), e foi coletado 1 mL do sobrenadante de cada tubo para leitura de absorbância no espectrofotômetro (Gehara, UV-330G, Brasil). Os comprimentos de onda foram, respectivamente: 665 nm para azul de metileno, 464 nm para alaranjado de metila, 440 nm para vermelho de metila, 545 nm para violeta cristal e 540 nm para cromo hexavalente. Estes comprimentos de onda foram selecionados com base em referências na literatura para quantificação dos referidos corantes e a partir da metodologia específica para quantificação de cromo hexavalente.

  • Remoção de adsorvato e capacidade de adsorção

Para os cálculos de remoção percentual, foi utilizada a seguinte equação:

 

 

onde:

 

Ci = Concentração inicial de adsorvato;

Cf = Concentração final de adsorvato;

 

Para as capacidades de adsorção foi utilizada a seguinte equação:

 

onde:

q = Capacidade de adsorção;

Ci = Concentração inicial de adsorvato;

Cf = Concentração final de adsorvato;

m = Massa de biossorvente;

V = Volume da amostra;

 

Resultados e Discussão
  • Desenvolvimento da metodologia para determinação de concentrações de adsorvato

Quantidades conhecidas de adsorvato foram diluídas de forma sequencial em água deionizada, de modo a possibilitar a construção de curvas de calibração, que correlacionassem concentração mássica de adsorvato com absorbância lida no respectivo comprimento de onda (Figura 1). Para alcançar a curva de calibração para determinação de cromo hexavalente, passos adicionais apresentados na referida metodologia foram necessários. Para todos os adsorventes testados, foram encontrados valores altos para o coeficiente de regressão múltipla (), de modo que se considerou haver confiabilidade no método espectrofotométrico utilizado. As curvas de calibração apresentadas na Figura 1 foram empregadas neste trabalho para determinar as concentrações mássicas de adsorvato posteriormente apresentadas.

  • Adsorção em Batelada

As seis biomassas testadas neste trabalho foram pareadas individualmente com cada um dos quatro corantes e com o cromo hexavalente em soluções monocomponentes, conduzindo-se experimentos de adsorção em batelada. Após o período de contato entre as biomassas e os efluentes sintéticos, realizou-se a recuperação do sobrenadante e foi aplicada a metodologia espectrofotométrica, de modo a determinar a concentração residual do adsorvato na amostra (adsorvato livre). Os resultados de recuperação de adsorvato e de capacidade de sorção para todos os pareamentos testados são apresentados na Tabela 1.

Figura 1: Curvas de calibração para a determinação de concentrações de adsorvato em função da absorbância.

Fonte: Os autores (2025).

Na Tabela 1 os resultados para amostras contendo o corante vermelho de metila são apresentados como “não aplicáveis” (“N/A”). Na prática, ocorreu mudança de coloração do efluente nas amostras após o contato com as biomassas, de modo que as leituras de absorbância atingiram valores maiores às do próprio efluente sintético preparado, no respectivo comprimento de onda. Esse comportamento pode ter ocorrido devido a interação biomassa-biossorvente, podendo ser relacionadas às estruturas das moléculas devido a reação ou a interações relacionadas às propriedades dos adsorventes e adsorvatos envolvidos nas condições testadas (NASCIMENTO et al., 2014).


 

Adsorvente

Azul de metileno

Vermelho de metila

Alaranjado de metila

Violeta cristal

Cromo hexavalente

 

Remoção (%)

q×10-2 (mg/g)

Remoção (%)

q (mg/g)

Remoção (%)

q×10-2 (mg/g)

Remoção (%)

      q×10-2 (mg/g)

      Remoção (%)

      q×10-2 (mg/g)

Carvão Ativado

92,8 ± 0,2

66,9 ± 0,17

N/A

90,9 ± 0,7

0,14 ± 0,00

92,0 ± 0,2

43,9 ± 0,14

51,9 ± 1,6

2,43 ± 0,08

Saccharomyces cerevisiae

72,9 ± 0,5

52,9 ± 0,42

N/A

N/A

N/A

71,9 ± 1,6

34,2 ± 0,75

95,9 ± 0,3

4,48 ± 0,02

Saccharomyces boulardii

76,6 ± 1,8

52,6 ± 1,26

N/A

36,3 ± 4,4

0,06 ± 0,01

77,7 ± 1,4

36,9 ± 0,63

21,4 ± 1,3

1,00 ± 0,06

Kluyveromyces marxianus

78,4 ± 1,5

56,9 ± 1,08

N/A

52,8 ± 4,9

0,08 ± 0,01

90,3 ± 0,5

42,9 ± 0,23

16,0 ± 8,8

0,75 ± 0,41

Chlorella sorokiniana

50,3 ± 4,35

36,4 ± 3,15

N/A

N/A

N/A

27,7 ± 2,7

13,1 ± 1,26

28,0 ± 4,1

1,31 ± 0,19

Heterochlorella luteoviridis

19,9 ± 14,3

14,4 ± 10,32

N/A

N/A

N/A

30,5 ± 0,2

14,5 ± 0,07

31,9 ± 11,9

1,49 ± 0,56

             

Tabela 1: Resultados de remoção de adsorvato e de capacidade de adsorção(q).


Fonte: Os autores (2025).

 

Considerou-se, portanto, que o emprego das biomassas testadas na adsorção de vermelho de metila foi inadequado, uma vez que produziu coloração intensa em todos os testes.

Para os pareamentos entre os corantes e as biomassas selecionadas, os melhores resultados encontrados se deram a partir do contato com a levedura Kluyveromyces marxianus. O corante azul de metileno obteve porcentagem de remoção alcançando o valor de 78,4% e capacidade de sorção de 0,569 mg/g. No caso do alaranjado de metila, alcançou-se o valor de 52,8% de remoção de adsorvato. Já no pareamento desta biomassa com o corante violeta cristal, atingiu-se os valores de 90,3% de remoção e 0,429 mg/g de capacidade de sorção. Destaca-se que estes resultados eficientes de adsorção de violeta cristal foram semelhantes àqueles alcançados com o carvão ativado (92,4% e 0,439 mg/g, respectivamente). Bons resultados ainda foram encontrados no pareamento dos efluentes sintéticos com a biomassa de Saccharomyces boulardii, resultando em valores de 76,6% de remoção e 0,526 mg/g de capacidade de sorção no caso do azul de metileno, e de 77,7% de remoção e 0,369 mg/g de capacidade de sorção para violeta cristal.

No caso de uso das microalgas Chlorella sorokiniana e Heterochlorella luteoviridis, observou-se adsorção de azul de metileno, violeta cristal e cromo hexavalente. O melhor resultado para o azul de metileno se deu a partir da biomassa de Chlorella sorokiniana com 50,3% de remoção e 0,364 mg/g de capacidade de sorção. Já para o corante violeta cristal, a biomassa de Heterochlorella luteoviridis apresentou os resultados de 30,5% de remoção e 0,146 mg/g de capacidade de sorção. Na literatura não existem até o momento muitos resultados de adsorção de corantes a partir de microalgas. Porém, Scenedesmus sp. e Chlorella sp. foram testadas na adsorção do corante Acid Blue 161 (AB-161) e obteve-se 76,7% de remoção (FONTOURA et al., 2017). Outro estudo utilizou biomassa residual da microalga Scenedesmus sp. para a adsorção de diversos corantes, incluindo o azul de metileno, para o qual se alcançou 69,0% de remoção (FERREIRA et al., 2018). Estes resultados da literatura sugerem que, por semelhança, o uso das microalgas testadas no presente trabalho possa apresentar maior eficiência na adsorção de corantes, caso as condições do processo de adsorção sejam otimizadas.

No pareamento das biomassas com o efluente de cromo haxavalente foi observado um bom resultado referente ao uso da levedura de Saccharomyces cerevisiae, com 95,9% de remoção e 0,448 mg/g de capacidade de sorção na presença dessa levedura. Esse resultado é maior em comparação com os resultados alcançados com a biomassa do carvão ativado, o controle utilizado neste estudo, o qual é amplamente empregado atualmente. Bons resultados também haviam sido reportados na literatura quando Saccharomyces cerevisiae foi testada na adsorção de cádmio, obtendo 94,0% de capacidade de remoção deste metal (DEL RIO et al., 2004). Outro estudo também testou esta levedura no processo de adsorção de chumbo e cobre obtendo 80,0% e 90,0% de capacidade de remoção desses metais ao final do processo, respectivamente (AZEVEDO et al., 2020).

Após todos os pareamentos entre as biomassas e os efluentes sintéticos, observou-se que as leveduras testadas se apresentaram, de forma geral, como os melhores adsorventes neste trabalho. O bom desempenho destes microrganismos pode estar relacionado com a estrutura de suas paredes celulares, as quais apresentam alta superfície de contato, e são compostas por lipídios, proteínas e polissacarídeos que possuem regiões com propriedades de troca iônica, fornecendo uma série de grupos funcionais capazes de desencadear o processo de adsorção desses compostos (AKSU et al., 2005b).

 Quando microalgas foram testadas na adsorção de cromo hexavalente, foram encontrados resultados inferiores, se comparados àqueles alcançados pela levedura Saccharomyces cerevisiae. No contato do efluente com Chlorella sorokiniana e Heterochlorella luteoviridis, obteve-se remoção de 28,0% e 31,9% respectivamente. Valores semelhantes haviam sido relatados em pesquisas anteriores, com remoção de 34,7% por Chlorella sorokiniana (DIAS et al., 2019).

 O cromo hexavalente possui comportamento aniônico em solução (representado pela formação do íon dicromato), sendo, na prática, carregado negativamente na sua forma dissociada. Essas cargas negativas podem ser atraídas eletrostaticamente, se ligando aos grupos funcionais carregados positivamente presentes no adsorvente. No entanto, a parede celular microalgal também apresenta grupos funcionais negativamente carregados como hidroxila (-OH), fosforil (-PO3O2), amina (NH2), carboxila (-COOH), entre outros, conferindo uma alta afinidade com ligações de cátions metálicos, não atribuindo boa interação com o íon dicromato, podendo ser relacionado as baixas porcentagens de remoção nos testes de cromo (MEHTA et al., 2008).

A concentração é outro fator que pode influenciar no processo de biossorção. A eficiência na remoção de metais por microalgas é conhecida por depender de suas concentrações originais em solução, apresentando nível de sorção diretamente proporcional ao aumento da concentração dos metais (OMAR et al., 2002). Desta forma, sugere-se que os resultados aqui relatados podem ter sido influenciados pelas concentrações de adsorvato no efluente sintético, sendo sugeridos estudos posteriores testando esta variável.

Por fim, os resultados deste trabalho foram alcançados para um processo de adsorção em batelada não otimizado, podendo ser substancialmente melhorados através da otimização de variáveis como a proporção entre biomassa e adsorvato, a temperatura e o pH da solução, além do uso de pré-tratamentos da biomassa. Sugere-se como abordagens futuras proceder com este estudo de otimização e realizar o levantamento das isotermas de adsorção para o processo otimizado.

Considerações Finais

            Com base nos resultados obtidos durante os ensaios de adsorção e documentados neste artigo, foi possível concluir que as biomassas de leveduras foram as que obtiveram os melhores resultados em porcentagem de remoção e capacidade de sorção em todos os efluentes sintéticos testados. Assim, estas podem ser consideradas uma alternativa viável à remoção de corantes sintéticos e metais pesados em efluentes industriais. De forma geral, foi possível comparar a eficiência das diferentes biomassas na adsorção dos adsorvatos testados, embora se sugira padronizar estudos futuros pela concentração mássica de adsorvato no efluente, em vez da absorbância resultante, de modo a tornar resultados de capacidade de sorção mais adequadamente comparáveis entre si. Em particular para os efluentes com presença de corantes, a levedura de Kluyveromyces marxianus foi a que apresentou os melhores índices de biossorção, destacando sua atuação no pareamento com o adsorvato de violeta cristal, tendo seus resultados equiparados com os obtidos do carvão ativado. A biomassa de Saccharomyces cerevisiae apresentou alta biossorção para o efluente de cromo hexavalente na concentração formulada, superando o desempenho do carvão ativado.

Sugerem-se análises futuras sobre a estrutura dos biossorventes, como a análise por microscopia eletrônica de varredura (MEV), antes e depois do processo de biossorção para melhor entendimento do alto índice de remoção de cromo da solução. Ao que se refere as microalgas, foram obtidos resultados inferiores, embora compatíveis com aqueles encontrados na literatura, tornando-as também uma opção viável de biossorventes para a remoção de corantes e de cromo hexavalente de efluentes industriais. Serão necessários, porém, estudos aprofundados para um possível aumento da porcentagem de remoção na presença desses biossorventes. 

Referências

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CAPÍTULO 13

USO DO EXTRATO DA Psidium guajava L. (Lineu) COMO ALTERNATIVA AOS ANTIBIÓTICOS TRADICIONAIS

USE OF Psidium guajava L. (LINEU) EXTRACT AS AN ALTERNATIVE TO TRADITIONAL ANTIBIOTICS

 

 

 

DOI: https://doi.org/10.56001/22.9786500495669.13

Submetido em: 15/04/2025

Revisado em: 24/04/2025

Publicado em: 25/04/2025

Fábio Dantas Oliveira

Universidade Federal de Campina Grande, Centro de Educação e Saúde, Cuité-PB

http://lattes.cnpq.br/6857857062455444

Silvânia Narielly Araújo Lima

Universidade Federal de Pernambuco, Programa de Pós-Graduação em Ciências Farmacêuticas, Recife-PE

https://orcid.org/0000-0001-5688-8422

Carliane Rebeca Coelho da Silva

Doutorado e Pós-Doutorado pela Rede Nordeste de Biotecnologia, RENORBIO, Brasil

https://orcid.org/0000-0002-9462-5823

Igor Luiz Vieira de Lima Santos

Universidade Federal de Campina Grande, Centro de Educação e Saúde, Cuité-PB

https://orcid.org/0000-0003-3438-0446

 

 

 

 

 

Resumo

Em meio à ascensão de bactérias resistentes aos antibióticos, cada vez mais a medicina busca alternativas como terapias ou produtos que substituam esses fármacos no tratamento de infecções bacterianas. Tendo em vista isso, esse TCC busca analisar, com base na literatura, o potencial do efeito antimicrobiano dos extratos de Psidium guajava e seu uso para a produção de novos antibióticos. A metodologia utilizada neste TCC foi a revisão de literatura integrativa, ocorrida no primeiro semestre de 2024. A estratégia utilizada foi a PICO, o Google Acadêmico, PubMed e Scielo foram usados como portais de dados, para a pesquisa de diversos descritores e de uma palavra-chave: “Resistant Bacteria” “Bacteria” “Guava” “Antibiotics” “Antimicrobial Agent” e “Antimicrobial Activity” separados pelos operadores OR e AND para garantir a relação ou alternância entre eles.  O Zotero foi utilizado para organizar os trabalhos científicos encontrados após a pesquisa e para a análise inicial e aprofundada dos artigos selecionados utilizou-se o Rayyan QRCI. O extrato metanólico demonstrou ser o mais eficaz em relação à utilização de outros extratos de P. guajava. Além disso, alguns extratos testados foram mais eficazes que antibióticos convencionais e outros mostraram efeito sinérgico em combinação com esses fármacos. Com base nos artigos analisados, foi possível observar a eficácia do efeito antimicrobiano dos extratos de Psidium guajava, mas também outros efeitos relevantes para a medicina. Ademais, os extratos de P. guajava tem potencial para serem utilizados na produção de fármacos antimicrobianos.

Palavras-Chave: Goiaba, bactérias multirresistentes, fármacos antibacterianos

Abstract

Amid the rise of antibiotic-resistant bacteria, medicine increasingly seeks alternatives such as therapies or products to replace these drugs in the treatment of bacterial infections. Considering this, this thesis aims to analyze, based on the literature, the potential antimicrobial effect of Psidium guajava extracts and their use in the production of new antibiotics. The methodology used in this thesis was an integrative literature review, conducted in the first half of 2024. The strategy used was PICO, Google Scholar, PubMed and Scielo were used as data portals, for the search of several descriptors and a keyword: “Resistant Bacteria” “Bacteria” “Guava” “Antibiotics” “Antimicrobial Agent” and “Antimicrobial Activity” separated by the operators OR and AND to ensure the relationship or alternation between them. Zotero was used to organize the scientific works found after the search and for the initial and in-depth analysis of the selected articles used the Rayyan QCRI. The methanolic extract proved to be the most effective compared to other P. guajava extracts. Additionally, some tested extracts were more effective than conventional antibiotics, and others showed a synergistic effect in combination with these drugs. Based on the analyzed articles, it was possible to observe the efficacy of the antimicrobial effect of Psidium guajava extracts, as well as other relevant effects for medicine. Furthermore, P. guajava extracts have the potential to be used in the production of antimicrobial drugs.

Keywords: Guava, multi-drug resistant bacteria, antibacterial drugs.

 

 

 

Introdução

            Embora a resistência antimicrobiana seja reconhecida mundialmente como questão urgente, a incidência e a disseminação de bactérias multirresistentes ainda continua subindo. Além disso, o aumento na utilização de dispositivos implantados médicos como próteses de articulações, válvulas de coração artificiais, próteses endovasculares e marca-passos resultam numa grande ocorrência de infecções associadas a biofilmes microbianos (Huemer et al., p. 1, 2020). As causas para a ocorrência da resistência antibiótica são variáveis, pois de acordo com Chavada et al. (2023), países pobres e de classe média são amplamente afetados por conta da generalização do uso inadequado dos antibióticos, uso de fármacos antimicrobianos na agricultura, qualidade inapropriada de antibióticos, supervisão inadequada e outros fatores estão ligados à carência de saúde abaixo da média, má nutrição, infecções recorrentes e crônicas, e a inabilidade dos profissionais de saúde proporcionarem medicamentos mais caros e potentes.

Tendo em vista isso, os principais fármacos utilizados para tratar as infecções bacterianas são os antibióticos. Segundo Dos Santos Garcia e Comarella (2021), esses fármacos são constituídos de compostos originados naturalmente ou sinteticamente e possuem o objetivo de dificultar o desenvolvimento ou causar a morte de fungos ou bactérias no organismo. Os antibióticos podem ser classificados como bactericidas, quando causam a morte das bactérias ou bacteriostáticos, quando inibem o crescimento e desenvolvimento bacteriano. É importante ressaltar que esses medicamentos precisam ser administrados conscientemente e com orientação médica, visto que ao ocorrer o desenvolvimento de resistência aos antibióticos, o número de fármacos eficazes para combater as infecções bacterianas diminui, tornando o tratamento mais difícil (De Brito; Trevisan, p. 2, 2021).

No entanto, de acordo com Mancuso et al. (2021), a resistência antibiótica não era uma preocupação mundial nos anos 60, pois novos fármacos como a vancomicina e meticilina surgiram, sugerindo que a resistência poderia ser resolvida através da síntese de novas moléculas. Infelizmente, nas décadas seguintes, as bactérias desenvolveram diferentes mecanismos de resistência aos antibióticos que dificultaram os efeitos desses fármacos e resultaram no aumento da resistência antibiótica.

Nesse sentido, Vaou et al. (2021), ressaltam que existe uma grande demanda para o desenvolvimento de novos antimicrobianos que sejam capazes de reduzir o uso de antibióticos e combater a resistência microbiana a esses fármacos. Isso direcionou o rumo das pesquisas, focalizando-as na identificação de novos bioativos antimicrobianos adquiridos através de plantas, pois aproximadamente 50% dos produtos farmacêuticos e nutracêuticos são produzidos com plantas e seus derivados. Com isso, os extratos de plantas representam fontes promissoras de moléculas antimicrobianas. Essas moléculas antimicrobianas são agrupadas em diferentes classes de acordo com a sua estrutura química e propriedades: óleos essenciais, fenólicos, alcalóides, saponinas e peptídeos (Oulahal e Degraeve, p.1, 2020).

Uma das principais plantas que servem de base para a produção de extratos com ação antimicrobiana é a goiaba. De acordo com Sarkingobir e colaboradores (2022) a goiaba é benéfica medicinalmente em diversos aspectos como no tratamento de inflamações, dores, febre, doenças estomacais, hipertensão e age como agente esterilizante. Ademais, nos métodos tradicionais, a população local aprecia os materiais advindos dessa planta devido aos componentes ativos que servem como base para a produção de fármacos modernos, sendo benéficos para a humanidade. Millones-Goméz et al. (2020) destacam que essa planta é constituída quimicamente por taninos, fenóis, saponinas, carboidratos, alcaloides, esteróis, terpenoides e compostos fenólicos. Além disso, os compostos responsáveis pela ação antimicrobiana presentes nas folhas de goiaba são a quercetina, avicularina e guaijaverina.

Diante disso, considerando a busca por novos métodos e produtos que possam combater a resistência das bactérias aos antibióticos, é essencial compreender o potencial do uso de produtos de origem vegetal, visto que são constituídos por algumas substâncias químicas que possuem efeito antimicrobiano. Logo, devido à escassez de estudos que abordem uma visão geral sobre o potencial dos extratos de Psidium guajava L. como antimicrobiano, este trabalho busca ressaltar a eficácia do efeito antimicrobiano dos extratos de goiaba nas bactérias mais resistentes aos antibióticos, seus mecanismos para dificultar a penetração dos extratos utilizados e outros efeitos de interesse médico, abordando assim, fatores relevantes para a medicina atual e contribuindo sobremaneira para o desenvolvimento de estudos prospectivos futuros laboratoriais visando a identificação, análise, isolamento e aplicação dessas moléculas com potencial biotecnológico e farmacológico.

Desenvolvimento
  • ASPECTOS GERAIS DA Psidium guajava

A goiaba (Psidium guajava) é uma fruta nutritiva originária do México, na América Central ou na América do Sul, e no Caribe (Pathmanaban; Gnanavel; Anandan, 2023, p.1). Ademais, a goiaba é uma fruta popular em países tropicais e não tropicais como Bangladesh, Índia, Paquistão, Brasil e Cuba. (Mostafa et al., 2022, p.1). Ribeiro (2021) ressalta que a Índia e a China lideram mundialmente a produção de goiabas. No entanto, mesmo sendo o sétimo produtor mundial de goiabas, o Brasil apresenta o maior rendimento por kg.ha-1. Além disso, em 2019, a produção de goiabas no Brasil atingiu cerca de 584.223 toneladas, rendendo em média 26.402 kg.ha-1.

A comercialização de goiabas frescas é limitada internacionalmente, porém os produtos processados advindos desse fruto, como conservas e bebidas estão se tornando cada vez mais comuns em vários países. Além da polpa, a indústria alimentícia também produz nectars, geleias, gelatinas e xaropes a partir da goiaba (Angulo-López et al., 2021, p. 1-2). A fruta contém baixas quantidades de carboidratos, gordura e proteínas, mas é altamente rica em água e nas vitaminas A, B e C. A vitamina C presente na goiaba é três a seis vezes maior do que a quantidade encontrada nas laranjas. Além disso, a goiaba também apresenta alta concentração de fibras alimentares e sais minerais, como potássio, cálcio, ferro e fósforo (Ordóñez-Santos; Vázquez-Riascos, 2010; Viana, 2021).

A goiaba está inserida na família Myrtaceae e caracteriza-se pelo seu tamanho que varia entre 3 a 5m de altura e pelas folhas com pecíolos arredondadas, ovais, oblongas ou elípticas e com uma coloração verde-amarelada. Ademais, os brotos começam o processo de crescimento no período das chuvas e florescem a partir do mês de outubro, exibindo flores brancas e frutos do tipo baga que podem pesar entre 42 e 280g (Carvalho et al., 2024, p. 3). O fruto da goiabeira é do tipo climatérico, no qual a maturação continua ocorrendo mesmo após a retirada da planta mãe. Portanto, é imprescindível que haja a aplicação de técnicas que reduzam o processo metabólico do amadurecimento, com o intuito de minimizar as perdas na colheita de goiabas, prolongar o período de conservação dos frutos e comercializar produtos in natura adequados para o consumo (Júnior et al., 2020, p. 464).

  • COMPOSIÇÃO QUÍMICA DA Psidium guajava L.

Bogha et al (2020) salientam que a goiaba é rica em compostos como taninos, fenóis, triterpenos, flavonoides, óleos essenciais, saponinas, carotenoides, lectinas, vitaminas, fibras e ácidos graxos. Alguns compostos demonstram importância médica: Os flavonoides possuem propriedades antibacterianas e a quercetina auxilia no efeito antidiarreico da goiaba, além de ser capaz de relaxar a musculatura lisa intestinal e inibir as contrações intestinais. Rehman e Khan (2022) destacam que a composição química das folhas da goiaba inclui 0.37% de óleo volátil, 6.0% de óleo fixado, 3.14% de resina, 8.51% de taninos, e outros compostos fixantes. Além disso, gordura, sais minerais, resina, clorofila, taninos, celulose e óleo volátil, com eugenol, ácido málico são encontrados nas folhas da goiaba. Ademais as folhas contêm um óleo vital com concentrações de cineol, 4 ácidos triterpênicos e 3 flavonoides, todos com propriedades antibacterianas.

A presença de uma variedade única de compostos polifenólicos bioativos, como quercetina e outros flavonoides, e os ácidos ferúlicos, cafeicos e gálicos presente nas folhas de goiabas determinam suas propriedades bioativas e terapêuticas. Esses compostos fenólicos são conhecidos como metabólitos secundários que demonstram forte atividade antioxidante e imunoestimulante (Kumar et al., 2021, p.3).  Além do efeito antidiarréico e antibacteriano, as folhas da goiaba contém outras propriedades farmacológicas, como antioxidante, antitumoral e atividades hipotensivas e hipoglicêmicas (Jiang et al., 2021, p. 2).

  • APLICAÇÕES TRADICIONAIS E CLÍNICAS

A Psidium guajava é usada mundialmente no tratamento de diversas doenças atuando como agente inflamatório, na diabetes, hipertensão, cáries, machucados, no alívio da dor e redução da febre. As folhas da goiabeira são utilizadas em lesões, úlceras e em dores reumáticas, sendo mastigadas no processo para aliviar dores de dente (Dange; Rao; Jadhav, 2020, p. 452). Além disso, as folhas em adição ao fruto, têm potenciais benefícios para a saúde, incluindo a prevenção de cânceres, a regulação da pressão sanguínea, tratamento para a diarréia, e auxilia no alívio de problemas gastrointestinais. Também auxiliam no processo de perda de peso, da tonificação da pele e no tratamento de tosse, resfriados, constipação, disenteria e escorbuto (Mathpal; Rathore, 2022, p. 239).

Outras partes da goiaba também possuem potencial para serem utilizadas na medicina. Visto que, Kumar et al (2022) destacam que as sementes da goiaba contêm um amplo espectro de metabólitos secundários que demonstram diversas bioatividades, incluindo efeitos antioxidantes, anti-inflamatórios, neuroprotetores, antidiabéticos e ação anticancerígena. Além disso, Sharma e Borah (2021) ressaltam que o extrato metanólico da casca da goiabeira pode ser utilizado como reforço sanguíneo em pacientes anêmicos ou como profilaxia. Os resultados sugerem que uma concentração de 200mg/kg pode ser capaz de estimular o processo hematopoiético dos pacientes acometidos.

Atualmente, os extratos de Psidium guajava estão sendo investigados para evidenciar possíveis aplicações clínicas ou terapêuticas dos extratos no tratamento e prevenção de doenças. De acordo com o estudo de Ruksiriwanich et al (2022), observou-se que o extrato da folha da goiaba pode promover o crescimento capilar, por meio da redução dos radicais livres e diminuição na expressão da 5α-redutase. Futuramente esse extrato pode ser utilizado no desenvolvimento de produtos ou adjuvantes terapêuticos no tratamento da alopecia androgenética, bem como outros distúrbios relacionados aos hormônios andrógenos.

Além disso, no estudo de Liu et al (2018), o extrato da goiaba vermelha demonstrou atividades anticancerígenas no câncer de mama triplo negativo através da apoptose ou necrose. Por fim, os extratos de goiaba também demonstram efeitos antimicrobianos, pois no estudo de Shetty et al (2018) evidenciou-se a ação antimicrobiana do extrato de Psidium guajava contra bactérias periodontais patógenas A. actinomycetemcomitans e P. gingivalis. Ressaltando que os extratos podem ser utilizados como adjuvantes para fármacos sintéticos e como agente potencial terapêutico no combate à periodontite.

  • IMPLICAÇÕES MÉDICAS

Em 1929, Sir Alexander Fleming descobriu a penicilina, também conhecida como “fármaco milagroso” com propriedades incríveis que atuava no tratamento de infecções bacterianas, particularmente causadas por espécies de Staphylococcus e Streptococcus (Chinemerem Nwobodo, 2022, p.2). Enquanto os cientistas estavam buscando novos microrganismos produtores de antibióticos, foi descoberto um bolor capaz de matar o bacilo da tuberculose em 1943. A estreptomicina, um aminoglicosídeo, foi utilizada pela primeira vez para o tratamento da tuberculose pulmonar na clínica Mayo em Rochester, Minnesota, em 1944 (Khardori; Stevaux; Ripley, 2020, p.40).

A penicilina impede a síntese da parede celular bacteriana e a estreptomicina inibe a função dos ribossomos. Desde então, uma série de substâncias antibióticas foram identificadas e tornaram-se disponíveis para o uso médico (Wenzel, 2020, p. 1307). Atualmente os antibióticos são utilizados na assistência médica e na medicina veterinária, mas também são empregados em várias atividades humanas pelo mundo, como em viveiro de peixes, aquicultura, agricultura e na pecuária. Devido a sua complexidade química, muitos antibióticos são resistentes à degradação, facilitando a persistência no ambiente e exercendo uma pressão seletiva sobre bactérias resistentes à antibióticos. Por conta disso, essas bactérias podem entrar na cadeia alimentar e culminar na seleção de uma microbiota de bactérias resistentes à antibióticos (Alduina, 2020, p. 1).

Em 1994, o Grupo Consultivo Científico da Resistência Antimicrobiana da Organização Mundial da Saúde classificou os microrganismos resistentes a fármacos como um problema severo de saúde pública em países desenvolvidos e em desenvolvimento. Ademais, outro fator relevante para a criação de superbactérias resistentes à antibióticos provém do uso excessivo de antibióticos (Stachelek et al., 2021, p. 72). Estima-se que as mortes globais por ano atribuídas à resistência antimicrobiana cheguem a 700 mil, com projeções de escalar rapidamente e atingir o número de 10 milhões de mortes por ano em 2050 (Chang et al., 2022, p. 2).

Por fim, Urban-Chmiel et al (2022) destacam a necessidade de aumentar de pesquisas em áreas como o melhoramento genético em animais, com o intuito de identificar os marcadores associados à resistência inata dos patógenos, na busca por novos agentes antimicrobianos e na determinação do papel da bactéria na transmissão da resistência antibiótica para a flora microbiana dos humanos e animais. O extrato de Psidium guajava vem demonstrando ser um agente antimicrobiano natural promissor, pois Ilagan et al (2022) destacam que os extratos da goiaba, dependendo do método de extração e da parte utilizada na sua obtenção, fornecem atividade antimicrobiana in vitro notável contra bactérias resistentes à antibióticos. Porém, é imprescindível que haja mais estudos acerca da ação antimicrobiana do extrato de Psidium guajava para expandir a aplicação em inovações antibióticas, estudos sinérgicos e abrir a possibilidade para ensaios clínicos e estudos in vivo.

Metodologia

A metodologia escolhida para a elaboração deste trabalho de conclusão de curso (TCC) foi a revisão bibliográfica, também conhecida como revisão de literatura (RL). Brizola e Fantim (2016) ressaltam que a RL se constitui a partir da síntese e análise das ideias de diferentes autorias sobre um tema específico, obtidas por meio de leituras feitas pelo autor da revisão. Além disso, é importante salientar que a RL é um trabalho científico que geralmente não apresenta ideias inovadoras, tendo em vista que essa metodologia se baseia na junção das principais contribuições existentes e nas discussões críticas acerca dos resultados obtidos sobre a temática específica.

A revisão de literatura pode ser categorizada principalmente em três tipos diferentes: narrativa, sistemática e integrativa. No entanto, existem outros tipos de revisões de literatura como revisões rápidas, de escopo e de mapeamento (Galvão; Pereira, 2022, p.1). De acordo com Casarin et al (2020) a revisão narrativa tem como intuito destacar as principais novidades relacionadas ao tema abordado, podendo descrever o estado atual da temática utilizando a teoria ou o contexto em que o tema trabalhado está inserido. Por outro lado, a revisão sistemática busca realizar uma retrospectiva dos dados obtidos e consolidar descobertas sobre a temática abordada. Por fim, a revisão integrativa tem o objetivo de integrar atualizações provenientes de trabalhos empíricos ou teóricos, sumarizando os resultados adquiridos para auxiliar na compreensão sobre o tema abordado.

Para este TCC, optou-se por utilizar a revisão de literatura integrativa como metodologia norteadora. Alves et al (2022) salientam que esse tipo de revisão se estrutura por procedimentos claros, visando identificar as principais tendências, sintetizar os resultados obtidos e abranger trabalhos científicos de várias fontes. Ademais, a seleção dos trabalhos é orientada por uma questão norteadora mais ampla em comparação com a metodologia utilizada na revisão sistemática. Além disso, é importante ressaltar que a revisão de literatura integrativa fornece uma visão ampla sobre uma temática/problema específico, embasando-se em estudos científicos e propiciando uma conclusão generalista sobre o tema abordado na revisão.

  • IDENTIFICAÇÃO DO TEMA E SELEÇÃO DA QUESTÃO DE PESQUISA

A elaboração desta revisão estruturou-se em torno da estratégia PICO, que consiste em um acrônimo separado em letras que representam respectivamente: P – corresponde à paciente, população ou problema, I – refere-se a intervenção, C – comparação e O – outcome/resultados (Ercole; De Melo; Alcoforado, 2014, p.13). Essa estratégia é utilizada para construir questões acerca de diversos temas como saúde humana, recursos humanos e gestão de materiais. A construção de uma pergunta bem elaborada permite a delimitação correta das informações obtidas para a resolução da questão norteadora, auxilia no processo de recuperação de evidências sobre a temática nas diversas bases de dados, além de evitar a fuga da temática proposta e de buscas ineficazes (Santos; Pimenta; Nobre, 2007).

Nessa revisão, o problema refere-se ao crescente aumento no número de bactérias resistentes à antibióticos. Nesse sentido, questões norteadoras foram levantadas: A intervenção corresponde à utilização de extratos obtidos através da planta Psidium guajava como agente antibiótico natural?; A comparação abrange a eficácia dos extratos comparados com alguns antibióticos utilizados para combater bactérias patógenas. O outcome foi a análise do uso dos extratos como base para a fabricação de antibióticos para combater a resistência antibiótica. Desse modo, o presente estudo surgiu a partir da seguinte questão: O uso dos extratos de Psidium guajava são promissores para serem utilizados na produção de novos antibióticos capazes de serem tão eficazes quanto os antibióticos convencionais?

O quadro 1 abaixo, demonstra a escolha dos descritores e palavras-chave, utilizando a estratégia PICO, para a posterior busca de trabalhos científicos.

 

Quadro 1: Escolha dos descritores.

ESTRATÉGIA PICO

DESCRITORES/PALAVRAS-CHAVE

P – Problema: bactérias resistentes à antibióticos

“Resistant Bacteria” OR “Bacteria”

I – Intervenção: Uso do extrato da Psidium guajava

“Guava”

C – Comparação: Antibióticos x extrato

“Antibiotics”

O – Outcome: efeito antimicrobiano e potencial do extrato como base para novos fármacos

“Antimicrobial Agent” OR “Antimicrobial Activity” (Palavra-chave)

Fonte: Elaborado pelo autor.

  • ESTABELECIMENTO DAS BASES DE DADOS E BUSCA INICIAL DOS ARTIGOS

A pesquisa dos artigos científicos realizada entre os meses de maio a julho de 2024 foi conduzida através das seguintes bases de dados: Publisher Medline (PubMed), Google Acadêmico e o Scientific Electronic Library Online (SciELO). Para a realização da pesquisa dos trabalhos científicos foram utilizados uma palavra-chave e descritores previamente selecionados nos Descritores em Ciências da Saúde (DeCS) e sendo apresentados conforme o Quadro 2.

Quadro 2: Etapa de seleção dos artigos

BASE DE DADOS

ESTRATÉGIA DE BUSCA

PubMed

“Guava” [All Fields] AND “Antibiotics” [All Fields] OR “Antimicrobial Agent” [All Fields] AND (“2020:2024”[PDat])

Google Acadêmico

“Guava” AND “Antimicrobial Activity” AND “Bacteria” (2020-2024)

SciELO

“Guava” AND “Resistant Bacteria” OR “Bacteria”

Fonte:  Elaborado pelo autor.

Após as buscas, 2.582 artigos foram encontrados. Ao juntar os artigos de todas as bases de dados, foi gerado um arquivo que foi exportado para o gerenciador de referências Zotero, para excluir os artigos duplicados. A seleção ocorreu através da leitura dos títulos e resumos pelo autor, por meio do programa de revisão gratuito Rayyan Qatar Computing Research Institute (Rayyan QCRI), resultando em 2.482 artigos para a etapa de elegibilidade. Destes, a partir da leitura dos títulos e resumos, 2.452 trabalhos científicos foram excluídos por não atenderem o intuito da revisão integrativa.

  • DELIMITAÇÃO DOS CRITÉRIOS E SELEÇÃO DOS ESTUDOS CIENTÍFICOS

Na etapa de elegibilidade dos artigos para a revisão integrativa, foi realizada uma análise crítica na íntegra dos 30 artigos selecionados, pelo pesquisador, com o auxílio do Rayyan QCRI. Os critérios de inclusão estabelecidos foram: O uso de artigos completos em inglês ou português, disponibilizados de forma gratuita, publicados em revistas científicas nos últimos cinco anos (2020-2024). Além disso, também foram definidos critérios de exclusão: Artigos indisponíveis gratuitamente, trabalhos científicos em duplicatas, revisões de literatura, dissertações, teses e artigos que não correspondiam à questão norteadora da pesquisa. Dos artigos selecionados, 21 não se enquadraram com o objetivo proposto pela pesquisa e foram excluídos, resultando em 9 artigos para a elaboração da revisão integrativa. Todo o processo das etapas desde a identificação até a inclusão encontra-se na Figura 1.

A análise dos artigos incluídos para a revisão se iniciou com a tradução, leitura e interpretação dos resultados obtidos. Para a caracterização dos artigos foram extraídas as seguintes informações: título, país da realização do estudo, objetivo, resultado e delineamento metodológico do trabalho científico. Em seguida, foi realizada a síntese dos extratos e antibióticos utilizados nos experimentos científicos, bem como das principais bactérias usadas para testar a eficácia dos extratos e compará-los ao efeito observado dos antibióticos.

 

 

 

Figura 1. Fluxograma do processo de seleção dos artigos.

Fonte:  Elaborado pelo autor.

Resultados

Com base na busca realizada nos portais de dados e de acordo com os critérios de inclusão e exclusão pré-estabelecidos, 9 (100%) artigos foram obtidos. Dentre eles, o Reino Unido e os Estados Unidos se destacam por serem os mais representativos em comparação com os demais, representando 22,22% respectivamente em cada país.

Figura 2. Publicações por país.

Fonte:  Elaborado pelo autor.

Em relação à tipologia da metodologia da pesquisa, notou-se que os 9 artigos (100%) escolhidos são estudos experimentais. Além disso, o quadro 3 dispõe de informações básicas sobre cada artigo: Nome dos autores, objetivo e método de pesquisa utilizado.

Quadro 3. Informações acerca da autoria, objetivo e método de cada artigo.

ID

Autores

Objetivo

Método

A1

Serunjogi D; Muwonge K.

Investigar a atividade antimicrobiana do extrato da folha da goiaba e de fármacos sintéticos comerciais selecionados no mercado contra bactérias isoladas no Hospital Kisubi, Uganda.

Estudo experimental

A2

Pereira G. A. et al.

Analisar a capacidade antimicrobiana de extratos aquosos de folhas de goiaba no combate às bactérias típicas e das cepas bacterianas resistentes.

Estudo experimental

A3

Azizan, N. A. et al.

Determinar a atividade antimicrobiana do extrato metanólico da Psidium guajava contra bactérias patogênicas de origem alimentar e delimitar a concentração mínima inibitória (CIM) da P. guajava.

Estudo experimental

A4

Sultana, C. et al.

Investigar a atividade antibacteriana, analgésica e antioxidante de diferentes frações do extrato metanólico da P. guajava.

Estudo experimental

A5

Festus F. I.; Goodness, O. O.; Temilade O. P.

Investigar o efeito de diferentes solventes utilizados para a extração na atividade antimicrobiana das folhas de Psidium guajava contra algumas bactérias multirresistentes em infecções nosocomiais.

Estudo experimental

A6

Ratnakaran, P. et al.

Avaliar a eficácia de extratos obtidos das folhas da P. guajava feitos com solventes aquosos (água destilada) e solventes orgânicos (metanol) na inibição do crescimento das bactérias Escherichia coli e Staphylococcus aureus.

Estudo experimental

A7

Oncho, D. A.; Ejigu, M. C.; Urgessa, O. E.

Exibir e quantificar os componentes secundários principais e avaliar a atividade antibacteriana das folhas e cascas da goiaba coletadas nos distritos de Gursum e Babile, em Oromia (Etiópia)

Estudo experimental

A8

Raj, A.; Menon, V.; Sharma N.

Avaliar a atividade fitoquímica, antimicrobiana, antioxidante e citotóxica dos extratos feitos de folhas de P. guajava com solventes distintos.

Estudo experimental

A9

Mitra, S.; Hodiwala, A. V. B.; Kar H.

Avaliar o sinergismo in vitro entre extratos obtidos de folhas de goiaba e antibióticos na E. coli uropatogênica (UPEC), utilizando a concentração mínima inibitória (CIM) e o método Kirby-Bauer.

Estudo experimental

Fonte: Elaborado pelo autor.

Considerando o ano de publicação dos artigos selecionados, 2020 se destaca por representar 66,67% dos artigos encontrados. Os 9 artigos selecionados estavam disponíveis em inglês, como pode ser observado na figura 3.

Figura 3. Ano de publicação dos artigos.

Fonte:  Elaborado pelo autor.

 

A partir do quadro 4, pode-se observar informações relacionadas ao título, periódico, ano, país da publicação e idioma. Verifica-se que os artigos selecionados são diversificados em seus periódicos de publicação, visto que não houve a escolha de artigos diferentes de um mesmo periódico.

Quadro 4. Informações acerca dos autores, títulos, periódicos, ano da publicação, país e idioma dos artigos selecionados.

ID

Autores

Título

Periódico

Ano

País

Idioma

A1

Serunjogi D; Muwonge K.

Antimicrobial activity of Guava tree (Psidium Guajava) leaf extract and selected Commercial Antibiotics on Bacterial isolates from Kisubi Hospital

Student’s Journal of Health Research Africa

2020

África

Inglês

A2

Pereira G. A. et al

Antimicrobial Activity of Psidium guajava Aqueous Extract against Sensitive and Resistant Bacterial Strains

Microorganism

2023

Suíça

Inglês

A3

Azizan, N. A. et al.

Antimicrobial activity of psidium guajava leaves extract against foodborne pathogens

 

International Journal of Psychosocial Rehabilitation

2020

Reino Unido

Inglês

A4

Sultana, C. et al.

Antioxidant, analgesic and antimicrobial activities of different fractions from methanolic extract of psidium guajava l. Leaves

International Journal of Pharmaceutical Sciences and Research

2020

Reino Unido

Inglês

A5

Festus F. I.; Goodness, O. O.; Temilade O. P.

Effect of different extraction solvents on the antimicrobial activity of psidium guajava (guava) leaves against multi-drug resistant bacteria implicated in nosocomial infections

The International Journal of Biotechnology 

2020

Estados Unidos

Inglês

A6

Ratnakaran, P. et al.

Phytochemical and antimicrobial activities of leaf extract of Guava (Psidium guajava L.)

The International Journal of Applied Research

2020

Índia

Inglês

A7

Oncho, D. A.; Ejigu, M. C.; Urgessa, O. E.

Phytochemical constituent and antimicrobial properties of guava extracts of east Hararghe of Oromia, Ethiopia

Clinical Phytoscience

2021

Alemanha

Inglês

A8

Raj, A.; Menon, V.; Sharma N.

Phytochemical screening, antimicrobial, antioxidant and cytotoxic potential of different extracts of Psidium guajava leaves

Vegetos

2020

Singapura

Inglês

A9

Mitra, S.; Hodiwala, A. V. B.; Kar H.

Susceptibility and Synergistic Effects of Guava Plant Extract and Antimicrobial Drugs on Escherichia coli

Cureus

2024

Estados Unidos

Inglês

Fonte:  Elaborado pelo autor.

A figura 4 contém os principais extratos usados nas pesquisas experimentais. Um total de vinte e sete extratos foram encontradas nos trabalhos científicos escolhidos, dentre os extratos, os que detinham maior frequência foram: Metanol (25,93%) e água destilada (22,22%).

A figura 5 mostra a frequência das bactérias que foram utilizadas nos estudos. Um total de quarenta bactérias foram encontradas nas pesquisas que serviram de base para a revisão, dentre elas as que mais se destacaram foram: Staphylococcus aureus (22,85%), Escherichia coli (17,14%) e Pseudomonas aeruginosa (8%).

 

 

Figura 4. Distribuição dos extratos utilizados nos trabalhos selecionados.

Fonte:  Elaborado pelo autor.

Figura 5. Distribuição das bactérias utilizadas nos artigos selecionados.

Fonte: Elaborado pelo autor.

Além disso, a partir da figura 6 pode-se observar os antibióticos que foram utilizados como controle positivo (comparação) nos artigos escolhidos para essa revisão. Trinta e cinco antibióticos foram utilizados nas pesquisas e os que obtiveram maior destaque foram: Gentamicina (11,43%), Ciprofloxacino (8,57%) e Nitrofurantoína (8,57%). É importante ressaltar que nos trabalhos A1, A5 e A9 houve a utilização de combinações de antibióticos diferentes. Além disso, os autores do A2 não especificaram o grupo de controle positivo utilizado no experimento.

Figura 6. Distribuição dos antibióticos usados como controle positivo nos artigos selecionados.

Fonte:  Elaborado pelo autor.

Legenda: Amoxilina + CP = Amoxicilina + Clavulanato de potássio; Sulfametoxazol + T = Sulfametoxazol + Trimetoprima

Discussão

Com os resultados obtidos, observa-se que o extrato metanólico demonstra ser o mais promissor e eficaz em relação ao efeito antimicrobiano quando comparado aos outros extratos. Visto que, de acordo com Raj, Menon e Sharma (2020) o extrato metanólico apresentou zona inibitória máxima (12.5±3.53 mm) contra a P. aeruginosa em relação a outros extratos utilizados no estudo. Corroborando para demonstrar a eficácia do uso do extrato metanólico, Serunjogi e Muwonge (2020) constataram que os extratos das folhas da goiaba com concentrações variáveis de metanol à 30%, 50% e 70% inibiram o crescimento bacteriano da S. pneumoniae com dois halos de inibição medindo 14mm, 16mm e 13mm respectivamente. Além disso, Ilesanmi, Opeyemi e Praise (2020) apontaram que os extratos metanólicos de Psidium guajava mostraram zona de inibição máxima (10.0±mm) contra E. coli em todas as concentrações testadas no estudo.

No entanto, outros extratos de Psidium guajava também demonstraram grande ação antimicrobiana. No estudo de Pereira et al (2023), evidenciou-se que o extrato aquoso, na concentração de 11.4 mg/mL, obtido a partir das folhas da goiaba tiveram efeito antimicrobiano contra S. aureus (16.0 ± 0 mm), S. aureus resistente à meticilina (18.0 ± 3.46 mm), S. pseudintermedius (18 mm ± 0) e S. pseudintermedius resistente (17.3 mm ± 1.15). Ademais, Oncho, Ejigu e Urgessa (2021) ressaltaram que os extratos etanólicos extraídos das folhas de goiaba em Babile mostraram zonas inibitórias máximas contra S. Typhi (8.7 ± 1.01 mm), S. boydii (13.0 ± 6.79 mm) e E. faecalis (10.7 ± 1.59 mm), enquanto os extratos obtidos da casca da goiabeira em Gursum demonstraram zona de inibição máxima contra S. aureus (10.0 ± 1.00 mm).

Com os resultados obtidos, observa-se que as bactérias gram-negativas apresentam maior resistência em comparação com as bactérias gram-positivas. Pois, Sultana et al (2020) salientaram que as frações HPG, CLPG e ET APG obtidas de MPG exibiram ação antimicrobiana com zonas de inibição medindo 13-18 mm em bactérias gram-positivas e 7-11 mm em bactérias gram-negativas, demonstrando serem mais eficazes no combate à bactérias gram-positivas. Corroborando para evidenciar a resistência encontradas nas bactérias gram-negativas, Azizan et al, (2020) enfatizaram que os extratos testados não mostraram inibição no crescimento de bactérias gram-negativas (E. coli ATCC 25922 e S. typhimurium ATCC 14028) na concentração de 500 mg/ml. Além disso, os resultados permaneceram idênticos, mesmo após o aumento da concentração dos extratos para 700 mg/ml e 1000 mg/ml. A resistência das bactérias gram-negativas pode ser causada por características relacionadas à cápsula, fatores genéticos ou a permeabilidade da membrana das células. As propriedades encontradas em superfícies bacterianas são determinadas pela composição de suas membranas plasmáticas e paredes celulares e por estruturas localizadas na superfície que exercem funções como flagelos, fímbrias e cápsulas.

Em comparação com o uso de antibióticos no combate às bactérias, Oncho, Ejigu e Urgessa (2021) destacaram que os extratos de Psidium guajava foram menos eficazes em relação ao uso do antibiótico ciprofloxacino que demonstrou a maior zona inibitória contra todos os isolados do estudo. Em contrapartida, Ratnakara et al (2020) apontaram que os extratos metanólicos (50 mg/ml) e de água destilada (30 mg/ml) mostraram zonas de inibição de 16mm de diâmetro, enquanto o antibiótico Gentamicina (50 mg/ml) demonstrou zona inibitória de 20 mm de diâmetro, indicando que a ação inibitória dos extratos de Psidium guajava foi comparativamente maior do que o efeito observado com o uso da Gentamicina. Além disso, no estudo de Mitra, Hodiwala e Kar (2024) constatou-se que os antibióticos tobramicina, ofloxacino e amicacina demonstraram sensibilidade de 76% e 70% respectivamente contra a E. coli sem a combinação com os extratos de goiaba. Porém, a junção do extrato de Psidium guajava e do antibiótico ofloxacino demonstrou 100% de sensibilidade, apontando efeito sinérgico no uso desses dois agentes antimicrobianos.

Além da atividade antimicrobiana mostrada nos estudos anteriores, os extratos de Psidium guajava exibem outros efeitos relevantes para a medicina. Pois, no estudo de Raj, Menon e Sharma (2020) observou-se que em uma concentração de 100 ug/mL, os extratos de acetona (41%), clorofórmio (40%) e n-butanol (35.9%) apresentaram um alto nível de eliminação de radicais livres. Além disso, Sultana et al (2020) ressaltaram que as frações HPG, CLPG e ET APG numa dose de 400 mg/kg inibiram respectivamente, 56.1%, 60.51% e 70.12% aos efeitos causados por contusões, enquanto o diclofenaco sódico demonstrou 77.22% de inibição. Logo, percebe-se que as frações HPG, CLPG e ET APG exerceram redução significativa na dor induzida pelo ácido acético quando comparados ao grupo de controle.

Com isso, observa-se o potencial uso dos extratos de Psidium guajava para a produção de fármacos antibacterianos. Corroborando para destacar esse potencial, Oncho, Ejigu e Urgessa (2021) apontaram que a presença de fitoquímicos dos extratos da folha e da casca da Psidium guajava retiradas das regiões de Babile e Gursum pode ser responsável pelo efeito inibitório observado em bactérias patógenas entéricas gram-positivas e negativas testadas no estudo. Portanto, esses extratos podem servir como fonte para fármacos úteis ou serem aplicados na medicina alternativa no tratamento de doenças entéricas. Além disso, segundo Ratnakaran et al (2020), diversos estudos sugerem que produtos isolados de plantas são mais adequados que produtos sintéticos. Portanto, na busca por um antimicrobiano natural para combater patógenos humanos, as folhas de Psidium guajava podem ser um excelente candidato. No entanto, é necessário que haja mais pesquisas para determinar o efeito da Psidium guajava em outras bactérias isoladas.

A respeito das limitações encontradas para elaboração do TCC, observa-se que existem obstáculos em relação à eficácia dos extratos contra bactérias gram-negativas e na aplicação desses extratos na produção de fármacos antibacterianos. Embora que os resultados apontem a eficácia antimicrobiana dos extratos de Psidium guajava e de outras ações de importância médica, faz-se necessário que haja investimentos em pesquisas que elucidem meios para ultrapassar a resistência encontrada em bactérias gram-negativas, bem como estudos que possibilitem a aplicação desses extratos para a construção de fármacos antimicrobianos que possam servir de alternativa aos antibióticos convencionais.

Considerações Finais

Conclui-se que os extratos de Psidium guajava podem ser utilizados como base para produzir novos fármacos antibacterianos, tendo em vista que os antibióticos convencionais se tornam cada vez menos eficazes no tratamento de infecções bacterianas.

Com os resultados dos estudos obtidos, verificou-se que o extrato metanólico foi o mais eficaz se comparado a alguns antibióticos, porém outros extratos foram menos eficazes que os fármacos antimicrobianos. Além disso, percebe-se que as bactérias gram-negativas foram as mais resistentes à ação dos extratos, isso ocorre por características estruturais e genéticas que dificultam o efeito antimicrobiano dos extratos. Logo, é imprescindível que sejam realizadas mais pesquisas para elucidar o potencial dos extratos de Psidium guajava em comparação aos antibióticos tradicionais.

De acordo com o exposto, este TCC serve como base, pois agrupa as principais informações sobre os extratos, seu uso e eficácia, norteando caminhos no grupo de pesquisa para trabalhos futuros visando a utilização desses extratos na fabricação de novos agentes antimicrobianos que sejam tão eficazes quanto os utilizados atualmente.

Referências

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